Maxim Blinkov/ Shutterstock Para a Psicologia Positiva, a felicidade é vista como a grande busca do ser humano

Uma das ciências modernas mais promissoras que tenho notícia é a Psicologia Positiva. Essa forma de pensar o ser humano e se apresenta como “o estudo científico das potencialidades e das virtudes que habilitam os indivíduos, os grupos e as sociedades a viverem de maneira saudável.”

Entre outras palavras, a Psicologia Positiva se constitui como um ramo da ciência psicológica baseado na crença de que é possível identificar, compreender, desenvolver, promover e cultivar os mecanismos necessários para viver-se de maneira significativa e satisfatória.

E, no nível relacionado ao funcionamento dos grupos, é incentivado o estudo sobre as virtudes cívicas e instituições que possibilitam mudanças dos indivíduos como melhores cidadãos, com o foco direcionado para a responsabilidade, o altruísmo, a tolerância.

Na Psicologia Positiva, a felicidade é vista como a grande busca do ser humano, de modo que alguns a conhecem também como “ciência da felicidade”. Mas, no entanto, a felicidade não é encarada de maneira piegas e banal, na instância da alegria cotidiana, mas de uma forma profunda, que almeja o nível do significado de vida. Ela afirma que a felicidade oferece as condições necessárias para que as pessoas possam viver uma vida plena a partir de suas próprias escolhas.

No que tange à Plenitude e à Felicidade, Martin Seligman, o grande expoente da Psicologia Positiva no mundo, descreve três tipos de Felicidade: a Vida Agradável; a Vida com Comprometimento; a Vida com Significado.

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Essas três formas de felicidade descritas por Seligman são um continuum de referência e não compartimentos estanques com limites precisos. São três níveis que se incluem uns aos outros, ou precedem um ao outro, de acordo com nossa maturidade e evolução – por isso essa teoria tem estreita ligação com a pirâmide.

O Processo Evolutivo do Ser Humano  sob o Viés da Psicologia Positiva 

A Vida Agradável (Prazerosa): Consiste em encontrar a felicidade no mundo exterior, a partir de sensações e emoções positivas. Trata-se de prazeres momentâneos, é a felicidade de curta duração, pois dependentes das circunstâncias externas, como, por exemplo, saborear uma comida ou sair para fazer compras. Proporciona a sensação do Ter.

É um tipo de felicidade Exterior, ela está relacionada com os dois primeiros níveis da pirâmide – ambiente e comportamentos. A vida agradável é um estado de felicidade que não precisa mais que um ambiente satisfatório, que pode ser uma casa bonita em um bom bairro, ou satisfação de frequentar academias badaladas, usufruir de bebidas que gozem de status social e ir a lugares que indiquem prestígio de alguma natureza.

O que no foco é o bem-estar físico. A vida agradável se estabelece no comportamento aceito pela sociedade e nas alegrias de curta duração. O poder dessa sensação de felicidade se esvai na medida em que se torna possível ter uma outra coisa que ocupe o lugar da anterior. A felicidade do Ter é a própria dos consumistas que têm centenas de coisas que não significam absolutamente nada.

A vida com Comprometimento (Engajamento): Trata de encontrar a felicidade a partir de condições interiores, colocando em jogo nossas Forças Pessoais. Muitas destas atividades nos dão a possibilidade de Flow, aquele estado de atenção focada que nos possibilita momentos intensos e inconscientes de prazer. Elas são sempre gratificantes, nos dando uma sensação única de pertencimento e de pensamento sistêmico. Proporcionam a sensação de Fazer, como tocar um instrumento, manter uma conversa interessante com alguém ou praticar um esporte, por exemplo.

A vida com comprometimento está vinculada às nossas habilidades e capacidade e crenças e valores, tudo que ultrapassa o físico e produz bem-estar mental. De fato, a felicidade advinda da vida com comprometimento está ligada às nossas práticas e aos sentimentos que nossas práticas despertam em nós. Muitas de nossas práticas também estão vinculadas aos nossos valores. O simples gesto de cuidar do jardim, tanto para nossa própria admiração como para a contemplação dos outros, pode atribuir um comprometimento que nos traga sensações regulares de felicidade, relaxamento e bem-estar mental.

O maior estado de felicidade, conforme o estudo de Seligman,é a Vida com Significado (Legado). Ele envolve, na pirâmide dos níveis evolutivos os níveis Identidade, Pertencimento e Legado. Atribuir significado à nossa vida, descobrir nossa missão e todo nosso potencial transcendente, envolve descobrimos quem nós somos (identidade) a quais grupos nós pertencemos e a importância vital desses pertencimentos (pertencimento) e o que deixaremos como parte de nós e da nossa história quando morrermos.

Esses níveis da evolução, vinculados à Psicologia Positiva, envolvem a aplicação de forças pessoais de conhecimento, bondade, família, comunidade, política, justiça e ideal espiritual. A sensação de bem-estar, nesse patamar, tem maior permanência. É uma felicidade de longa duração ou de duração perpétua. O que não significa que você será feliz o tempo todo, mas que estará numa perspectiva de construção de significado contínua.

Esse estado pode ser caracterizado por exercer uma profissão que faz com que sintamos prazer em ajudar o próximo e nos realiza holisticamente, colaborar como voluntário numa associação, usar o tempo livre com a família e praticar ações que preencham de significado nossas vidas pessoais individualmente e em sociedade. Proporcionam a sensação de Ser, pois representam uma expansão da consciência e não apenas a aceitação do outro, mas a integração com este.

A Vida Agradável está ligada à felicidade fora de nós, ligado ao externo, ao material, ao efêmero, passageiro. A Vida com Comprometimento está ligada à felicidade dentro de mim, ela produz memória de média duração, vindas das coisas intangíveis. Já a Vida com significado é a felicidade dentro de mim que é capaz de promover felicidade fora de mim. É isso que gera o legado.

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