Desde que nascemos, adquirimos e desenvolvemos a nossa personalidade, isto é, o conjunto de nossas características, temperamentos, dons, habilidades, enfim, jeitos de ser. Cada indivíduo é único e, ainda que alguns tenham personalidades parecidas, uma nunca é 100% igual à outra.

Esse jeito único é o que torna viver tão especial. Saber que não há ninguém igual a nós é o que nos inspira a trilhar nossos próprios caminhos, com coragem, convicção e autonomia.

No entanto, surgem alguns questionamentos em determinadas ocasiões: quem sou eu? Do que eu gosto? O que eu espero para o meu futuro? O que eu estou fazendo com a minha vida? Eu estou no caminho da felicidade? É diante desses questionamentos que surge a chamada crise de identidade.

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Crise de identidade

A crise de identidade ocorre quando nos sentimos distanciados de nós mesmos, como se fôssemos estranhos à nossa própria existência. Ela surge quando damos um “pause” na vida e começamos a questionar as coisas mais básicas, que até então não pareciam tão complexas:

  • Quem sou eu?
  • De onde eu vim?
  • Para onde vou?
  • O que eu sei fazer?
  • O que eu gosto de fazer?
  • O que me faz feliz?
  • Por que eu estou neste mundo?

Em determinados momentos da vida, fazemos essas perguntas a nós mesmos para que sejamos capazes de identificar se estamos mesmo no caminho que nos conduz à felicidade. Esses momentos podem ser bastante dolorosos, pois nos sentimos perdidos, sem saber o que fazer ou para onde ir.

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No entanto, eles também apresentam um lado positivo, que é o de nos aprofundarmos nesses questionamentos. Quando as pessoas se permitem fazer reflexões do tipo, elas deixam sua mente mais “calibrada” para encontrar as respostas que mais fazem sentido. Quem nunca tem crises de identidade, no entanto, pode estar vivendo sobre uma falsa segurança, que na verdade é uma identidade superficial que a pessoa tomou para si, sem ter refletido se essa identidade a faz verdadeiramente feliz.

Os momentos críticos

As pessoas podem vivenciar crises de identidade em absolutamente qualquer ponto da vida. No entanto, há dois períodos em que elas são mais comuns, de acordo com os especialistas: a adolescência e os 40 anos de idade.

Na adolescência, o indivíduo está abandonando os padrões da infância e descobrindo-se como adulto — o que ocorre física e emocionalmente. É nessa fase que o indivíduo começa a manifestar suas preferências, gostos, opiniões, aptidões profissionais, sonhos, estilos de vida. Ao mesmo tempo em que descobre sua individualidade, o adolescente sente-se inseguro, pois a opinião dos colegas e a necessidade de pertencimento a um grupo são importantes para sua vida.

Já aos 40 anos, a crise pode ressurgir, de forma diferente. O adulto pode não ter a mesma insegurança de um adolescente, mas começa a se questionar se tomou as decisões certas em sua vida. “Será que sou feliz no meu casamento?” “Será que devo mudar de profissão?” “É essa a vida que eu queria na juventude?”. Esses são alguns dos questionamentos mais comuns nessa fase.

Na adolescência, o jovem está encontrando o seu caminho. Aos 40, o adulto se pergunta se está no caminho certo ou se é melhor encontrar outro que o deixe mais feliz. Entretanto, saiba que crises existenciais podem surgir em qualquer idade, e não apenas nessas duas.

O lado ruim

Como o próprio nome indica, uma crise de identidade é uma crise, ou seja, uma manifestação de sentimentos desagradáveis. Independentemente da idade em que elas surgem, se há algo comum a todas as crises de identidade é a instabilidade emocional. O indivíduo passa a se questionar, a sentir-se distante de sua ideia de felicidade, a perguntar-se se seus amigos são amigos de verdade, a analisar sua trajetória profissional, a questionar se seus planos para o futuro são alcançáveis etc.

O lado ruim desses questionamentos é que eles podem fazer com que duvidemos de nós mesmos e de nossas próprias capacidades. Podemos nos sentir inseguros, incapazes, confusos, perdidos, cheios de dúvidas, arrependidos, ou mesmo desejando voltar ao passado.

