A palavra “perfeccionista” aparece em diversos contextos, como na resposta clichê à clássica pergunta de entrevistas de emprego “qual é o seu maior defeito?”. Geralmente, as pessoas escolhem essa resposta justamente porque ela é ambígua. Afinal de contas, ser perfeccionista é uma qualidade ou um defeito?

Neste artigo, vamos compreender melhor o significado do perfeccionismo e responder à pergunta-título, cuja explicação é um pouco mais complexa do que apenas “sim” ou “não”. Preparado para mergulhar neste tema? Então, siga em frente e boa leitura!

O que é o perfeccionismo?

O perfeccionismo é um comportamento adotado por algumas pessoas que desejam sempre ser perfeitas em tudo aquilo que fazem, seja uma prova na escola, um relatório no trabalho ou até mesmo uma receita culinária para ao almoço de domingo em família.

Segundos os psicólogos, a origem do comportamento perfeccionista vem de uma profunda insegurança do indivíduo. Ele entende que, se não for perfeito, será julgado pelas pessoas com as quais lida em seu dia a dia. Assim, essa busca pelo melhor resultado possível vem, na verdade, de uma necessidade de aceitação e de um medo profundo de rejeição.

Para ser “aprovado” pelas pessoas do seu meio, o indivíduo perfeccionista define para si padrões elevados de qualidade em tudo aquilo que faz. Esses padrões consistem em regras rígidas, que o próprio indivíduo impõe a si. Ainda segundo os especialistas no tema, as pessoas perfeccionistas frequentemente tiveram esse tipo de criação mais rígida na infância. Na idade adulta, carregam consigo essa necessidade de ser perfeito.

Afinal, ser perfeccionista é bom ou ruim?

Como em praticamente tudo aquilo que se refere ao comportamento humano, há os prós e os contras em ser perfeccionista. Em primeiro lugar, conforme já citamos diversas vezes aqui no blog, a perfeição não existe (ao menos não neste mundo e na espécie humana). Portanto, procurar algo que não existe já de início não seria uma escolha das mais sábias.

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No entanto, existe sim um lado positivo do perfeccionismo, que é o de estimular o indivíduo a dar o melhor de si nas diferentes áreas de sua vida. Por isso, essas pessoas tendem a ser estudiosas, excelentes profissionais, bons pais/filhos/irmãos/amigos etc.

São pessoas que se estimulam a ir sempre além e a conquistar grandes resultados, fugindo de vez da zona de conforto. Desde que a pessoa entenda que ser verdadeiramente perfeito é impossível, não há problema em dar sempre o melhor de si.

O problema ocorre quando o indivíduo passa do limite considerado saudável. Nesse caso, a pessoa acredita mesmo que pode ser perfeita e se frustra muito quando não alcança o patamar surreal que determinou para si mesma. É o caso daquele aluno que se sente fraco e incapaz por ter tirado uma nota 9,5, por exemplo.

Além disso, com medo de não ser perfeito, o indivíduo acaba desistindo de fazer algo que já estava muito bom, mesmo que com uma ou outra imperfeição. Com isso, ao contrário dos exemplos acima, essa pessoa desenvolve medos e ansiedade, permanecendo cada vez mais na zona de conforto.

Assim, o perfeccionismo e a comparação constante com as outras pessoas pode ser um gatilho fatal para o desenvolvimento de quadros de transtornos ansiosos, transtorno do pânico e depressão. Portanto, se o perfeccionismo será algo bom ou ruim, a resposta está na dosagem dessa característica.

5 sinais de que o seu perfeccionismo está passando do limite saudável

Entre o bom e o mau perfeccionismo, a linha é tênue, mas há alguns sinais que diferenciam quando essa busca por ser o melhor é saudável e quando ela tende a desencadear os problemas citados acima. Conheça, na sequência, 5 sinais de que o perfeccionismo está atravessando o limite do que é benéfico.

