Agsandrew/Shutterstock A mente humana traz à tona nossa personalidade por meio de informações que precisam ser desvendadas

A teoria freudiana a respeito deste tema reduz o inconsciente às tendências infantis reprimidas por causa de seu caráter incompatível com a realidade que está posta. Segundo essa teoria, a repressão é um processo que começa na primeira infância e está subordinado à influência do ambiente no qual estamos ou fomos expostos e nos acompanha durante a vida toda.

Ainda de acordo com essa teoria, o inconsciente contém apenas as partes da personalidade que poderiam ser conscientes senão fosse à repressão por meio da educação. Seria incorreto e uma limitação equivocada, reduzir o inconsciente à apenas tendências infantis. Pelo contrário, ele é dotado de todo material psíquico que está oculto ao limite da consciência. Mas se pararmos para analisar esta teoria, poderíamos pensar que bastaria apenas retirar as repressões e tudo se resolveria. Os indivíduos teriam uma memória fantástica, à qual nada escaparia.

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Por Dentro do Inconsciente!

O inconsciente é dotado do material reprimido e também de todos aqueles componentes psíquicos que são “absorvidos” pelos sentidos e ficam subliminares à consciência e constituem, metaforicamente, as sementes dos conteúdos conscientes futuros. O inconsciente, ou Self 2, nunca está em repouso, nem quando dormimos, ele está sempre em busca de agrupar e reagruparas informações recebidas.

Sendo assim, podemos dizer que esses conteúdos são pessoais, pois estão relacionados à existência do indivíduo quanto à sua aquisição. Mas podem ser mais específicos se os considerarmos como algo que exige certo reconhecimento e seus efeitos no passado de cada um de nós, assim como sua origem específica e as manifestações parciais, são conteúdos inconscientes pessoais.

PSC

Por outro lado, dada uma imagem mental em que não há aspectos exclusivamente pessoais, mas sim algo conhecido na esfera coletiva, que se espalhou universalmente e surge de novo em nosso inconsciente por meio de uma função psíquica natural, temos o inconsciente coletivo.

Desta maneira, podemos afirmar que o inconsciente tem componentes não só da esfera pessoal, como também impessoal, coletiva como categorias herdadas, ou arquétipos. Propomos aqui a ideia de que o inconsciente, em sua profundidade, tem conteúdos coletivos, em estado relativamente ativo, por isso, designamos inconsciente coletivo que promove uma ampliação da personalidade.

Poderíamos então considerar a consciência pessoal como algo contrário à coletiva?

Em primeiro lugar, é preciso fazer uma diferenciação. De fato, a psique coletiva se faz na soma de fatos e eventos sentidos na esfera pessoal. O adjetivo “pessoal” será utilizado para designar algo que pertence exclusivamente a uma determinada pessoa. A consciência apenas pessoal imprime em cada pessoa seus direitos de autor e de propriedade no que se refere aos seus conteúdos internos, na procura da construção de um todo.

A esta parcela contrária da psique coletiva, Jung deu o nome de “persona”. A história deste termo encontra-se no teatro. Persona era o nome da máscara usada pelo ator, significando o papel que ele desempenharia. Neste momento, a tentativa de estabelecer uma distinção entre o material psíquico consciente e o inconsciente, causa um grande dilema: teríamos que admitir que vale tanto para o inconsciente coletivo quanto para a persona dizermos que seus conteúdos são gerais.

Ao entender a persona como um recorte, de certa forma, arbitrário e acidental da psique coletiva, temos que reconhecer que seria um erro considera-la como “um todo”, algo apenas individual. Afinal, como seu próprio nome nos revela, persona é uma máscara, que aparenta uma individualidade escondida na psique coletiva, isso fica evidente quando procuramos convencer aos outros e a si mesmo com reiterados discursos.

Identificando as Personas

De qual persona estamos falando afinal? Daquela que debaixo da aparente máscara de individualidade esconde sua psique coletiva, da representação de um compromisso entre o indivíduo e a sociedade sobre aquilo que alguém parece ser: título, ocupação, isto ou aquilo. Em certa medida, os fatos são reais, mas em relação à individualidade essencial da pessoa, representam algo secundário.

Voltemos ao ponto que o inconsciente possui algumas camadas, aquela mais superficial é denominada por Jung como inconsciente pessoal, que por sua vez, está apoiado em uma camada mais profunda, cuja origem encontra-se nas experiências ou aquisições pessoais, sendo, portanto, inata ao ser humano. Esta camada mais profunda é definida como inconsciente coletivo, este adjetivo dado, tem como intenção apenas diferenciar aquilo que é da persona, pessoal, do que é construído pela humanidade e independe da ação voluntária da pessoa, refere-se a certos comportamentos comuns em todos os grupos, ou seja, idênticos a todos os seres humanos.

