A síndrome extrapiramidal é um transtorno que pode surgir como reação a certos medicamentos antipsicóticos. Trata-se de um conjunto de reações que um indivíduo pode vir a apresentar durante um tratamento que envolva esses fármacos, como: movimentos involuntários e incontroláveis, tremores e contrações musculares. Em alguns casos, esses sintomas podem afetar drasticamente a vida do paciente, dificultando a locomoção, a comunicação e a realização de tarefas do cotidiano.

Continue acompanhando para entender melhor o que é a síndrome extrapiramidal e saber por que ela ocorre.

Saiba mais sobre a síndrome extrapiramidal e como ela se manifesta

A síndrome extrapiramidal pode ocorrer com adultos e crianças que precisem fazer algum tipo de tratamento utilizando medicamentos antipsicóticos. De maneira geral, os sintomas começam a aparecer logo após a ingestão da primeira dose, porém, existem casos em que surgem depois de alguns dias ou semanas. O tempo varia de acordo com o paciente e, também, com o tipo de sintoma apresentado, pois cada um tem a sua forma de se manifestar.

O nome síndrome extrapiramidal se refere ao sistema extrapiramidal, uma rede neural que está localizada em nosso cérebro e que atua regulando o controle e a coordenação motora. Em sua base estão os gânglios, nesse caso chamados de gânglios de base, um conjunto de estruturas de grande importância para a função motora e que precisam de dopamina para funcionarem corretamente.

Os medicamentos antipsicóticos, por sua vez, ajudam a melhorar os sintomas de diversas doenças de ordem mental, como agressividade, instabilidade de humor, impulsividade, entre outros. Eles atuam se ligando aos receptores de dopamina no sistema nervoso central, bloqueando-os, o que pode impedir que os gânglios da base, citados anteriormente, obtenham dopamina suficiente para seu funcionamento. E é assim que a síndrome extrapiramidal se desenvolve.

Vale ressaltar que os primeiros antipsicóticos desenvolvidos causavam a síndrome extrapiramidal em maior escala. Em se tratando dos medicamentos mais modernos, os efeitos colaterais tendem a ocorrer em taxas bem menores. Eles foram desenvolvidos de modo a se relacionarem com receptores de serotonina, deixando os de dopamina funcionando normalmente.

Sintomas da síndrome extrapiramidal

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Como foi dito, a síndrome extrapiramidal pode se manifestar de maneiras diferentes em cada paciente. Veja, a seguir, quais são os sintomas que podem surgir como decorrência do mau funcionamento do sistema extrapiramidal e os tipos de tratamento mais comuns.

Acatisia – Inquietação e desejo constante de se movimentar

A acatisia gera um intenso desejo de se movimentar, o que se assemelha bastante à inquietação comum aos transtornos de ansiedade. Contudo, a vontade não passa depois que o corpo se movimenta. Estima-se que 5 a 36% das pessoas que fazem tratamento com medicamentos antipsicóticos desenvolvem a acatisia. Além disso, o risco é mais alto entre aqueles que fazem uso de altas dosagens.

Tratamento: um medicamento betabloqueador pode ser indicado pelo médico para auxiliar na redução dos sintomas. Além disso, ele pode realizar uma redução na dosagem do antipsicótico.

Discinesia tardia – Movimentos faciais repetitivos e involuntários

Como o próprio nome sugere, a discinesia tardia surge tardiamente, após meses de uso do medicamento antipsicótico. Inclui movimentos faciais que são repetitivos e involuntários, como, por exemplo, torcer a língua, fazer movimentos da mastigação, estalar os lábios e estufar as bochechas. O indivíduo também pode experimentar alterações no andar e encolhimento dos ombros. Entre as pessoas que fazem uso de antipsicóticos mais antigos, chamados de primeira geração, a incidência de discinesia tardia é de 30%.

Tratamento: o médico poderá interromper a ingestão do medicamento, diminuir a dose ou mudar para outro. Em alguns casos, pode ser realizada uma estimulação cerebral profunda, que é um tratamento cirúrgico que utiliza um marcapasso para enviar impulsos elétricos a determinada parte do cérebro.

Distonia aguda – Contrações musculares involuntárias

Envolve contrações musculares involuntárias, com movimentos que geralmente são repetitivos e podem incluir espasmos oculares, torcer o pescoço ou a língua, entre outros. Esses movimentos podem ser breves, mas também afetar a postura ou enrijecer os músculos do indivíduo por um período de tempo, gerando dor e desconforto. Podem ocorrer episódios de engasgo e de dificuldade para respirar se a reação afetar os músculos da garganta.

A distonia aguda pode ocorrer com 25 a 40% das pessoas que fazem uso de medicamentos antipsicóticos. Contudo, é um sintoma mais comum entre crianças e jovens.

Tratamento: é possível que os sintomas melhorem com o passar do tempo. Entretanto, quando isso não acontece, o médico pode realizar uma redução na dosagem do medicamento.

Parkinsonismo – Sintomas semelhantes aos da doença de Parkinson

Recebe esse nome porque seus sintomas, embora variem em relação à intensidade, se assemelham muito aos da doença de Parkinson, com rigidez muscular, tremor, salivação excessiva, movimentos lentos e mudanças na postura. O parkinsonismo pode ocorrer com 30 a 40% das pessoas que fazem uso de medicamentos antipsicóticos.

Tratamento: geralmente envolve redução da dosagem ou troca de medicação. Além disso, dependendo da gravidade do caso, o médico pode receitar medicamentos usados no tratamento da doença de Parkinson.

Síndrome maligna dos neurolépticos – Reação rara e muito séria

Esse sintoma da síndrome extrapiramidal é o mais raro de todos e, possivelmente, também o mais grave. Os primeiros sinais a aparecerem costumam ser rigidez muscular, febre, sonolência e confusão mental. Também podem ocorrer convulsões. Essas reações geralmente surgem horas depois que o medicamento antipsicótico foi ingerido. Isso ocorre com 0,02% das pessoas que fazem uso desse tipo de medicação e pode levar ao coma, insuficiência renal e até à morte.

Tratamento: interrupção imediata da medicação e cuidados médicos específicos para o modo como a síndrome se manifestou no paciente. Quando o atendimento médico ocorre rapidamente, é possível que o indivíduo se recupere após algumas semanas.

Diagnóstico da síndrome extrapiramidal

Apenas um médico pode diagnosticar a síndrome extrapiramidal ou qualquer outra doença. Contudo, é importante que as pessoas em geral se mantenham atentas para identificar os sintomas em si mesmas ou em um ente querido quando estiverem fazendo uso de medicamentos antipsicóticos. Assim, torna-se possível procurar ajuda especializada imediatamente e aumentar as chances de o problema ser contornado.

Você já tinha ouvido falar a respeito da síndrome extrapiramidal? Deixe suas percepções no espaço para comentários abaixo e compartilhe o artigo em suas redes sociais, para que mais pessoas se informem e procurem ajuda ao surgimento de qualquer um dos sintomas descritos.

 

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