Como superar a depressão sem pedir ajuda para ninguém? Essa talvez seja uma pergunta que você, que possui a doença, já se fez. Isso acontece, podemos supor, porque a doença é ainda vista como algo menor, ao lado de todas as outras doenças psicológicas.

Os transtornos psicológicos possuem um estigma social como algo que pode ser facilmente resolvido, como se o doente pudesse levantar da cama em um passe de mágica e voltasse a ter interesse pelas coisas como tinha antes de aparecerem os sintomas.

Além disso, o indivíduo que começa a sentir os sintomas da depressão ou da ansiedade se vê, muitas vezes, envolto por diagnósticos precipitados e prescrições de medicamentos que, dependendo do caso, ainda não são necessárias.

Por mais que tenha aumentado o número de pesquisas a respeito dos efeitos das doenças psicológicas na rotina das pessoas, ainda é muito grande a depreciação pela qual passam as pessoas que possuem a doença, podendo até evitar conversar com outras pessoas a respeito ou procurar a ajudar em momentos de grandes crises.

Todo esse quadro pode levar a uma depressão grave ou severa, que é caracterizada principalmente por constantes pensamentos negativos envolvendo morte e suicídio. Nesse ponto, a dor é tão grande que não há nada no mundo que possa diminuí-la, somente a não existência.

A depressão é uma doença que merece o devido respeito, atenção e cuidado, e precisa de tratamento para que os sintomas sejam controlados e que seus efeitos não tornem os depressivos impotentes e incapazes de fazer qualquer tipo de atividade. O uso de medicamentos prescritos e o acompanhamento psicoterapêutico são as medidas mais indicadas nessa situação.

Contudo, e respondendo à dúvida feita no início, é muito difícil superar a depressão sozinho, mas é possível tomar atitudes e realizar tarefas que, aliadas ao tratamento, irão contribuir significativamente para a melhora dos sintomas. As seguintes práticas podem ser feitas em qualquer lugar e têm como objetivo melhorar a qualidade de vida de qualquer pessoa, principalmente daqueles que estão em busca de um motivo para continuar vivendo.

  • Exercício físico: quantas vezes, até nos dias bons, não tivemos de nos forçar a fazer uma atividade física? O mesmo acontece com os pacientes com depressão, mas de um jeito bem mais severo. Por isso, é preciso voltar a realizar atividades que nos dão prazer. Dessa forma, escolha a atividade que mais te agrada (nadar, andar de bicicleta, dançar, caminhar, correr, jogar futebol, etc) e volte à prática.
PSC

As atividades físicas são importantes, pois liberam endorfinas e aumentam os níveis de serotonina e dopamina, o que pode potencializar o efeito dos medicamentos antidepressivos.

  • Escrever: que tal voltar à adolescência e resgatar os momentos em que escrevíamos um diário? Pense em como fazia bem, em como aquele pedaço de papel era como seu melhor amigo, seu maior confidente, para o qual você contava tudo.

Compre um caderno bonito e uma caneta macia e volte a escrever. Mantenha um diário no qual você escreverá seu processo ao longo dos dias, como tem sido sua luta contra a doença e, por que não, os momentos de alívio dos sintomas ou nos quais você voltou a sentir prazer em fazer suas atividades favoritas.

Esse exercício é vital para o controle dos pensamentos negativos e pode poderá ler as primeiras páginas quando tiver confortável e com a doença mais estabilizada para ver a própria evolução.

  • Ler: leia sobre sua doença, leia relatos de outras pessoas que passaram pelos mesmos problemas e conseguiram melhorar, leia história instigantes que te farão fugir um pouco dos pensamentos negativos que insistem em povoar sua cabeça, leia histórias mais simples, leia textos complexos sobre qualquer assunto, busque livros que nem passava pela sua cabeça ler… leia tudo!

A leitura é uma forma de fuga da realidade e dos problemas sem que precisemos nos clausurar em um quarto em luz solar. Além disso, ler também é sentir empatia, se envolver e ganhar conhecimento. Você não precisa recorrer aos seus melhores amigos humanos, você pode ir até a estante e escolher o melhor mar no qual quer mergulhar.

  • Estudar: sabe os projetos que tinha em mente antes de se ver submersa em dor e tristeza? Tire-os da gaveta e comece a colocá-los em prática. Contudo, é preciso aprender mais, se aperfeiçoar, melhorar os conhecimentos em vários aspectos.

