Como o próprio nome sugere, a psiquiatria biológica busca encontrar nos aspectos biológicos as origens para os transtornos mentais. Ao mesmo tempo em que é um assunto relativamente novo, trata-se de uma visão que já existe há muitos anos, só que não era tão difundida. A pergunta que você provavelmente está se fazendo é: se grande parte dos psiquiatras e estudiosos da atualidade concordam que os distúrbios mentais podem ter alguma base biológica, então o que diferencia esse ramo da psiquiatria de qualquer outro?

Entenda o que é a psiquiatria biológica e sua diferença em relação à abordagem tradicional

A psiquiatria biológica se baseia em conceitos da neurociência, psicofarmacologia, bioquímica, fisiologia e genética, e acredita que os transtornos mentais são distúrbios gerados no próprio cérebro. Além disso, os profissionais que defendem essa ideia afirmam que esses problemas devem ser tratados através de uma abordagem interdisciplinar, que inclui intervenções biológicas, psicológicas e sociais.

Concentrando-se nas conexões entre funções e comportamentos cerebrais, seu objetivo é provar que fatores físicos podem causar transtornos mentais e não apenas os sociais e psicológicos. Assim, os medicamentos chamados psicotrópicos e outras intervenções médicas, que lidam diretamente com aspectos biológicos, desempenham um papel de grande relevância dentro desse ramo da psiquiatria.

Uma informação interessante sobre o assunto é que os avanços tecnológicos contribuíram e muito para novas descobertas relacionadas aos transtornos mentais. Através da análise de dados registrados eletronicamente, os especialistas conseguem chegar a diversas conclusões e, assim, desenvolver teorias de grande relevância. Modelos computacionais já foram utilizados para desenvolver teorias relacionadas ao processo de aprendizado, às emoções, processamento de informações, entre outras.

Conheça os fatores biológicos dos transtornos mentais mais comuns

Os avanços das pesquisas do ramo da psiquiatria biológica já descobriram bases e fatores biológicos para uma ampla variedade de transtornos mentais. Saiba mais a respeito dos distúrbios mais comuns a seguir.

Depressão: um estudo realizado por uma universidade do Reino Unido usou a neuroimagem para descobrir as ligações entre mudanças na recompensa e nos sistemas de memória em um cérebro com depressão. Mais pesquisas precisam ser conduzidas para que seja possível descobrir quais regiões do cérebro estão envolvidas com a perda do ânimo e do prazer de viver.

PSC

Esquizofrenia: pesquisadores descobriram que um grupo de genes associados à esquizofrenia causa algumas alterações específicas no cérebro. Se esses genes são alterados, os neurônios se comportam de maneira diferente. Esse fator biológico provavelmente será importante, não apenas na descoberta das causas da esquizofrenia, mas também na criação de tratamentos médicos para a doença, que atualmente não tem cura, apenas controle.

Transtorno bipolar: pesquisas sobre os dois tipos de transtorno bipolar existentes, chamados de 1 e 2, indicaram que o tipo 2 não é apenas uma forma mais branda que o tipo 1, como era difundido até então. Na realidade, eles têm composições biológicas diferentes, enquanto os fatores genéticos são semelhantes, a sobreposição do código genético é apenas parcial.

Além disso, a ocorrência do transtorno bipolar 1 se mostrou mais comum em famílias que tinham membros com esquizofrenia, algo que não foi encontrado em relação ao tipo 2. Assim, concluiu-se que, embora esses dois distúrbios estejam relacionados de alguma forma, são mais distintos do que se supunha inicialmente.

Transtorno explosivo intermitente: descobriu-se que pessoas que têm distúrbios de raiva, como é o caso do transtorno explosivos intermitente, têm menos massa cinzenta nas estruturas cerebrais na área do cérebro ligada às emoções. À medida em que a ciência avança, provavelmente serão criados tratamentos mais apropriados para o problema.

Transtornos psicóticos: pesquisas relacionadas à psiquiatria biológica prometem novas possibilidades para que o diagnóstico de distúrbios psicóticos seja realizado com mais precisão. Juntamente com o diagnóstico aprimorado, também podem surgir tratamentos mais eficazes.

Em um estudo, 700 pacientes com sintomas psicóticos foram avaliados por meio de exames médicos, incluindo ressonância magnética e outra avaliação que pedia que os participantes respondessem a sinais sensoriais. Os resultados mostraram mais precisão do que o DSM (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Com mais pesquisas, há esperança de que os exames médicos possam ser utilizados juntamente com os relatórios de sintomas usados atualmente, a fim de se chegar a diagnósticos mais precisos.

Benefícios da psiquiatria biológica

A psiquiatria biológica tem um grande potencial para ajudar pessoas com transtornos mentais. De várias maneiras diferentes, esse campo de pesquisa tem muito a contribuir para a mental da sociedade como um todo, saiba como a seguir.

Prevenção

Ao fornecer pistas sobre as causas e fatores de risco dos transtornos mentais, as pesquisas em psiquiatria biológica abrem as portas para técnicas de prevenção mais eficazes. Assim, as pessoas poderão saber que estão em risco antes mesmo de começarem a apresentar sintomas mais graves. Isso dá aos psiquiatras biológicos a oportunidade de tratar problemas no início, antes que eles se tornem mais complexos.

Medicação

Há vários anos, os medicamentos são usados para tratar pessoas com transtornos mentais, trazendo resultados bastante satisfatórios. Contudo, esse tipo de tratamento é realizado através de tentativa e erro, até que se encontre a melhor opção, o que pode ocorrer de primeira ou precisar de vários testes, algo que é capaz de gerar estresse a um indivíduo que já está enfrentando problemas. Com os progressos nas pesquisas de psiquiatria biológica, encontrar os medicamentos certos para uma pessoa se torna mais acessível e prático, facilitando tanto para os médicos quanto para os seus pacientes.

Tratamentos mais completos

Embora os avanços nas descobertas relacionadas à psiquiatria biológica sejam fantásticos, é importante dizer que os tratamentos não biológicos, como é o caso da psicoterapia, por exemplo, sempre terão um lugar importante para ajudar as pessoas que possuem transtornos mentais a se conhecerem e mudarem sua forma de pensar e de levar a vida.

A ideia não é que uma área substitua a outra e sim que as duas se complementem. Assim, um psiquiatra qualificado e com amplo conhecimento pode criar um plano de tratamento que combine intervenções biológicas e psicológicas, a fim de obter os melhores resultados possíveis.

Você já tinha ouvido falar a respeito da psiquiatria biológica? Qual a sua opinião sobre o tema? Conte-me a respeito no espaço para comentários abaixo!

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