Imagine que você passou uma vida inteira saindo cedo para trabalhar, convivendo com seus colegas, exercendo várias atividades, sendo ativo e participativo. Ou que você cuidava da casa, de seus filhos, ia para lá e para cá com diversas atividades, muitas vezes chegando a se sentir sobrecarregado. O mais importante é que você se sentia prestativo, tinha um propósito que o fazia levantar todas as manhãs, tinha companhia, conviva com diversas pessoas, e sentia que tinha um objetivo, que a sua vida, de maneira geral tinha um sentido.
Com o passar dos anos nossa vida vai seguindo, transitamos por diversas fases típicas, conhecemos pessoas, trabalhamos, às vezes casamos e temos filhos. E então parece que um dia tudo isso desaparece. É comum que as coisas mudem repentinamente ao chegar a aposentadoria e os filhos saírem de casa.
Chega a velhice, o corpo e a saúde não são mais os mesmos, ficamos mais debilitados e necessitamos maior cuidado. Tudo isso contribui para um sentimento de abandono, solidão e falta de propósito, motivos e de realização. Afinal, parece que tudo já passou, que já acabou. Estamos mais perto do fim de nossas vidas. Vem aquele pensamento: o que eu faço agora?
A solidão e desmotivação, além da perda de muitos amigos e pessoas próximas que já se foram, além do afastamento comum dos filhos, tudo isso podem ser fatores que influenciam imensamente o aparecimento da depressão em idosos.
Os sintomas da depressão geriátrica são diferentes daqueles percebidos em outras fases de nossas vidas. Sinais como melancolia e abatimento podem permanecer escondidos. O idoso pode, ao invés disso, mostrar outros sinais pela sua fala, como lamentar-se de dores pelo corpo ou de doenças, ou talvez fazer declarações muito negativas sobre a vida e sobre o futuro.
A depressão na terceira idade exige maiores cuidados e atenção pois podem agravar outros casos e doenças que já estão estabelecidos no organismo da pessoa. Talvez por falta de estímulo emocional a pessoa pare de prestar tanto cuidado com sua saúde, deixa de tomar os remédios necessários e fazer a profilaxia devida para prevenir-se de futuras enfermidades que possivelmente o possam acometer.
A depressão geriátrica exige cuidados diferenciados pois o corpo ancião é muitas vezes mais frágil e já está acometido por outras patologias. Uma das preocupações médicas mais importantes a se considerar é se os órgãos que metabolizam medicamentos como antidepressivos conseguem aguentar as doses necessárias dessas drogas. Afinal, não se pode combater um problema que possivelmente possa causar outro.
De acordo com pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realizada em 2013 a faixa etária dos 60 a 64 anos de idade era fortemente afetada pela depressão: 11,1% foram diagnosticados com a doença.
A população mundial está envelhecendo consideravelmente. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) até 2050 o número de pessoas idosas no mundo passará de 12% para 22%. Este é um número considerável de pessoas e possivelmente haverá um aumento também nos casos de depressão.
Com o avanço tecnológico, os cuidados paliativos, cirurgias e novos medicamentos estamos de fato vivendo mais. Mas não basta viver mais tempo, se não aproveitarmos com qualidade de vida, não é mesmo? Por isso a depressão na terceira idade, mesmo com suas particularidades e dificuldades, tem que ser levada muito a sério.
O processo de envelhecimento é absolutamente normal e natural, portanto ficar mais velho, por si só, não significa que a pessoa é ou está doente. Portanto a velhice em si não deve ser percebida como um limitante, ainda há muito o que se ver e fazer. E tanto o indivíduo ancião, quanto os parentes que convivem com ele devem ter isso em perspectiva. Essa mentalidade contribui para uma vida mais ativa, e desse modo, mais feliz.
Normalmente, quando ficamos mais velhos, traços de nossas personalidades quando jovens ficam acentuados. Assim se somos mal-humorados quando mais novos isso tende a ficar exacerbado quando idosos. Aqui é importante ressaltar a importância da maneira como encaramos a vida e as situações do dia a dia para o nosso humor e para nossa saúde. Por isso manter hábitos saudáveis durante toda a vida é tão importante, pois eles certamente refletirão em nossa saúde no futuro, inclusive na mental.
Assim como a depressão na adolescência, em que certos comportamentos são encarados como comuns da idade, e que podem dificultar o diagnóstico preciso, a depressão em idosos também tem suas particularidades e complexidades. Os sintomas podem ser encarados como uma apatia, fadiga e oscilações de temperamento que são típicos da idade.
Além disso duas importantes questões também têm que ser levadas em conta a demência e o Mal de Alzheimer. Um quadro que os familiares podem estar considerando como uma demência pode na verdade ser um de depressão, o que acaba culminando em atitudes de distração, imprudência, esquecimento, apatia e desânimo.
Ademais por causa de todo este desinteresse pela vida, pelo que o cerca e até por si mesmo, ele pode acabar descuidando ainda mais da saúde, alimentação, sono e de sua higiene, o que pode causar ou agravar mais males.
Por isso é importante estar atento aos principais sintomas da depressão geriátrica e suas peculiaridades. São eles: tristeza profunda e persistente, principalmente relatada ou percebida durante boa parte dos dias. Abandono de atividades que lhe davam prazer anteriormente, ou falta de interesse de modo geral em qualquer hobbie. Alteração nos padrões alimentares e de sono, que podem ser excessivos ou diminuídos. Perda de energia e fazer as coisas com mais lentidão e perder o foco e atenção com mais facilidade, tudo podem ser indicadores de uma complicação emocional maior.
Outros sinais podem incluir sentir-se desolado, sem perspectivas e pessimista, com medo de ficar doente, passar a consumir e abusar de álcool e drogas para esconder ou fugir o sofrimento. Buscar ficar mais sozinho e se isolar também precisam ser percebidos com cuidado, pois também podem indicar que algo não vai bem com este sujeito.
Um dos fatores mais importante no combate e prevenção da depressão geriátrica é manter a qualidade de vida. Ter uma rotina agradável que inclua exercícios físicos, atividades prazerosas e que gerem prazer e felicidade ao indivíduo, a participação em grupos que contribui para a socialização e sentimento de pertencimento e interação, cuidar de um animalzinho que faça companhia e estar sempre convivendo com a família e os parentes são fundamentais para o sentimento de propósito e inclusão.
O tratamento para depressão deve ser aconselhado por profissionais da área e podem incluir o uso de medicamentos específicos para as condições da idade. Mas um dos fatores mais importantes, definitivamente, é a família, parentes e cuidadores estarem atentos aos sinais, ser pacientes e inclusivos. Escute aqueles que tem mais sabedoria, tenha vontade de entender mais sobre a trajetória dos mais experientes, contribua para a integração e aumento do sentimento de amor-próprio dessa pessoa que, de alguma maneira, já fez tanto por você. Isso certamente contribuirá para sua melhora e também fará bem a você e a sua alma.
Fontes:
https://www.vix.com/pt/saude/544225/como-identificar-depressao-em-um-idoso-7-sintomas-costumam-denunciar
https://g1.globo.com/bemestar/noticia/2018/11/22/depressao-em-idosos-quais-os-sinais.ghtml
https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/vida/noticia/2017/06/depressao-em-idosos-os-riscos-e-as-armadilhas-da-doenca-nesta-fase-da-vida-9806590.html
https://tecnosenior.com/depresso-em-idosos/
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