A verdade é que essa busca por nosso verdadeiro “eu” é uma constante em nossas vidas. Nós não somos máquinas, somos pessoas que precisam ver sentido em tudo aquilo que fazemos. Às vezes, essa angústia cresce demais, adquirindo a forma das crises. Isso pode nos levar a uma sensação de vazio, ou mesmo a determinados quadros depressivos ou ansiosos.

Quando isso acontecer, não hesite em procurar ajuda, mas saiba que as respostas estão sempre dentro de você. Para que você não diga que uma crise de identidade é algo terrível, porém, fique sabendo que ela também tem suas vantagens.

O lado bom

O escritor português José Saramago nasceu numa família muito simples, de agricultores. Viveu em dificuldades financeiras, teve complicações para conseguir estudar e, por muito tempo, trabalhou como serralheiro mecânico, funcionário administrativo e técnico editorial.

No entanto, ele sentia dentro de si, desde a adolescência, um verdadeiro fascínio por livros. Em crise, arriscou-se a escrever alguns romances. Já tinha 60 anos quando sua carreira como autor despontou. A partir de então, conseguiu publicar livros que ficaram muito famosos, até que, em 1998, conquistou o prêmio Nobel de literatura.

O exemplo de Saramago mostra que nunca é tarde para encontrarmos um sentido maior em nossas vidas; algo que nos faça verdadeiramente felizes. As crises de identidade estimulam o pensamento e a reflexão, até que encontremos aquele estilo de vida que faz com que nos sintamos completos.

Algumas pessoas adquirem esse sentido quando encontram uma profissão, um hobby, um esporte, uma religião, uma filosofia, enfim, algo que preencha suas vidas de sentido. Não há respostas certas ou erradas, mas há aquela que faz sentido para você. Sem passar por essas crises, nós não faríamos esse tipo de questionamento, não revisaríamos nossos conceitos e crenças e não permitiríamos que transformações positivas ocorressem conosco.

Essa é a beleza das crises, elas permitem o diagnóstico dos problemas e a procura por sua solução. As crises de identidade são como a metamorfose que transforma as lagartas em borboletas. São períodos conturbados, cheios de transformações, muitas vezes complicadas, mas que permitem que uma versão melhor e mais feliz de nós mesmos venha à tona.

Lidando com o “problema”

Uma crise de identidade pode parecer um problema, mas na verdade é uma fase pela qual todos nós passamos de vez em quando. Por meio dessas crises, refletimos para confirmar nosso propósito de vida ou para recalcular a rota, encontrando um novo propósito que traga mais sentido às nossas existências.

Nesses momentos de dúvidas, o importante é olhar para dentro, ou seja, investir no autoconhecimento. Praticar a meditação, desenvolver a espiritualidade, viajar, conhecer novas culturas e arriscar-se em atividades que você nunca fez são boas sugestões para “se encontrar”. Na vida, as pessoas só descobrem aquilo que lhes faz bem quando experimentam. Por isso, a palavra-chave dos períodos de crise é exatamente esta: experimentação. Experimente os diferentes caminhos que encontrar, até que você descubra qual deles o conduz a um destino feliz.

Você também deve apostar no poder de uma leitura edificante, de uma conversa construtiva com amigos e familiares, ou mesmo partir em busca de um auxílio profissional. Psicólogos e coaches têm vasta experiência e técnicas adequadas para ajudar o indivíduo a entender qual é a sua missão de vida e como concretizá-la. Não tenha medo ou vergonha de pedir ajuda. Isso é um sinal de que você está realmente disposto a ser feliz e a não fazer de sua vida um período vazio.

Mudar faz bem

Por fim, lembre-se de que crises e transformações são necessárias de tempos em tempos. Por meio delas, nos desfazemos do que nos faz mal ou do que já não faz mais sentido para nós, adquirimos novos saberes e conservamos apenas o que nos faz bem. Como diz a música de Raul Seixas, “prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.

Mudar é progredir, desde que saibamos o que queremos. E você, tem se permitido viver e superar suas crises? De que maneira? Se você gostou desta reflexão, deixe seu comentário no espaço abaixo. Além disso, não se esqueça de compartilhar este artigo com seus amigos, colegas e familiares.