Você está há um bom tempo na fila do caixa do supermercado e, quando chega a sua vez, ocorre um problema técnico que faz com que o sistema caia. Você está dirigindo cuidadosamente, até que um carro avança no sinal vermelho e quase colide com o seu veículo. Seu filme favorito está prestes a começar, até que acaba a luz em seu bairro.

Esse tipo de situação não é assim tão raro. Se você já passou por algum desses exemplos, provavelmente sabe o que é sentir frustração e raiva. Essa sensação costuma ser bastante negativa. No entanto, o que exatamente é a raiva? Por que ela existe? Existe algum lado positivo nela? É possível lidar com a raiva de uma forma saudável?

As respostas para esses questionamentos, você encontra neste artigo.

A diferença entre emoção e sentimento

Emoção e sentimento são duas palavras quase sempre empregadas como sinônimos. Entretanto, de acordo com a psicologia, elas apresentam sim algumas diferenças.

  • Emoção: é uma resposta química e neural da mente diante de algum estímulo externo. Há emoções primárias, que são comuns a todos os seres humanos: raiva, nojo, tristeza, medo, felicidade e surpresa. Há também as emoções secundárias, que dependem de variáveis socioculturais: vergonha, culpa, compaixão, simpatia, inveja, orgulho etc.
  • Sentimento: é a percepção e a interpretação da emoção sentida, associando-a ao contexto que a provocou. Por exemplo: sentimos a emoção do medo em algum lugar muito alto. A associação que fazemos entre o medo e as altitudes (com o objetivo de nos protegermos) é o sentimento derivado dessa emoção.

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O que é a raiva?

A raiva, como você pode observar a partir das definições acima, é uma das mais básicas emoções humanas. Ela é comum a todos os seres humanos, independentemente de sua origem. Pode ser definida como uma grande irritação ou aversão a alguém ou algo, que pode desencadear a pretensão de causar dano a esse alguém.

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De acordo com a psicologia, essa emoção é despertada em indivíduos saudáveis quando algum fator externo frustra o alcance de uma meta — como você pôde ver nos exemplos do primeiro parágrafo do texto.

  • O lado positivo da raiva

É comum associarmos à raiva a algo negativo, já que, desde a infância, somos ensinados a sermos calmos e “bonzinhos”. Realmente, essa emoção pode ser catastrófica quando expressada em desequilíbrio. No entanto, como qualquer emoção, ela tem uma função básica de existir.

A raiva possui uma energia muito intensa, que serve para que nós saibamos nos defender de alguma possível ameaça. Ela deve nos impulsionar para alguma mudança quando algo prejudicial está acontecendo conosco. Se uma pessoa está sendo ofendida por alguma de suas características (etnia, condição socioeconômica ou orientação sexual, por exemplo), ela sentirá raiva do agressor para que possa se defender e impedir que a humilhação continue.

Para que a raiva possa ser utilizada com sabedoria, porém, é preciso que tenhamos uma compreensão correta sobre a circunstância que a desencadeou. Ela serve de estímulo para que sejamos capazes de dar uma resposta proporcional, sem que percamos a razão.

  • O lado negativo da raiva

Quando a raiva está bem “calibrada”, isto é, quando nós a sentimos e a expressamos de modo equilibrado, ela vai estimular em nós uma resposta saudável. Isso pode significar uma resposta verbal a uma ofensa, o término de um relacionamento tóxico e até mesmo a mudança de um emprego que não estava fazendo bem ao indivíduo.

No entanto, o desequilíbrio emocional pode fazer com que a expressão da raiva ocorra de forma agressiva e desproporcional. É o que acontece no caso das agressões físicas, por exemplo, que jamais são uma reação saudável.

Frequentemente, a raiva intensa e desproporcional é fruto de uma pessoa que não aprendeu a lidar com as frustrações da vida — fato que deve ocorrer ainda na infância. É o que acontece quando a torcida de um time de futebol que foi derrotado parte para a agressão da torcida do time vitorioso. É um motivo fútil em que a frustração se converte numa reação de raiva desproporcional.

