Você sabia que, diariamente, você enfrenta vários momentos de trade-off? Um trade-off é uma escolha em que, para alcançar um objetivo, precisamos abrir mão de algo para conquistar algo maior, ou seja, fazer algum sacrifício para obter um ganho mais expressivo. Podemos traduzir um trade-off na boa e velha expressão “dar um passo para trás para dar dois para frente”.

Esse tipo de decisão ocorre com frequência em nossas vidas pessoais, mas talvez com frequência ainda maior no mundo empresarial. Para entender melhor como esse tipo de decisão é tomado, continue lendo este artigo.

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O que é um trade-off?

Num jogo de xadrez ou de damas, por exemplo, frequentemente precisamos visualizar algumas jogadas à frente antes de fazermos qualquer movimento. Para ganhar o jogo, às vezes é preciso sacrificar uma peça ou outra. Esse exemplo é uma perfeita metáfora para o trade-off, isto é, para uma atitude estratégica que parece onerosa em curto prazo, mas que produz vantagens que compensam o sacrifício, em longo prazo.

A teoria do trade-off está profundamente atrelada ao conceito de custo de oportunidade, que é o nome técnico dado a esse “sacrifício inicial”. Por exemplo: se você deseja reformar sua casa para que ela fique mais bonita e confortável, precisará arcar com alguns custos de oportunidade, como: dinheiro investido em materiais, pagamento por mão de obra, além dos incômodos característicos de se ter uma obra em casa (desorganização, poeira, barulho etc.).

Estamos abrindo mão de dinheiro e de conforto em prol de uma casa mais bonita, mas que só ficará pronta futuramente.

Trade-off na vida pessoal

PSC

Um exemplo bastante clássico de trade-off na vida pessoal é a relação consumo x lazer. Para que uma pessoa possa comprar aquilo que tanto deseja, ela precisa de dinheiro, o que, na maioria das vezes, depende de horas trabalhadas.

Por isso, se alguém deseja comprar um carro, por exemplo, pode pensar em trabalhar horas extras para aumentar seus rendimentos. Nesse caso, o custo de oportunidade para alcançar esse objetivo seria abrir mão de uma hora com a família, com os amigos ou mesmo descansando, por exemplo.

Em contrapartida, se a prioridade da pessoa é aproveitar seu tempo livre, com bons momentos de lazer, ela pode abrir mão dessa renda a mais, deixando de fazer hora-extra. Nesse caso, a situação se inverte: o objetivo a ser alcançado é um momento de lazer de qualidade, e o custo de oportunidade é abrir mão do dinheiro extra.

Trade-off na vida financeira

No mundo das finanças e dos investimentos, o trade-off é mais regra do que exceção. O exemplo mais óbvio, e também um dos mais difíceis, é o clássico: prazer imediato x objetivo futuro.

Por exemplo: uma pessoa pode gastar seu dinheiro em passeios, viagens, roupas e restaurantes e, claro, sentir-se feliz com isso. No entanto, essa mesma pessoa dificilmente terá reservas de emergência ou algum dinheiro investido num projeto de longo prazo, como a compra de um imóvel.

Em compensação, uma pessoa com mais consciência financeira pode controlar melhor seus gastos para comprar um imóvel à vista, por exemplo. Assim, ela conseguirá sair do aluguel, mas, para isso, precisará reduzir consideravelmente seus gastos com lazer e prazeres imediatos, ao contrário da pessoa do exemplo anterior. Este é o custo da oportunidade.

Aliás, este trade-off é a premissa básica de todo e qualquer investimento. Quando investimos em algo, seja um fundo, ações, debêntures etc., estamos abrindo mão de um dinheiro que temos no momento presente para que possamos usufruir dele no futuro, em maior quantidade (por conta dos rendimentos dos juros).

Trade-off em políticas públicas

No âmbito político, sempre há diversos casos de trade-off. Por exemplo, se um município decide aumentar a quantidade de hospitais, precisará investir uma grande quantia financeira para aumentar sua rede de atendimento. No entanto, a realidade de muitos municípios brasileiros é a de aumentar a cobertura do atendimento, mas, em contrapartida, a qualidade desse atendimento diminui.

Nem sempre os governantes investem em infraestrutura, medicamentos, materiais hospitalares, qualificação de médicos e enfermeiros etc. A cobertura aumenta, mas a qualidade cai. É a relação perde-ganha típica de um trade-off.

Trade-off nas empresas

Nas empresas, o trade-off também é de frequência extrema, e isso acontece praticamente todos os dias, por conta de conflitos que surgem em diferentes contextos. A seguir, você confere alguns dos mais clássicos exemplos de trade-off corporativo:

1. Produção x meio ambiente

Tudo aquilo que é produzido depende de matérias-primas extraídas da natureza. Algumas empresas, porém, ainda não adquiriram consciência sobre a importância da sustentabilidade ambiental. Por conta disso, qualquer tipo de aumento em sua produtividade automaticamente acarreta algum ônus ambiental. Mesmo que seja uma empresa de prestação de serviços, ela consome energia para manter-se funcionando, o que também causa impactos sobre a natureza.

As empresas com maior consciência ecológica, por sua vez, entendem que a reposição dos recursos extraídos da natureza, além de ser a coisa certa a se fazer, também contribui para que a empresa seja mais bem-vista aos olhos do público. Nesse caso, investem em tecnologias e processos menos impactantes à natureza, obtendo em troca maior prestígio junto à sociedade, ao governo e às leis.

2. Participação de mercado x rentabilidade

A dualidade acima é também um clássico trade-off do mundo corporativo. Algumas empresas preferem oferecer seus produtos e serviços por preços um pouco mais baixos. Nessa estratégia, o empresário abre mão de uma rentabilidade maior por venda para que possa aumentar seu alcance no mercado, já que um público de renda mais baixa é impactado.

Em compensação, há empresas que seguem o caminho oposto. Quando percebem que seus produtos ou serviços possuem alta qualidade, essas organizações permitem-se praticar preços mais altos. Nesse caso, porém, elas perdem alcance de mercado, pois concentram seus esforços num público de renda mais alta, em nome de uma rentabilidade maior por venda. Tudo depende da prioridade que a empresa define em suas estratégias de mercado.

3. O falso trade-off da logística

Muitos empresários sem visão holística e sistêmica caem na ilusão de que um aumento na produtividade e na qualidade da produção da empresa sempre consiste em custos aumentados. É um falso trade-off.

Num primeiro momento, isso até pode ser verdade. A empresa tem, de fato, que investir em pesquisas, em novas tecnologias, em contratações, em treinamento de funcionários, em redesenho e integração de processos, em materiais de qualidade superior, em marketing, em satisfação do cliente, enfim, em diversos aspectos que norteiam a vida da organização.

No entanto, seja por imediatismo ou por preguiça de fazer as contas, alguns empresários entendem que esse tipo de investimento não é válido. Ocorre, porém, que, em longo prazo, a empresa realmente pode otimizar seus processos, acelerar a produção e confeccionar produtos de qualidade superior, satisfazendo e fidelizando cada vez mais seus clientes.

A otimização dos recursos reduz a ocorrência de erros e de retrabalhos, o que, com o passar do tempo, se reflete numa diminuição de custos que compensa os investimentos iniciais.

Em conclusão, o trade-off nada mais é do que uma escolha difícil, em que é preciso abrir mão de algo bom para conseguirmos algo ótimo. São decisões complexas, mas que fazem parte da vida, como você pôde perceber nos diferentes exemplos acima. Que nunca falte sabedoria e discernimento para que você possa perceber quando uma pequena derrota momentânea pode significar uma grande vitória no futuro.

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