A visão de mundo que todos construímos dentro de nossas mentes depende de todas as percepções que temos do ambiente externo. Assim, é com base em todos os fatos e eventos exteriores que o sistema nervoso constrói uma representação interna desse mesmo mundo em nossas mentes.

É a partir dessa representação interna, com forte vínculo emocional, que o cérebro aprende rotinas e faz com que sejamos capazes de reagir aos próximos acontecimentos. Dessa forma, da próxima vez que algum evento semelhante acontecer novamente, seu cérebro reagirá mais rapidamente, pois já terá essa memória e essa emoção armazenadas, sem gastar muita energia.

Uma questão de sobrevivência

Esse mecanismo é muito importante e ajudou a espécie humana a evoluir com o passar do tempo. No entanto, ele também apresenta aspectos negativos.

Como se sabe, o objetivo do cérebro é garantir a nossa sobrevivência. Para isso, ele procura fazer com nós economizemos o máximo possível de energia. Ele não quer que a gente coma pouco e que faça muitos exercícios.

Por isso, ele sempre armazena todas as nossas memórias fazendo dieta ou praticando exercícios físicos como memórias negativas, associadas a sentimentos negativos. Por isso, a cada vez que pensamos em fazer dieta ou atividade física, o cérebro já se prepara para um momento ruim, de muito sacrifício. Nós criamos essa conexão como um mecanismo evolutivo.

Ativando sempre as mesmas memórias e os mesmos sentimentos, teremos como resposta os mesmos comportamentos. É por isso que alguém acostumado a uma vida sedentária e de alimentação calórica encontra tanta dificuldade em mudar seus hábitos. Ela tem dentro de sua mente uma representação de que saladas e academia são coisas horríveis e dolorosas.

Reprogramando os circuitos

A nutrição comportamental e emocional tem o objetivo de estimular o indivíduo a “reprogramar” sua mente para que deixe de disparar sempre as mesmas reações. Ela ajuda o sistema nervoso da pessoa a identificar mudanças no ambiente e, consequentemente, a adotar novos comportamentos.

PSC

É a partir desse mecanismo que o indivíduo conseguirá construir memórias mais favoráveis quando o assunto for alimentação saudável e atividade física. No entanto, ao fazer essa mudança, o cérebro terá que gastar energia, coisa que ele não gosta muito de fazer.

Por isso, a nutrição contemporânea não lida apenas com a dieta das pessoas, mas com uma análise de suas emoções e de seus comportamentos, para que as mudanças não sejam tão difíceis. Ferramentas e técnicas comportamentais ajudam os pacientes a construir novos circuitos em seus cérebros, fazendo-os perceber que novos alimentos e novos hábitos de atividade física também podem ser benéficos e prazerosos.

Assim, o indivíduo é capaz de reconhecer a alimentação desequilibrada e o sedentarismo como hábitos autodestrutivos. A partir dessa consciência, será possível, enfim, adotar novos hábitos e alcançar seus objetivos de emagrecimento e de estilo de vida mais saudável.

Mas antes, é preciso convencer o cérebro!