“Experimentamos o êxtase do nosso próprio espírito quando compartilhamos com a humanidade nosso Propósito de Vida/Dom único”, diz Deepak Chopra. Essa Lei espiritual do sucesso está perfeitamente congruente com o nível evolutivo do legado, pois ela afirma que toda vida tem uma finalidade, um significado, um propósito.

A própria palavra darma, que vem do sânscrito, uma língua sagrada dos vedas, significa “finalidade da vida”. Essa Lei védica acredita que todos nós vivemos para uma determinada finalidade. Não estamos em forma física à toa, ou por acaso, mas com um propósito que devemos descobrir e trabalhar. É a crença de que “não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, mas somos seres espirituais vivendo uma experiência humana”.

O mais importante dessa lei é acreditar que somos importantes, úteis, profícuos, edificantes. Em alguma medida, faremos (ou já fazemos) a diferença na vida das pessoas, ou no Universo, ou em ambos, um como consequência do outro. Todos temos talentos e habilidades para colocarmos à disposição do mundo.

Muitas pessoas se dizem humildes por não mostrarem seus talentos, suas competências pessoais, ficando sempre em um cantinho à parte, sendo passivas, pouco participativas, não se mostrando. Ficam quietas apenas usufruindo daquilo que os outros oferecem. Essa humildade é, na verdade, um individualismo torpe, daqueles que bebem da fonte dos outros e não permitem que os outros usufruam da sua fonte.

Aquilo que mais escondemos por vergonha, medo, insegurança, crenças limitantes, imposição de alguns, pode constituir o maior significado das nossas vidas.

No interior de Goiás havia uma moça cuja família cultivava milho. Nos fins de tarde alaranjados do cerrado, ela costuma sentar-se no paiol para mexer nas espigas e palhas secas de milho. Com um pouco de sensibilidade e um bocado de inspiração espiritual a moça, que mal frequentara a escola, construía com palha e espigas secas, lindas bonecas e santas de altar. A família, que pouco compreendia, via aquelas obras apenas como “coisas de brincar sem importância”, a moça, então, escondia todas as peças que fazia com medo que zombassem do quanto ela era “desajeitada” e de como eram feias suas bonecas. Um dia, porém, o padre, que a cada quinze dias passava pela região para celebrar com a comunidade, pegou de surpresa a moça tecendo uma santa com as palhas secas. Tal foi a sua surpresa admirando tamanho talento da moça, que envergonhada teve medo de que ouvisse também do padre o que já ouvia da família “que coisa feia essas bonecas, esconde isso”.

Mas, ao contrário, o padre levou a santinha de palha e espigas secas para o altar da capela e toda comunidade pode ver a beleza do talento da moça. Ela, que até então colhia e vendia milho, passou a produzir lindas imagens encomendadas, que vinham de toda a redondeza. Essa vida ganhou um novo significado, ela descobriu então a que veio nesse mundo.

PSC

Há uma razão para cada um de nós nos encontrarmos neste mundo e todos devemos descobrir as nossas. O grande problema é que crescemos ouvindo que devemos ir para o colégio tirar as melhores notas, quando na verdade deveríamos nos preocupar em como podemos servir à humanidade por meio dos nossos talentos especiais, descobertos ou encobertos.

Deepak Chopra nos diz que a Lei do darma possui três aspectos: o primeiro diz-nos que cada um de nós se encontra aqui para descobrir o seu verdadeiro eu, e compreendermos que somos seres espirituais manifestando-se sob uma forma física. Segundo ele “temos de descobrir por nós mesmos o deus ou a deusa em embrião, que existe dentro de nós e deseja revelar-se, para podermos exprimir a nossa divindade”.

O segundo aspecto da Lei do darma consiste em exprimirmos os nossos talentos especiais. “A Lei do darma diz-nos que todo o ser humano possui um talento especial. Todos possuímos um talento, cuja expressão é de tal modo singular, que não existe mais ninguém vivo no planeta que possua esse talento ou essa forma de o exprimir”.

O terceiro aspecto consiste na vontade de servir a humanidade. Servir os outros seres humanos e perguntar “Como posso eu ajudar? Como posso ajudar aqueles que me rodeiam?”. Assumindo a prática desses três aspectos é possível aplicar totalmente a Lei do darma. Somando-se a isso a nossa potencialidade pura, a qual já sabemos o caminho para acessarmos, teremos abundância ilimitada, prosperidade e sucesso.

É necessário trocarmos as perguntas “O que posso eu obter?” para “Como eu posso ajudar?”. A primeira é uma pergunta do ego, enquanto a segunda é uma pergunta da alma.

Nosso eu superior reside na alma, no nosso self. A simples troca dessas perguntas nos eleva do domínio do ego ao domínio da alma. Pergunte-se sobre quais são suas maiores potencialidades. Pergunte-se sobre o que você pode oferecer aos outros e à humanidade. Descubra seus talentos e mostre-os, permita-se contribuir para a edificação e a transcendência das outras pessoas. Seja participante da evolução do outro – especialmente se você é um coach, que deve atuar incessantemente para que as pessoas que o cercam tenham cada vez mais sucesso por meio do autoconhecimento.

Se tivesse que resumir o perfil de um coach profissional diria que ele é um mestre em elaborar perguntas. Não meras perguntas efêmeras, mas perguntas que tenham o poder de gerar reflexões e, por meio delas, a mudança na vida das pessoas. Faço a você – e permito que você faça aos demais – a seguinte pergunta: se o dinheiro não fosse uma preocupação para você e se você tivesse todo o tempo e dinheiro do mundo, o que faria?

Pode ser que você responda que faria exatamente as coisas que você faz agora. Se a resposta for essa, então você se encontra em darma, porque tem uma paixão verdadeira por aquilo que faz. Isso exprime os seus talentos especiais e tem significado na sua vida. Mas se sua intenção é fazer algo que ainda não faz, é necessário que você comece de alguma forma, ou correrá o risco de ter uma vida sem sentido, sem significado, sem propósito, improdutiva e infeliz.

Pergunte-se também sobre como você pode servir aos outros. Pode ser que a reposta da primeira pergunta já responda a essa, assim percebemos que seu objetivo está alinhado ao bem maior no Universo. Quando as suas expressões criativas responderem às necessidades dos outros seres humanos, a riqueza fluirá espontaneamente do não manifesto para o manifesto, do âmbito da alma para o âmbito da forma.

Coloque em prática a Lei do darma dando toda a atenção e amor ao deus ou deusa em embrião que se oculta no mais íntimo da sua alma. Acredite na importância da sua vida, no fundamento universal do seu existir, veja-se como parte indispensável do todo. Pergunte sempre sobre como você pode ajudar aos outros. Doe-se sem medo, você continuará inteiro e se encontrará em cada ajuda que oferecer, pois não é ao outro que estará fazendo, mas à parte de você que se conecta ao outro, a Deus e ao mundo.

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