Para tratar de uma existência psíquica, há que se considerar que ela só pode ser reconhecida através de conteúdos capazes de serem conscientizados, como afirma Jung (2011). Os conteúdos do inconsciente coletivo também podem ser chamados de arquétipos.

Este termo vem há muito tempo sendo utilizado por diversos povos como uma referência à imago dei no homem. Várias literaturas antigas trazem o termo arquétipo como forma de se alusão a algo que está colocado como verdade absoluta, de tipos arcaicos que estão postos desde os tempos mais remotos e que estão presentes em nosso inconsciente coletivo.

O Arquétipo

O conceito de arquétipo só pode ser aplicado indiretamente às representações coletivas, contanto que designem apenas aqueles conteúdos psíquicos que ainda não foram submetidos à elaboração consciente capaz de julgar e avaliar.

O conteúdo inconsciente que o arquétipo representa se modifica ao longo do tempo por causa das interações com a consciência e a percepção individual na qual ele se manifesta. Sem dúvida, o significado do termo arquétipo fica mais claro, quando o relacionamos com o mito, ensinamento esotérico e o conto de fada.

O homem em sua forma rudimentar não se interessa por respostas óbvias e objetivas, mas sim existe uma necessidade premente de assimilar toda a experiência externa e sensorial a acontecimentos anímicos. Como por exemplo, explicar o nascer e o pôr do sol, esta observação empírica, corresponde no inconsciente a uma trajetória de um deus ou herói, que no fundo habita em cada um de nós.

O arquétipo do velho sábio é sinônimo do mago que nos remonta à figura do xamã na sociedade primitiva. Como a anima, ele é imortal, sua luz penetra na obscuridade caótica da vida. Podemos considerá-lo como um iluminador, o professor, mestre, um guia das almas (psicopompo, segundo Jung).

Jung declara que tanto nos sonhos como nas histórias fantásticas, o arquétipo do Velho aparece em figuras espirituais, na forma de funções espirituais onde os seres possam buscar uma sabedoria além da matéria. “O velho sempre aparece quando o herói se encontra numa situação desesperadora e sem saída, da qual só pode salvá-lo uma reflexão profunda ou uma ideia feliz […]” (JUNG, 2011, p. 214). É como se, metaforicamente, ele estivesse incumbido da figura do oráculo, aconselhando o que o herói deveria pensar por si só, mas não o fez, uma reflexão com o objetivo de concentrar forças morais e físicas no Self 2 unindo todas as virtudes em dado momento crítico. O velho sábio, mostra ao herói que ele não terá ajuda, que não há saída possível, ele deverá contar consigo mesmo. Dessa maneira, acredita-se no empoderamento individual que determinará seu comportamento.

A mediação do velho estabelece “a objetivação espontânea do arquétipo” Jung (2011, p. 217) e isso fundamental ao considerarmos que a vontade do Self 1, nossa mente consciente é incapaz de consolidar a personalidade de forma que alcance o êxito, por esse motivo é necessário que seja feita uma intervenção objetiva do arquétipo, ele é que equilibrará a reação emocional através dos confrontos internos e tomadas de consciência.

O velho tem uma dupla representação, de um lado: o saber, o conhecimento, a reflexão, sabedoria, inteligência e intuição, do outro lado: qualidades morais como bondade, generosidade e gentileza. Essas são as características de sua qualidade espiritual. Como uma das qualidades do humano é ser dual, o arquétipo do velho tem caráter positivo e negativo e isso pode ficar subentendido nos contextos em que ele aparece, pode ser modesto ou ingênuo, generoso ou egoísta, com o único objetivo de promover a reflexão, em suma, o arquétipo do ancião tem caráter ambíguo.

De forma imediata, os arquétipos se apresentam como personalidades em atividade e em nossos sonhos e fantasias. O processo arquetípico constitui outra categoria, denominada por Jung como arquétipos de transformação, estes não são personas, mas sim situações típicas, lugares, meios, caminhos, cada qual com a simbologia verdadeira e específica que não podem ser interpretados exaustivamente nem como sinais nem como alegorias. São dotados de ambiguidade, pressentimentos e em última análise, inesgotáveis.

Para ter uma ideia deste processo simbólico, podemos fazer referência às séries de imagens alquímicas, mesmo que sejam tradicionais, elas têm certa procedência e significação. O sistema de chacras tântricos, ou sistema nervoso místico da ioga chinesa, a série de imagens do tarô, também são exemplos de construção do processo simbólico.