4 dicas para lidar com a raiva

1. Afaste-se

Toda reação de raiva é provocada por um gatilho. É o caso de uma pessoa que faz alguma observação incômoda ou provocação. Nesses casos, surge aquela vontade de voar no pescoço do indivíduo, não é mesmo?

Contudo, não ceda a essa vontade. Se ela surgir, é sinal de que você não está num bom momento para tentar algum tipo de comunicação com essa pessoa. Nesse caso, diga a pessoa que você não se sente confortável para conversar neste momento. Saia do lugar em que você estiver, vá dar uma volta e respire fundo até sentir que a raiva diminuiu.

2. Mude seu foco

Quando somos tomados pela raiva, essa emoção consome toda a nossa atenção, e isso tira toda a nossa concentração sobre qualquer outra atividade. Além disso, quando sentimos raiva sucessivas vezes, o cérebro a registra como se o gatilho da raiva estivesse sendo acionado novamente.

Para sair desse ciclo de raiva, é preciso deixar de cultivar a lembrança desse gatilho. Para isso, uma dica que funciona bastante é focar a atenção em sua própria respiração. Inspire contando até três e encha seu abdômen de ar. Prenda a respiração novamente contando até três e, por fim, expire contando até seis.

A prática de exercícios físicos também é apontada por algumas pessoas como uma boa possibilidade para “descontar” a raiva e reequilibrar-se emocionalmente.

3. Coloque seus sentimentos no papel

Quando escrevemos nossos pensamentos e sentimentos, é como se mudássemos essas informações de lugar, “removendo-as” da nossa mente para arquivá-las num outro suporte, o que produz uma sensação de distanciamento dessas reações. Isso ajuda as pessoas a refletirem sobre suas emoções e a colocarem um ponto final em questões mal-resolvidas, sem ficarem remoendo-as.

Dessa forma, registre num diário ou papel as situações que te provocam raiva e os sentimentos e pensamentos que surgem em decorrência delas. Assim, você conseguirá se observar “de fora”, analisando de modo mais racional se as suas emoções fazem sentido e se são proporcionais aos acontecimentos.

4. Identifique o que você pode fazer para evitar que os conflitos se repitam

Se um dos motivos que te provocam raiva é a falta de sensibilidade do seu parceiro, por exemplo, questione-se: o que você pode fazer para que ele seja mais compreensivo para com seus sentimentos? Será que você está expressando o que sente de forma clara? Será que você está sendo compreensivo(a) com os sentimentos dele(a)?

Neste caso, o diálogo pode ser a chave para a resolução do conflito. Converse com a pessoa com quem está tendo o desentendimento e expresse seus sentimentos. Isso não deve ser feito de modo acusatório, em frases como “você não dá a mínima para o que eu sinto”, mas de forma pessoal: “eu me sinto triste quando expresso meus sentimentos para você, pois para mim é importante saber que você me compreende e se importa comigo”.

Quando procurar ajuda?

É possível perceber que, para que a raiva não tome conta de nossas mentes e atitudes, precisamos nos afastar dos gatilhos, mudar o foco de nossa atenção e expressar nossos sentimentos num momento de maior calma, por meio do diálogo.

Esse processo nem sempre é fácil. Muitas vezes, vivenciamos emoções de forma tão intensa que expressamos a raiva de forma descontrolada e potencialmente nociva. Para evitar que isso ocorra, vale a pena consultar um psicólogo. Esse profissional apresenta técnicas de inteligência e administração das emoções, de modo que comportamentos mais saudáveis possam ser desenvolvidos.

Que este artigo tenha sido útil para você entender o que é a raiva, o porquê de ela existir e como lidar com essa emoção de forma mais saudável. Deixe seu comentário abaixo e não se esqueça de compartilhar estas informações com quem mais possa beneficiar-se delas.