1. Você sente medo com frequência

O medo é uma reação natural de qualquer pessoa, pois é um mecanismo evolutivo da nossa espécie. Por meio dele, conseguimos identificar as possíveis ameaças a que estamos expostos e nos preparar adequadamente para lutar ou fugir delas. Contudo, se esse medo está aparecendo com frequência e de forma desproporcional aos fatos, considere isso um medo disfuncional.

Nas pessoas perfeccionistas, o medo de não tirar 10 faz com que o aluno que tiraria 9,5 desista de entregar a prova, por exemplo. Esse receio de errar deriva do medo de ser rejeitado e de decepcionar os outros. Por isso, se você sente que a coragem foge das suas mãos e que tem necessidade de ter tudo sob controle, é sinal de que o seu perfeccionismo foi longe demais. Aceite que nem tudo está em nossas mãos e que erros acontecem.

2. Você sempre avalia os seus resultados em dois extremos

Na visão de um perfeccionista, ou os resultados obtidos foram perfeitos ou foram catastróficos.  É como se simplesmente não existissem gradações entre um extremo e o outro. É aquele aluno que não vê diferença entre a nota 9 e a nota 0. É também o caso daquele esportista que afirma que o segundo colocado é o primeiro dos derrotados.

Se você não consegue avaliar os fatos, compreendendo que eles têm aspectos positivos e negativos simultaneamente, procure ajuda. Não é porque um detalhe não saiu como você esperava que tudo foi trágico.

3. Você se sente frustrado com frequência

A palavra “frustração” já apareceu neste artigo, e não foi por acaso. Pessoas perfeccionistas tendem a vivenciar esse sentimento com frequência. Isso acontece não porque elas não sejam competentes em suas tarefas, mas porque o grau de excelência que elas impõem a si mesmas é muito alto.

Nesse caso, talvez seja mais benéfico baixar um pouco o sarrafo do que acreditar que você é incompetente ou despreparado. Se a frustração se torna frequente, o perfeccionista pode simplesmente acreditar que não é bom no que faz e desistir, mesmo que ele seja realmente muito competente.

4. Você dá importância demais às opiniões dos outros

Pessoas perfeccionistas muitas vezes abrem mão de fazer o que desejam porque têm medo do que os outros vão dizer. Eles têm uma necessidade tão grande de serem aceitos e um medo igualmente demasiado de serem rejeitados que, com certa frequência, anulam a si mesmos para agir como os outros esperam. São pessoas incapazes de lidar com a crítica e com a divergência de opiniões, como se o que o outro diz fosse lei.

Quando isso começa a ocorrer, o indivíduo deixa de ser ele mesmo e de lutar por sua felicidade. Levando uma vida inautêntica, ele até é aceito pelo grupo, mas, em compensação, deixa de ser feliz e pode adoecer mentalmente por conta disso.

5. Você sabota a si mesmo

A autossabotagem também já foi tema de artigos aqui no blog. Ela ocorre sempre que um indivíduo perde a confiança em si mesmo e prefere desistir a receber um resultado negativo (mesmo que, para isso, ele tenha que abrir mão da possibilidade de ter sucesso). Para não ser surpreendido pelo erro, o próprio indivíduo dá um jeito para que isso ocorra e coloque um fim em sua ansiedade.

A autossabotagem também está muito associada à síndrome do impostor, aquela em que a pessoa não se considera digna das vitórias que alcança ou não se sente preparada para lidar com a responsabilidade da sua evolução pessoal e profissional.

Se você se identificou com algum dos 5 sinais acima, pode ser que o seu grau de perfeccionismo tenha deixado de ser produtivo e alcançado o patamar em que ele é nocivo ao seu bem-estar, aos seus resultados e à sua saúde. Nesse caso, procure um psicólogo para lidar adequadamente com essa questão.

Como você tem avaliado o seu grau de perfeccionismo? Deixe um comentário no espaço a seguir. Por fim, lembre-se de compartilhar este artigo nas suas redes sociais, levando esta reflexão a quem mais possa se beneficiar dela!