Quem é você? Quem sou eu? Quem somos nós? No fundo a resposta de uma das questões mais existenciais da nossa vida é quem nós somos? De onde nós viemos? E para onde nós vamos? Aceitar a dualidade do ser humano, é um dos primeiros passos rumo a nossa evolução, a nossa aceitação, ou o encontro de nós mesmos.

Ao aceitar a dualidade do ser humano, você começa aceitando a própria luz e a própria sombra. Mas mais do que isso, a certeza absoluta que tudo o que acontece dentro de nós parte de dois estados internos. O primeiro estado interior de que tudo acontece, é o estado de sofrimento, é o estado do ego, é o estado que não existe espaço para mais ninguém. É você, a sua busca, a sua dor e o seu sofrimento.

Mas existe um outro estado interior, de beleza interior. E o estado interno do não sofrimento, é o estado interno do amor, e o estado interno da mente inconsciente, da unidade, da conexão, da divindade. E agora nesse momento ao me ouvir, ou ao se ouvir, talvez você possa perguntar para você: de qual estado interior você está me ouvindo? De qual estado interior neste momento, neste segundo você se conecta com essa história, com a minha voz ou com a sua voz? Com o estado interno de sofrimento, do ego, do eu, de fechar o espaço para o outro. Ou talvez você esteja me ouvindo de um outro ponto.

Do segundo e único estado interno existente. O estado interno de não sofrimento, o estado interno de amor, de conexão, de unidade. Dentro de nós, existe uma divindade dentro do ser humano, uma luz maior. Algo que é maior que o intelecto, que os três cérebros, que a nossa própria mente.

O estado interno do eu. O nosso cérebro, a consciência, o estado interno da unidade, a consciência da alma, do não sofrimento. E talvez a aceitação da dualidade do ser humano possa ter começado lá atrás. Imagine, imagine uma criança. Ou melhor, duas crianças no ventre de uma mãe. Dois bebês. Imagine um diálogo, que pode ter acontecido lá atrás.

Um diálogo interior que pode ter acontecido dentro do útero da sua mãe. Gêmeos. Imaginariamente, hipoteticamente conversando um com o outro. E a reflexão da existência da vida, talvez pode ter começado na nossa vida intrauterina.

Um bebê gêmeo perguntando para o outro: Você acredita que existe vida após o parto? E talvez o outro tenha respondido: Sim, é claro! Tem que haver vida após o parto! Talvez, você e eu, meu irmão, nós estejamos aqui para nos preparar. Talvez essa vida, essa gestação, esses nove meses seja apenas um preparo do que vira mais tarde e talvez o que virá mais tarde seja outro preparo para o que virá ainda mais tarde.

PSC

Mas imagine que um desses gêmeos tenha respondido: Isso é bobagem, idiotice, nada disso. Não há vida após o parto! Que tipo de vida seria essa? Impossível! E aí o grande diálogo entre irmãos, um grande diálogo entre nós mesmos dentro da barriga da nossa mãe. Eu não sei, mas talvez, este lugar após o parto vai ter muito mais luz do que a luz que tem aqui. Talvez nós poderemos andar com as nossas próprias pernas. Talvez nós poderemos comer e falar e profetizar e sonhar com as nossas próprias bocas. Talvez, talvez teremos outros sentidos que não podemos entender aqui no ventre materno.

Mas imagina que esse diálogo entre esses dois gêmeos tenha se tornado uma discussão. E o primeiro gêmeo retruca: Isso é um absurdo, porque andar é impossível! Não tem espaço nesse mundo! Comer com a boca, isso é mais absurdo! É o cordão umbilical que nos fornece todo o alimento, tudo aquilo que nós precisamos. E o cordão umbilical é pequenininho. Não existe vida após o parto. Olha só o tamanho desse cordão umbilical!

Ah mais isso poderia ser um grande embate, onde o segundo gêmeo talvez um dia tivesse insistido: bem, eu acho que alguma coisa sim e que talvez a vida após o parto, seja muito diferente do que é aqui. Talvez a gente nem vai precisar deste tubo físico, deste cordão umbilical.

Ah, meu irmão, você está doido! Se há realmente vida após o parto, então porque ninguém jamais voltou depois do parto para cá? O parto é o fim da vida. E no pós-parto não há nada, nada além da escuridão, além do silêncio, além do esquecimento, além do fim. O parto não nos levará a lugar nenhum. É mas o outro retrucou: Eu não sei, mas certamente quando eu nascer, eu vou encontrar a mamãe. E ela vai cuidar de nós. A mamãe. Ou talvez a mamãe-terra, ou talvez o papai-céu. Ou talvez a mamãe.

E o segundo gêmeo disse: Ela está ao nosso redor, nossa mamãe está cercada de todos os lados, nós somos parte dela. É na mamãe que nós vivemos, sem ela, nossa gestação e o nosso mundo não seria e não poderia existir.

E o outro disse: Mas eu não posso vê-la! Se eu não posso ver a minha mãe, é claro que ela não existe. Se eu não posso ver o outro lado dessa gestação, dessa vida uterina, é claro que não existe nada fora daqui.

E o segundo respondeu: às vezes, quando você está em silêncio, se você se concentrar, você realmente, verdadeiramente vai começar a ouvir, você poderá perceber a presença dela. Ou da mãe-terra, ou da mãe natureza ou da mamãe. E você poderá ouvir a sua voz, a voz amorosa que vem lá de cima, ou aqui de dentro, tão perto, ou tão longe de nós.

Eu fico pensando e imaginado que a consciência do eu, limitada, medrosa, apavorada, egoísta, que a consciência do eu, da dúvida, da incerteza se existe algo além do lugar que você está, além do lugar em que você vive, mas existe uma consciência maior.

Uma consciência da unidade, uma consciência do Universo, uma consciência da divindade que existe dentro de nós. E nessa consciência, mesmo sem ver, a gente talvez, possa acreditar que o final de um ciclo, ou o parto, ou a morte, não é exatamente um final de um ciclo.

E o parto não é o fim e talvez nem o começo, mas só o começo de mais um fim. E talvez depois que a gente nasce existe outra vida uterina, dessa vez da mãe-terra, do pai-céu e talvez depois dessa segunda vida uterina ou quem sabe a décima, ou a terceira ou não sei qual existam outros partos e outras mãe e outros pais, numa dimensão maior, de uma dimensão energética, de uma dimensão quântica. Mente da alma, mente do ego. O que limitado, e o que é infinito.

Reflita sobre isso. Porque sempre existirá apenas dois estados internos que você pode viver. O Estado Limitado do ego, ou o Estado Infinito da alma.