O conceito de arquétipo junguiano, adotado é de que este possui uma correlação indispensável com a ideia do inconsciente coletivo, indica que existem determinadas formas na psique que estão em toda parte e nos acompanham por toda a vida. A mitologia traria este conceito como “motivos” ou “temas”. No campo das religiões comparadas, encontramos “categorias da imaginação”, outro pesquisador como Adolf Bastian designou como “pensamentos elementares” ou “primordiais”.

A Psicologia que insiste na natureza pessoal do humano, ao estudar os instintos, como fatores biológicos e universais, busca explicar o conceito de arquétipo como um modelo básico de comportamento instintivo, fazendo uma analogia ao estudo de Jung, quando compara sua tese sobre os arquétipos com determinação natural às forças motrizes especificamente formadas que levam as pessoas a perseguirem suas metas inerentes antes de todo processo de conscientização. Poderia concluir que os arquétipos são imagens inconscientes dos nossos próprios instintos.

Os arquétipos aparecem no Self 2 como manifestação involuntária de processos inconscientes. Este estado de consciência primitiva diferencia-se do civilizado pelo subdesenvolvimento de sua extensão e intensidade como pensamento, vontade, desejo, entre outros aspectos. Tal fato fica evidente, quando paramos para analisar como os pensamentos acontecem, e concluímos que são de forma inconsciente, espontâneos e causais.

O arquétipo é definido na concepção junguiana como um “órgão da alma”, que está presente em cada um, ou seja, que é individual e coletivo ao mesmo tempo. Ele representa ou simboliza alguns fatos instintivos da psique primitiva sombria, da fiel matriz consciente. Este é um dos motivos pelos quais a representação mitológica da criança não tem nada a ver com sua concepção conceitual, mas um símbolo que reconhecemos como: divino, prodigioso, não precisamente humano, gerado, nascido e criado em circunstâncias extraordinárias, de feitos maravilhosos ou monstruosos, mas genuínos e verdadeiros.

A Criança Arquetípica

A função da criança arquetípica é representar algo que não está presente apenas no passado, mas sim presente, não como um vestígio do que se foi, mas como um sistema que ainda funciona e é destinado a compensar ou reparar a tendenciosidade ou exageros que são inevitáveis da consciência. O homem primitivo se caracteriza por estar mais próximo do instinto animal por alguns princípios como a neofobia (terror do que é novo) e o tradicionalismo. Quando nos deparamos com a ameaça de erradicação, necessitamos de uma compensação que se dá pelo estado infantil que ainda se encontra presente em nosso inconsciente.

Outro enfoque para a criança arquetípica é seu caráter de futuro potencial. Em regra, o motivo da criança na psicologia de desenvolvimento do indivíduo refere-se à antecipação de desenvolvimentos futuros, mesmo que em um primeiro momento, pareça uma retrospectiva do passado. Em resumo, a criança prepara uma futura transformação da personalidade. No processo de se tornar indivíduo, chamado de individuação, por Jung, a “criança” arquetípica, antecipa em nosso Self 2, uma figura que nasce da síntese de elementos conscientes e inconscientes da personalidade. Trata-se de um símbolo de união dos opostos, um mediador, um portador da salvação, alguém que propicia completude. Quantas crianças representam heróis na mitologia? Ou ainda, quantas características infantis os heróis apresentam?

A invencibilidade da criança está presente em inúmeros paradoxos que as envolvem, tanto pelo fato de estarem entregues a inimigos poderosos, ameaçadas pelo perigo da extinção, mas ao mesmo tempo tão poderosas, que chega a ultrapassar a medida humana. A criança circula entre o aspecto da insignificância à divindade.

A criança representa o mais forte e irresistível impulso do ser, realizar-se a si mesmo, nos apresenta uma impossibilidade de ser-de-outra-forma, que munida de forças instintivas naturais, sempre se confunde em uma possibilidade de ser-de-outra-forma por motivos conscientes. Esta grandeza e invencibilidade da criança estão presentes nos contos indianos sobre o Atmã. Refere-se ao que é “menor do que pequeno e maior do que grande”: o Self 2, si-mesmo, como fenômeno individual é “menor do que pequeno”, mas em comparação ao mundo é “maior do que grande”.

Quando Marie-Louise Von Franz, baseada na teoria junguiana utiliza o termo “Puer Aeternus” para designar “Eterno Jovem”, ela nos traz a elucidação sobre a ligação entre Puer Aeternus, um deus da antiguidade que simboliza a vida, a morte e a ressureição, deus da “juventude eterna”. O que é a juventude senão a morte da infância, o renascimento de uma nova pessoa e o início da vida adulta. Este arquétipo está relacionado com as características de jovens, que talvez na vida adulta, ainda tenham os sonhos e as fantasias, a energia vital, desejo de renovação, a semente criadora da alma, a inspiração que nos movimenta a novidade que fortalece.

