A depressão tem sintomas e características comuns aos seus diversos tipos. Ela não é simplesmente uma tristeza, não é a falta de felicidade. Há muitos sinais e sintomas que caracterizam a depressão e entre eles a falta de energia e vitalidade. Quando a depressão nos atinge perdemos nosso entusiasmo e vontade de viver. Tudo passa a ser extremamente penoso e doloroso, desse modo a depressão pode ser encarada, principalmente por aquele que sofre dela, com uma morte em vida, uma morte lenta que pode ser verdadeiramente fatal se não tratada.

É normal se sentir triste após uma briga com seu parceiro ou algum problema no trabalho. Neste contexto sabemos qual a situação que nos levou a nos sentir para baixo, mas continuamos com nossas vidas e afazeres. E depois de um tempo, conseguimos solucionar esta questão e seguir em frente.

A depressão por outro lado pode não ter uma motivação clara e interromper ou atrapalhar a funcionalidade da vida diária de uma pessoa. Ela é uma doença, que tem sintomas e necessita diagnóstico médico e tratamento adequado. Senão tratada com a maior prontidão possível seu quadro pode evoluir para uma depressão severa, no qual os sintomas se agravam e que pode levar a consequências graves ao paciente, até mesmo o suicídio.

A depressão severa impacta de forma profunda todos os aspectos da vida da pessoa e sua tristeza pode chegar a incapacitá-lo de realizar as mais atividades diárias. Levantar da cama pode parecer sem sentido. Comer, escovar os dentes, pentear os cabelos, trocar de roupa ou até mesmo conversar gera um grande cansaço, não há propósito, vontade ou prazer em qualquer dessas atividades. Este é um sinal claro de que a depressão atingiu um estágio severo.

A depressão pode ser dividida em menor, que pode ser leve ou distímica e depressão maior que é severa. A depressão leve decorre aos poucos e é permanente, já a depressão severa pode envolver colapsos nervosos, ou seja, é um ataque de um transtorno mental de forma repentina e profunda, o que faz com que o sujeito tenha dificuldades ou não consiga mais exercer suas tarefas e ocupações comuns do cotidiano. Normalmente este colapso é fruto de algo cumulativo, mas alguma coisa excessivamente grave acaba por desencadeá-lo.

A depressão menor é caracterizada por um número menor de sintomas depressivos, o que pode incluir também o estado deprimido, no qual o indivíduo se sente assim durante a maior parte das horas do dia ou em anedonia, em que ele perde a sensação de prazer em suas atividades. A distimia se manifesta pelo maior número de sintomas de 3 a 4 e sua duração, de pelo menos 2 anos.

Já a depressão maior é caracterizada por 5 ou mais sintomas. Estes sintomas persistentes por duas semanas e incluem o estado deprimido e anedonia. Entre os sintomas estão mudanças no peso, problemas de sono, psicomotores e de concentração, falta de energia, muita culpa e pensamento suicidas.

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É possível que uma pessoa sofra um episódio de depressão somente uma vez em sua vida, que melhore e que não se repita. Porém há cenários em que o sujeito sofre regularmente com uma depressão mais severa, com intervalos de tempo, onde os sintomas não são mais sentidos. Nestes casos novos eventos traumáticos acontecem o que decorre novamente em estados depressivos mais graves.

Outros sintomas da depressão severa são a diminuição ou falta de produtividade no trabalho, alteração nas notas e no comportamento de adolescentes, negatividade e pessimismo, falta de cuidados com o asseio pessoal e profundo sentimento de vazio.

Comportamentos característicos dos que sofrem de depressão podem ser intensificados nos casos de depressão severa. Se alguém sofre de uma depressão mais leve é possível até mesmo que ela sinta o anseio de procurar ajuda. Mas no estágio mais avançado e debilitante o depressivo pode se afastar de tudo e todos, não querer sair de casa e da cama, se isolando profundamente, o que só tornará seu estado ainda pior.

