“O inferno são os outros”, já dizia o filósofo e escritor francês Jean-Paul Sartre. Essa frase exemplifica o maior obstáculo da vida humana: o conflito de interesses com as outras pessoas.

Naturalmente, todos nós, seres humanos, somos projetados para defender a nossa vida, os nossos interesses e os nossos pontos de vista. Cuidar de nós mesmos, além de nos aproximar da felicidade, é um sinal de sanidade mental.

Mas até que ponto devemos defender o que é nosso? Se cada pessoa fizer isso de forma extrema, não estaremos todos condenados a um eterno embate? Em resumo: até que ponto podemos nos proteger, sem que sejamos considerados egoístas ou egocêntricos? Confira essa discussão no artigo a seguir.

O que é egoísmo?

O egoísmo é a tendência de valorizar o próprio ego, isto é, de colocar-se sempre em primeiro lugar, muitas vezes em detrimento das outras pessoas. Em outras palavras, o egoísta é aquele que pensa apenas em si, ou mais em si do que nos outros.

Trata-se de um conjunto de hábitos decorrentes de um traço de caráter. O indivíduo considera que os seus interesses, desejos, necessidades e opiniões devem ser prioridade. Por este motivo, as pessoas com esse perfil também podem manifestar traços de arrogância, inflexibilidade, orgulho ou presunção.

Há controvérsias entre os cientistas sobre o fato de o egoísmo possuir origens genéticas ou ambientais. Em geral, as crianças tendem a ser mais imediatistas e egoístas, pois ainda não adquiriram a noção de que o outro também tem vontade de ser feliz, e que, enquanto sociedade, nós precisamos conciliar os nossos interesses com os dos outros.

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Contudo, quando nos deparamos com um adulto egoísta, estamos diante de alguém que simplesmente não saiu dessa fase infantil, ao menos mentalmente.

O egoísmo é considerado um comportamento imoral, que contraria a maior parte das condutas básicas de bom relacionamento e também dos preceitos de diferentes religiões.

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Qual a diferença entre egoísmo e egocentrismo?

O egoísmo e o egocentrismo são termos muito confundidos na sociedade e até mesmo aparecem como sinônimos em muitos dicionários. De fato, esses dois conceitos têm muito em comum, sobretudo a exaltação do “ego”, isto é, do “eu”.

O egoísta é, como citamos anteriormente, uma pessoa que tende a defender os seus interesses diante do outro, podendo ou não prejudicar os demais. A linha entre defender a si mesmo e agir com egoísmo é muito tênue, e nem sempre as atitudes ficam claras. Uma ação pode ser interpretada como defesa individual ou como egoísmo, dependendo do ponto de vista.

No caso do egocentrismo, o problema vai além. O indivíduo não apenas preocupa-se com as suas necessidades mais do que com as do outro, como também acredita verdadeiramente que ele deve ser o centro das atenções. Ninguém é tão digno de receber atenção, respeito e benefícios quanto ele. É como se o mundo girasse ao seu redor, e todos os outros devessem agir de acordo com as suas ideias.

Apesar das sutis diferenças, é fato que o egoísmo e o egocentrismo são considerados sinônimos na prática.

Quais são os traços de uma personalidade egoísta?

Independentemente da palavra que você escolha utilizar — egoísta ou egocêntrico — o fato é que as pessoas com esse perfil exibem alguns pensamentos e comportamentos típicos, desde a infância.

Elas têm dificuldade de compartilhar o que é delas, são vaidosas, não gostam de demonstrar fraqueza, são competitivas, desvalorizam a opinião do outro e consideram que aquilo que têm a dizer é sempre mais importante ou correto. Mesmo quando realizam alguma boa ação na direção de alguém, isso é feito com o objetivo de tirar algum proveito da situação, nem que seja simplesmente receber elogios.

Além disso, pessoas com esse perfil estão sempre à espera de que os outros façam as coisas por elas, mas quase nunca estão dispostas a fazer o mesmo pelos outros. São indivíduos com uma dificuldade enorme em reconhecer as próprias falhas e erros. Por isso, não reagem bem às críticas (mesmo as bem-intencionadas) e atribuem culpas a terceiros sempre que possível.

Elas também fogem de responsabilidades, não são humildes, não pedem desculpas, apontam os erros dos outros e têm dificuldade de perdoar. Por fim, fazem tudo isso sem ter a consciência de que estão sendo egoístas. Acreditam que todo mundo age dessa forma e que, portanto, não precisam mudar.

Quais são as consequências do egoísmo?

Naturalmente, é difícil conviver com uma pessoa com as características citadas acima. Esse jeito de ser que despreza as necessidades do outro produz consequências negativas em diferentes áreas da vida do indivíduo e das pessoas ao seu redor.

  • Na vida amorosa

Um relacionamento amoroso de sucesso é aquele em que há equilíbrio. Para que isso ocorra, as duas partes envolvidas precisam ceder para se encontrar num meio-termo, especialmente diante de opiniões opostas. O egoísta não tem essa consciência. Ele vai querer que tudo seja do jeito dele, ou ameaça acabar com a relação.

É o egoísta quem decide a decoração da casa, o filme a que o casal vai assistir, a quantidade de filhos que os dois terão, o passeio do próximo sábado, e por aí vai. Além disso, esse indivíduo geralmente cobra muita atenção e declarações de amor, mas não se preocupa em retribuir. Em longo prazo, é natural que as pessoas queiram se afastar de alguém assim.

  • Nas amizades

Assim como o egoísmo afeta a vida de um casal, o mesmo pode ser dito de um círculo de amigos. A essência da amizade é a cooperação, isto é, a ajuda mútua. Não basta que amigos compartilhem os momentos de felicidade, mas também que estendam as mãos uns aos outros nos momentos difíceis.

O indivíduo egocêntrico vai sempre cobrar os amigos, pedir favores, solicitar satisfações, mas sem a menor preocupação em retribuir tudo isso. Ele não tem a consciência de que, para que a amizade seja longeva, ele também precisa fazer a sua parte. Por este motivo, pessoas egoístas estão sempre “trocando” de amigos, já que eles tendem a se afastar quando descobrem esse lado do seu caráter.

  • Na vida profissional

Por fim, a vida profissional também pode ser um verdadeiro campo de batalha de indivíduos egoístas. Como citamos anteriormente, essas pessoas estão sempre colocando os seus interesses à frente dos interesses dos colegas. Por isso, diante de uma possibilidade de promoção, de aumento salarial ou de alguma atividade que ofereça destaque, as pessoas egoístas fazem de tudo para serem as escolhidas.

Isso não necessariamente quer dizer que esse indivíduo vá fazer mal a alguém, embora possa acontecer. Além disso, as pessoas egoístas estão sempre pedindo ajuda, empurrando tarefas e deixando de assumir obrigações no ambiente de trabalho. Contudo, não gostam de retribuir os favores que recebem.

Como é possível perceber, o comportamento egoísta é um reflexo de um caráter infantil, que pode ter origens genéticas ou ambientais. Ele pode ser considerado um sinônimo de egocentrismo e provoca consequências catastróficas em sua vida pessoal, social e profissional.

Embora se tenha a ilusão de que as pessoas egoístas sempre “se dão bem” na vida, isso nem sempre ocorre. Todos nós precisamos uns dos outros para alcançarmos os nossos objetivos, o que exige um mínimo de empatia e de altruísmo. Portanto, se você deseja ser feliz, procure manter um bom convívio com aqueles que estão ao seu redor, respeite os direitos do outro e seja humilde.

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