O arquétipo do jovem é totalmente o oposto tanto ao da Criança quanto ao do Velho. A consciência “puer” apropria-se das características da falta de permanência e de instabilidade impaciente, que não cessa. O jovem, por ser autossuficiente, tem resistência em fazer laços ou se relacionar. Ou, ele se relaciona primeiro para fazer o laço depois. Isso confere ao “puer” um traço narcísico. Como o princípio químico o “puer” representaria a desintegração, faz sentido pensar que nesta fase da vida o jovem está se desintegrando, se desprendendo de sua vida infantil rumo à vida adulta?

Alguns estudos posteriores a Jung, como MOORE e GILLETTE (1993) caracterizam o arquétipo do guerreiro por atitudes que estimulam energizam e motivam, as características destes personagens míticos, podemos citar a clareza de pensamento, precisão, força e habilidade sempre em alerta. O guerreiro é aquele capaz de recuar em um momento crítico e contornar a situação, caso necessário sempre pensando em como atingir seu objetivo. Ele é capaz de suportar a dor e viver na iminência da morte, um verdadeiro líder que luta pelos interesses de sua tropa. Encara os desafios sem temer, com responsabilidade, autodisciplina, distanciamento emocional dos problemas e de questões da vida pessoal, luta e não tem facilidade e sentir, usa todo o Self 1 para planejar, de forma estratégica seu sucesso. “Sua ação é a Tradicional (movida pelo costume arraigado), de imitação puramente reativa, orientada pelo sentido, reação surda a estímulos habituais na direção da atitude arraigada” (WEBER, 2004).

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A Roda da Abundância

Na roda da abundância, fazemos incessantes relações entre os verbos a declarar com os arquétipos de Jung. Por qual motivo? Pelo fato de que cada uma de nossas atitudes externas estão relacionadas a um estado de alma, um encontro entre o Self 1 e o Self 2. As metáforas entre personagens míticos podem fazer sentido da maneira como foram colocadas, mas se para você algumas não fizerem sentido, pode trocar os termos. Como na metáfora da tropa do guerreiro, ele pode representar sua família, a empresa em que você trabalha suas relações pessoais.

Em que momentos, você percebe que tem uma energia vital fora do comum? Ou ainda, em que momentos você percebe que tem um movimento impaciente, desejo de renovação, a inspiração que te movimenta rumo à novidade? Podemos ir mais longe, que tal refletir sobre as decisões que precisou tomar e envolviam todo seu conhecimento, reflexão, sabedoria, inteligência, intuição, bondade, generosidade e gentileza, tão características do ancião. Convido você a viver uma experiência infante, nos momentos de sonho, ousadia, futura transformação da sua personalidade, completude, arriscar-se ao declarar para si e para o Universo seu desejo, quem você é e o quem a oferecer.

Estes são movimentos inconscientes da Roda da Abundância. Convido você a participar ativamente de seu processo inconsciente e ter certo controle sobre as ações e atitudes neste maravilhoso mundo conhecido como Self.

Bibliografia

FRANZ, M.L. von. Puer aeternus. A luta do adulto contra o paraíso da infância. São Paulo: Paulus, 1992.

JUNG, C. G., O Eu e o inconsciente; tradução de Dora Ferreira da Silva. Petrópolis: Vozes, 1987 (Obras completas de C. G. Jung, Vol. 7, T.2)

JUNG, C. G., Os arquétipos e o inconsciente coletivo; tradução de Maria Luiza Appy, Dora Maria R. Ferreira da Silva. Petrópolis: Vozes, 2011, 7ª ed.

HILLMAN, J. O Livro do Puer. Ensaios sobre o Arquétipo do Puer Aeternus. São Paulo: Paulus, 1999.

MIKLOS, J., ESCUDERO, A. P. Sob o Arquétipo do Puer: Juvenilização, Comunicação e Consumo na Cultura Contemporânea. Revista digital Vozes & Diálogo, Itajaí, v. 14, n. 01, jan./jun. 2015. Disponível em https://siaiap32.univali.br/seer/index.php/vd/article/view/6946/4538 . Acesso em 28/01/2016.

MOORE, Robert; GILLETTE, Douglas. Rei, guerreiro, mago, amante: a redescoberta dos arquétipos do masculino. Rio de Janeiro: Campus, 1993.

Pereira. H. C. Da metamorfose dos deuses: capitalismo e arquétipo no século XXI. Publicação digital da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Psicologia. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/9110/7492. Acesso em 28/01/2016.

WEBER, Max. Economia e Sociedade – Vol. 1. Brasília: UnB, 2004, pág. 15