Ao longo de todo o mês de novembro, as empresas colocam laços azuis em seus perfis nas redes sociais, monumentos de diferentes cidades aparecem iluminados por uma luz azul, e campanhas na televisão não falam sobre outra coisa: novembro azul. Muitas marcas também entram na onda em sua comunicação publicitária.

Mas afinal de contas, você sabe o que essa campanha significa? Sabe por que ela surgiu e por que ela é tão importante? Continue a leitura deste artigo para descobrir.

O que é a campanha Novembro Azul?

Nos mesmos moldes do “outubro rosa” (campanha em que o mês de outubro é dedicado à conscientização sobre a prevenção ao câncer de mama), o “novembro azul” é uma campanha de conscientização à prevenção ao câncer de próstata. Ela surgiu na Austrália, em 2003, por conta do dia mundial de combate ao câncer de próstata (17 de novembro).

Em vários países, incluindo o Brasil, o mês de novembro é marcado por campanhas e ações de conscientização sobre os meios de prevenir o câncer de próstata, incluindo também outros temas, como câncer de testículo, câncer de pênis, depressão masculina e saúde do homem de maneira geral.

No Brasil, a campanha foi lançada oficialmente pelo Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL), em 2011, com adesão do próprio Ministério da Saúde. Os objetivos do projeto incluem diversas ações de conscientização sobre o problema, sobre a importância da adoção de hábitos saudáveis e sobre a necessidade de realização dos exames que fazem o diagnóstico precoce do câncer de próstata.

Por que a campanha é importante?

Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), o câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. É também o segundo tipo de câncer que mais causa mortes entre os homens brasileiros, atrás somente do câncer de pulmão.

PSC

Em 2018, foram registrados mais de 15 mil óbitos decorrentes da doença. Em 2020, estima-se que cerca de 65 mil novos casos sejam registrados.

Ainda segundo o INCA:

  • Apenas 32% dos homens fazem o exame de toque;
  • Recomenda-se que o exame de toque retal seja realizado uma vez por ano a partir dos 40 anos;
  • 1 a cada 6 homens terá câncer de próstata;
  • 47% dos homens com câncer de próstata em estágio avançado não sabem que têm a doença;
  • Quando descoberto precocemente, o câncer de próstata tem 90% de chance de cura.

Apesar dos dados acima, a campanha ainda enfrenta alguns obstáculos culturais. O exame de toque é realizado quando o médico introduz um dedo no reto do paciente, o que é visto por uma parcela considerável dos homens brasileiros como uma afronta à sua masculinidade. É uma crença limitante e preconceituosa que, além de não fazer sentido, ainda coloca a vida de muitos homens em risco.

O foco da campanha novembro azul está na divulgação da abordagem preventiva e, consequentemente, no combate a esse preconceito. A saúde do homem é uma preocupação constante, mas ainda são poucos os que a encaram dessa forma e que fazem check-ups médicos com regularidade. Por isso, o novembro azul é também um projeto de mudança cultural.

Algumas dúvidas sobre o câncer de próstata

1. O que é?

A próstata é um órgão exclusivamente masculino. Trata-se de uma pequena glândula, do tamanho de uma noz, localizada na parte baixa do abdômen. Ela envolve a porção inicial da uretra e é responsável pela produção de parte do sêmen (líquido liberado durante o ato sexual, contendo espermatozoides).

O câncer de próstata é um tumor maligno que acomete o órgão, ou seja, é um conjunto de células não-saudáveis que se multiplicam velozmente, prejudicando as funções do órgão. Em estágio avançado, as células cancerosas podem se espalhar por outras partes do corpo, colocando o paciente em risco de morte. As causas ainda são desconhecidas.

2. Quais são os sintomas?

Em estágios iniciais, a doença é silenciosa e não manifesta nenhum tipo de sinal. Mesmo quando são apresentados sintomas, eles são muito semelhantes aos do crescimento benigno da próstata (crescimento não-canceroso do órgão, que ocorre normalmente quando o homem envelhece), como dificuldade de urinar ou necessidade de urinar mais vezes durante o dia e a noite.

Em estágio avançado, pode haver dor ao urinar por conta da obstrução do canal urinário, jato reduzido e presença de sangue na urina. Além disso, há sinais que indicam que a doença está se espalhando pelo organismo, como: dor nos ossos, infecções generalizadas e insuficiência renal.

3. Quais são os fatores de risco?

Os principais fatores de risco para a ocorrência do câncer de próstata são a idade e a genética. Tanto a incidência quanto a mortalidade aumentam expressivamente em homens acima dos 50 anos de idade. Além disso, ter um pai ou irmão (ou outro parente de primeiro grau) que teve a doença antes dos 60 anos pode indicar uma predisposição genética para a doença.

Outros fatores de risco incluem: maus hábitos alimentares (dieta rica em gordura e carne vermelha, mas pobre em frutas, verduras e legumes), sedentarismo, obesidade, etnia negra e exposição a agentes poluentes (como ferro, cromo, chumbo, cádmio e derivados da borracha).

4. Como é feito o diagnóstico?

A suspeita da existência da doença surge a partir de uma combinação de dois exames: o exame de toque retal (que identifica aumento, caroços ou endurecimento de tecidos da próstata) e o exame de dosagem do antígeno prostático específico (da sigla PSA, em inglês). Não há consenso sobre quando esses dois exames devem ser realizados. Em geral, porém, a comunidade médica recomenda que eles sejam realizados a partir dos 40 anos, especialmente se houver fatores de risco.

Exames complementares podem incluir: tomografia computadorizada, ressonância magnética e cintilografia óssea (para verificar se a doença atingiu os ossos). Se nesses exames houver indícios da doença, é realizada a biópsia (retirada de uma amostra de tecido da glândula que será analisada em ultrassonografia). A biópsia é o único procedimento que pode diagnosticar definitivamente o câncer de próstata, pois detecta a presença de células cancerígenas no pedaço de tecido extraído.

5. Como é realizado o tratamento?

Se a doença estiver localizada na próstata, cirurgia, radioterapia e observação vigilante são as recomendações. Se a doença estiver avançada, mas ainda restrita ao local, a cirurgia, a radioterapia e o tratamento hormonal são indicados. Se houver metástase, ou seja, se a doença se espalhou para outras partes do corpo, são utilizadas a terapia hormonal e a quimioterapia.

Cabe ao médico analisar cada quadro individualmente, pesando os riscos e benefícios de cada alternativa, de modo que a melhor solução seja escolhida.

6. Há como prevenir o problema?

A melhor maneira de prevenir o problema é a realização dos exames de detecção precoce anualmente. Essa recomendação é especialmente importante para quem faz parte do grupo de risco — homens acima dos 40 anos, sobretudo se já houver casos da doença em parentes de sangue.

Além disso, a prevenção também envolve a redução dos fatores de risco que puderem ser controlados (sobrepeso, fumo, sedentarismo e má alimentação). Por isso, as recomendações são: manter o peso proporcional à altura, não fumar, praticar ao menos 30 minutos de atividades físicas diariamente, reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e cuidar da alimentação.

Sobre esse último item, há comprovação científica de que dietas ricas em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais; porém pobres em gorduras (sobretudo de origem animal), diminuem o risco de câncer e de outras doenças crônicas.

Agora que você já está muito bem informado sobre o assunto, entre nessa campanha. Faça a sua parte para combater o preconceito, deixe seu comentário no espaço abaixo e compartilhe este artigo em suas redes sociais. Lembre-se sempre de que a informação é a melhor prevenção!