Até mesmo falar sobre o que sente, pedir ajuda ou realizar um tratamento podem ser complicados para estas pessoas. Abandonar o tratamento é, em realidade algo muito preocupante, e pode piorar o estado depressivo, o que torna as tendências suicidas ainda mais consideráveis.

A automedicação neste cenário é comum. É um meio de aliviar as dor e sintomas. O consumo excessivo de álcool, drogas ilícitas e outros medicamentos são extremamente perigosos. O uso dessas substâncias é encarado como uma forma de fugir da realidade, mas a sensação de calma e prazer que acompanham é momentânea, não tratando as reais causas, mas agravando a saúde.

Na depressão severa é possível ainda que haja o aparecimento de alucinações e outros tipos de delírios, ou seja, juntamente com a depressão, podem ser desenvolvidos sintomas psicóticos. O indivíduo passa a ver e ouvir coisas que não estão verdadeiramente lá, mas são criações de sua mente, e podem ser profundamente perturbadores e debilitantes.

Por isso aquele que já está em um estágio avançado da doença pode considerar a morte como uma solução viável, um meio de se livrar da dor que não consegue processar. O suicídio, comumente está diretamente conectado a algum distúrbio psíquico como a depressão.

Se diagnosticada e tratada nos estágios iniciais do transtorno entre 60% a 80% dos casos de depressão podem ser tratados com medicação e terapia, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). Ainda de acordo com a Organização a cada 100 pessoas depressivas, 15 decidem tirar a própria vida.

Por isso é tão importante ficar atento a falas e atitudes suspeitas que indicam pensamentos e tendências suicidas, principalmente se a pessoa já está deprimida e debilitada. Dizer que não aguenta mais, que queria sumir, que nada faz sentido revelam um sentimento profundo de vazio. Mudanças de comportamentos repentinos também podem ser indícios. Suspeite se seu ente querido apresentar falas e comportamentos como os descritos anteriormente. Se houver uma melhora súbita no estado dessa pessoa, também pode ser uma indicação da intenção suicida.

A tristeza tem grande importância em nossas vidas, todo ser humano fica triste. É possível ainda que essa tristeza seja ininterrupta e constante. Mas a quando a depressão severa se instala em nós isso é um desajuste neuroquímico. Nem todos aqueles que sofrem de depressão severa necessariamente vão se matar, mas este tipo de depressão ainda é o maior responsável pelo suicídio.

O tratamento pode envolver terapias potentes, como uso de lítio e eletrochoques, dependendo da intensidade e do uso de outros tratamentos anteriores. A psicoterapia e uso de antidepressivos é um exemplo. É importante ressaltar que essas drogas não são pílulas da felicidade que farão com que o deprimido deixe de sentir tristeza, que é inerente a vida, mas trarão qualidade para ela, auxiliando em afazeres que antes podiam ser muito dolorosos.

A informação e comunicação sincera também fazer parte da melhora do quadro depressivo severo. Negar a depressão só fará com que ela se fortaleça e escondê-la só fará dela um estigma. É preciso valorizá-la, sem temer o fantasma de uma recaída, isso contribui para nos fortalecer e nos preparar para este possível cenário. Assim entendemos a realidade desta doença, mas não nos rendemos a ela.

Um dos caminhos mais vitais para se abordar a depressão severa, e que desse modo, haja uma mudança legítima e acentuada, é o amor, como meio de receber energia quando já nos falta. Ele é um artifício poderoso, mas é preciso mais, um conjunto de medidas que impactará todos os aspectos da existência do indivíduo depressivo. O tratamento médico é um deles, assim como uma vida social mais ativa, hábitos de vida saudáveis e atividades que o façam sentir incluído e útil.

A presença e o incentivo de amigos e família são imprescindíveis. A paciência e o amor dessas pessoas contribuem para que a pessoa consiga enxergar o verdadeiro valor que a vida tem. Que sua doença não a define e que, com o devido cuidado, ela não será eterna. Há muito mais nesta existência do que simplesmente a dor e visão deturpada que a depressão acaba por colocar em nós. Depois dali pode haver muito mais alegria e a volta do senso de propósito.

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