A sensação de tirar os projetos do papel é maravilhosa e pode te ajudar muito a superar a depressão. O sentimento de inutilidade e culpa são deixamos de lado e começamos a querer saber mais, a ver o resultado concreto do esforço e da luta interna que tivemos de travar para conseguir ir a uma aula, buscar um curso ou passar as noites estudando para conhecer mais.

  • Meditação: meditar é uma das melhores formas de nos encontrarmos com nós mesmos, de entendermos nossos anseios, de aceitarmos quem somos e, acima de tudo, de nos conectarmos com toda energia que emana do Universo.

No começo, parece ser uma prática difícil ficar em silêncio durante uma hora ou mais, mas pense em começar por alguns minutos durante o dia. Nesse momento, 5 minutos que seja, você pensará apenas em si e no tempo em que podemos viver: o tempo presente.

Atente-se para a respiração, para a postura (sempre ereta), coloque uma música calma e fique em um ambiente no qual não haverá interrupções.

  • Enfrentar os medos: você tem algum medo que te impede de fazer alguma? Uma fobia social que limita suas relações e faz com que você se sinta mal em meio a festas ou reuniões sem muitos conhecidos? Ou até mesmo uma fobia de falar em público por achar que está sendo julgado?

Porque não começar a derrotar essas fobias? Uma maneira possível é fazer aulas de teatro ou dança, nas quais você terá de se expor e de se relacionar, até mais intimamente, com outras pessoas.

Quando você dá o primeiro passo em direção ao enfrentamento do seu medo, você descobre que ele é fruto de uma imaginação e um subconsciente cheio de neuras e traumas. Ele, perto, nem parece tão grande assim.

  • Amor-próprio: lembre-se sempre de quem você é. No mesmo diário em que você escreveu seu processo com a doença, em que colocou frases em dias em que tudo parecia mais doloroso e penoso e também compartilhou os dias em que conseguiu fazer muitas atividades, você pode colocar aquilo que sabe que é você, a sua essência, seu verdadeiro Eu.

Isso serve para que, nos momentos em que a crise estiver em seu ápice, você se volte para o caderno e se lembre de quem você é, se lembre das coisas que mais gosta, de quem te ama, do que te faz feliz e do que te dá vontade para viver.

Ser você mesmo e aceitar quem você é, com tudo o que tem a melhorar e todas as suas qualidades, é o maior presente que você pode dar a si mesmo e ao mundo.

  • Mudança de visual: talvez seu efeito seja menosprezado, pois precisamos mudar primeiro internamente para aceitar o que vemos do lado de fora. Mas, talvez você sempre tenha sonhado em comprar outros tipos de roupa ou fazer aquela mudança radical no cabelo.

Talvez seja a hora de fazer alguma mudança no visual, ir a alguma loja comprar aquela roupa que deseja, pintar ou cortar o cabelo, usar acessórios que não usaria antes ou até mesmo fazer uma tatuagem.

  • Tente dormir bem: é importante estarmos sempre com a mente e corpo bem recuperados, pois só assim conseguiremos força suficiente para lidar com os percalços que nos coloca a depressão.

Por isso, tente dormir bem, mesmo que esse seja um grande desafio para os depressivos. Algumas dicas que podem ajudar é: não ingerir alimentos pesados ou bebidas alcoólicas muito antes de dormir; se afastar de aparelhos eletrônicos luminosos (como notebook e celulares), por pelo menos 40 minutos antes de dormir; esqueça a cafeína e os chás estimulantes na parte da noite; e sempre durma e acorde no mesmo horário.

  • Trabalho voluntário: talvez tenha momentos em que não queira conversar sobre seus problemas, mas queira ter contato com outras pessoas. Nesses momentos, talvez um trabalho voluntário consiga te ajudar a preencher um vazio que a depressão causa.

Procure alguma organização que esteja engajada com alguma causa com a qual você se identifica, como o cuidado com animais, com pessoas em situação de rua, com idoso, refugiados, etc. Existe muitas possibilidades e você pode conhecer novas pessoas, ficar inteirado com os problemas sociais que estão a sua volta e, assim, conseguir vivenciar a magnitude da vida.

E lembrando que, nenhuma dessas atividades substitui o tratamento especializado, que é realizado na figura de psicólogos e psiquiatras. Portanto, não hesite em buscar ajuda profissional. a depressão é uma doença séria e que pode gerar consequências irreversíveis.

Ao unir um tratamento eficaz com as práticas que sugerimos é possível conquistar uma vida verdadeiramente mais feliz e saudável. Proteja aquilo que é o seu bem mais precioso, você mesmo.

 

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