Escrever um livro a quatro mãos significa compartilhar os significados de duas vidas. E “vida” é uma excelente palavra para nos referirmos a uma obra pela qual temos um apreço quase maternal. Aqui, estamos dispostos a dialogar sobre algo belíssimo: a vida! Só a vida pode unir coisas que para uns são absolutamente distintas — mas, se a vida não é encontrar a conexão entre tudo no mundo, o que ela seria?

Estamos aqui, um padre salesiano e um mestre de Coaching, juntos para ajudá-lo a perceber que, se você fez alguma formação em Coaching ou passou pelo processo de Coaching com alguém e achou que era algo muito mágico, dotado de uma mística quase religiosa, você não estava delirando! Há uma perspectiva espiritual no Coaching, assim como há na religião uma ação coach por parte dos líderes religiosos.

Para tratar sobre essa relação e a mística que envolve o processo de Coaching, este livro está estruturado em sete capítulos. Esse número, obviamente, não faz parte de um acaso ou uma escolha aleatória. Da parte da religião, o livro se divide nas sete partes que estruturam a missa: Acolhida; Ato Penitencial; Escuta da Palavra; Comunhão; Bênção; Envio e Vida Eterna. Da parte do Coaching, são as sete partes da sessão de Coaching: Conexão; Consciência de si mesmo; Entendimento da mente; Concentração; Satisfação; Tarefas; Missão e Legado. Sete passos que perpassarão os sete níveis do desenvolvimento humano.

Em cada capítulo, com vistas a um didatismo necessário, há títulos dedicados à religião, e ela virá primeiro por existir há mais de dois mil anos, e títulos dedicados ao Coaching; sempre um na sequência do outro. Com essa organização estamos, ambos os autores, envolvidos na concepção de uma leitura nova para a relação entre o Coaching e a religiosidade. Esperamos que cada tópico de Coaching evidencie, para você, leitor, uma clara ligação com o tópico de espiritualidade a ele associado. A religião se restringe a um público definido, dotado de crença, voltado claramente para a existência de Deus. Coaching se amplia aos diversos públicos, dotado de ciência, voltado para o respeito ao Universo.

Crença e ciência se somam. Deus e Universo resultam em espiritualidade. 

Pela espiritualidade, seja o fiel, seja o coachee, busca-se o autoconhecimento e o empoderamento. O estado desejado, quer na religião, quer no Coaching, é a luz. Uma vez descoberta essa luz, seja pelo fiel, seja pelo coachee, descobre-se servindo. Como servidores, se identificam numa missão. O fiel, como missionário, se serve da religião, nas suas diferentes realidades do mundo, cresce racional e emocionalmente no amor, buscando estar em sintonia com o bem comum. O coachee, como ser de luz, se serve do Coaching buscando o autoconhecimento e se assegurando como promotor das conexões de paz, harmonia consigo mesmo e com tudo que está à sua volta.

Ao ler este livro, não necessariamente na sequência, é possível fazer uma leitura apenas com o foco na religião, ou fazer uma leitura apenas com o foco no Coaching. Pode-se também optar por garimpar as partes de acordo com o interesse, lendo aqui um tema, ali outro, sem necessariamente estar em sequência.

PSC

É muito importante você saber que escrevemos este livro predominantemente na 1ª pessoa do singular, ou seja, dizendo “eu”.

Logo, a voz que fala “eu” nos temas religiosos é de Pe. Jovandir Batista, e a voz que fala “eu” nos temas ligados ao Coaching é de José Roberto Marques. Optamos por essa estrutura, porque não podemos abrir mão das nossas experiências ao escrevermos sobre temas que fazem parte diretamente da construção de nossas vidas.

Os temas, aliás, são sugestivos e podem ser ampliados em rodas de conversa, em processos de atendimento, palestras, retiros e cursos.

Nossa intenção não é esgotá-los ou enunciar a derradeira palavra, mas abrir espaço para a reflexão de cada um desses temas. Há perguntas que, fazemos votos, acompanharão a leitura deste texto:

  • Como eu posso fazer desse ou daquele tema um assunto de discussão no meu ambiente de convívio?
  • Quais outros pontos eu poderia explorar a partir dessa ou outra ideia que aqui me é revelada?

Qual a visão aqui desenvolvida que, se eu a substituísse por outra, me daria um novo rumo, um novo sentido a partir da essência aqui desenvolvida?

  • Que tal chamar um padre para desenvolver esse ou aquele assunto na minha comunidade?
  • Quem sabe, trazer um coach para explorar mais determinado conteúdo com o meu grupo?

Através dessas e outras perguntas, você dá outro sabor à leitura, outra riqueza à proposta deste livro. Sendo você um fiel cristão ou um coach, ou comungando dos dois lados, como nós, não terá nenhuma dificuldade para compreender tais sugestões. O seu jeito é o jeito certo, e caso alguma coisa não faça sentido segundo a sua compreensão, procure ficar com a intenção positiva do todo, e não somente com a parte.

O conhecimento da missa facilitará a leitura para os católicos, mas alguém que seja de outra religião ou que não tenha religião também aproveitará de tudo que foi pensado e dito nestas próximas páginas. Este livro não é um livro de Ciências da Religião ou Teologia, mas, sobretudo, uma forma de diálogo suprarreligioso que quer falar a todas as pessoas que, de alguma forma, acreditem no poder criador de Deus.

Também será fácil compreender este livro para os que já têm algum conhecimento de Coaching, sobretudo de sua relação com os 7 níveis da Teoria do Processo Evolutivo. Os temas conversam entre si. Assim como duas linhas paralelas que, em tese, jamais se encontram, masque, no infinito, se tornam uma só.

Talvez se veja com dúvida, em algum capítulo, sobre a conexão entre religião e Coaching. Talvez, em alguns, pareça tudo religião ou, tudo Coaching. É isso mesmo, isso é bom, pois nossa visão com este livro é mostrar o quanto Coaching e religião ou espiritualidade estão dentro do mesmo campo de atuação. E o que mais esperamos: que públicos religiosos conheçam o Coaching. E que o público que chegar aqui com interesse pelo Coaching se desperte para a espiritualidade.

Dentro da ideia das duas linhas paralelas, o que num primeiro momento parece estranho e até impensado, no horizonte das intenções, se concretiza. A partir destas reflexões, é possível pensar em muitas ações práticas, o que chamamos de insights, isto é, intuições. Faz muito sentido estar com um bloquinho de anotações e uma caneta para anotar os insights que lhe forem surgindo. Quando eles aparecem, precisam ser imediatamente anotados. Dificilmente voltam em um momento posterior com a mesma intensidade com que vieram na primeira vez.

Cada leitor com a sua experiência. A cada leitura, novas reflexões e novos  insights.
O caminho se faz caminhando. Vamos em frente.                                                                                                                                                                                                                                                                                  Copyright: 1063994864 – https://www.shutterstock.com/pt/g/PopTika