Estou muito feliz por chegar a este último capítulo. Sempre foi a minha expectativa terminar refletindo sobre o Reino de Deus, ou, caso queira, Reino dos Céus. Acredito que, diante de toda e qualquer reflexão que possa ser desenvolvida, é preciso concluir com o Reino de Deus.

Digo com frequência que o fim não significa exatamente o fim, ele pode ser apenas um novo começo. Diante de tantos passos dados até aqui, tantas descobertas, penso que você, leitor, deve estar com o coração aquecido cheio do amor de Deus e de vontade de agir e fazer diferente.

Então, talvez você queira desenvolver um trabalho diferenciado agora como cristão, como membro da sua comunidade. Acredito que você queira muito trilhar um caminho num outro nível de evolução; meus votos são para que esta leitura tenha sido um despertar de modo que esse caminho seja verdadeiramente trilhado, à luz do

Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. O Reino de Deus não se explica tanto com teorias, mas com ações práticas, concretas pelo mundo afora. Com esta consciência, trago a seguir, algumas situações que ilustram bem a dimensão do Reino de Deus. O Reino de Deus é como quando alguém lança a semente na terra. Quer ele esteja dormindo ou acordado, de dia ou de noite, a semente germina e cresce, sem que ele saiba como. A terra produz frutos por si mesma: primeiro aparecem as folhas, depois a espiga e finalmente os grãos que enchem a espiga. Ora, logo que o fruto está maduro, mete-se a foice, pois o tempo da colheita chegou (Mc 4,26-29).

O Reino de Deus é como um grão de mostarda que ao ser semeado na terra é a menor de todas as sementes. Mas, depois de semeada, cresce e se torna maior que todas as outras hortaliças, com ramos grandes a tal ponto que os pássaros do céu podem fazer seus ninhos em sua sombra. (Mc 4,31-32) Mesmo com a milenar história do cristianismo, percebemos que os homens não compreenderam o Reino de Deus. O Reino de Deus não deve ser compreendido dentro da concepção de um rei, de um território geográfico, a partir de um poder, de uma organização.

O Reino de Deus se faz no mundo criado por Deus. Todo o Universo, com tudo que nele há, na sua infinitude, deve ser compreendido como Reino de Deus. E toda ação de bem, toda descoberta em favor das criaturas de Deus são colaborativas para o Reino de Deus acontecer. Com este entendimento, eu, você, toda a sociedade, deve se entender como colaborativa para a manutenção do Reino de Deus, para o bem. Somos colaboradores e não criadores.

O Reino de Deus foi criado em perfeição e nele fomos, enquanto seres humanos, colocados não para dominar, mas para cuidar, expandir, evoluirmos dentro dele. No livro do Gênesis (9,7) lemos: “Quanto a vós, sede fecundos e multiplicaivos, propagai-vos pela Terra e dominai-a”. Jesus ordena: “Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6,33). É preciso compreender bem seu reino e colocá-lo como prioridade. A avaliação que cada pessoa deve fazer ao colocar uma ideia nova em prática, ao investir num grande empreendimento, precisa se dar a partir da pergunta: “Esta ideia, este empreendimento, vem ao encontro do Reino de Deus?” Caso não, não vale qualquer investimento, o plano deverá ser condenado já pelos seus idealizadores. “O Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo.

PSC

Alguém o encontra, deixa-o lá bem escondido e, cheio de alegria, vai vender todos os seus bens e compra campo” (Mt 13,44) “O Reino dos Céus é também como um negociante que procura pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, ele vai, vende todos os bens e compra aquela pérola” (Mt 13,45-46). “O Reino dos Céus é também como um negociante que procura pérolas preciosas.

Ao encontrar uma de grande valor, ele vai, vende todos os bens e compra aquela pérola” (Mt 13,45-46). Quando caminhamos dando o nosso melhor e evoluindo a cada dia, quando deixamos nossa humanidade se conectar com a humanidade das outras pessoas para criar um mundo melhor, estamos construindo o Reino de Deus.

Quando caminhamos dando o nosso melhor e evoluindo a cada dia, quando deixamos nossa humanidade se conectar com a humanidade das outras pessoas para criar um mundo melhor, estamos construindo o Reino de Deus. A metáfora das três peneiras — O que você vai me contar já passou pelas três peneiras? — Três peneiras? Indagou o rapaz. — Sim! A primeira peneira é a verdade.

O que você quer me contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido falar, a coisa deve morrer aqui mesmo. Suponhamos que seja verdade. Deve, então, passar pela segunda peneira: a bondade. O que você vai contar é uma coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo? Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira peneira: a necessidade. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta? Conclui Sócrates: — Se passou pelas três peneiras, conte! Tanto eu, como você e seu irmão iremos nos beneficiar.

Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos, colegas do planeta. E você, com as suas ideias, os seus experimentos, o seu negócio, o seu empreendimento, as suas histórias passam tranquilamente pelas três peneiras? Caso tenha dúvida, se alguma coisa o perturba, não perca tempo em reavaliar as suas ações.

Lembre-se sempre: por mais que você acredite durar e se dar bem neste mundo, chegará o seu momento de passar dele. O que você pretende deixar de legado? Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa Nova (Mc 1,15). O Reino que “está próximo” também está entre nós, como quando clamamos ao Senhor na oração do Pai Nosso, “venha a nós o vosso reino”, a oração que Jesus deixou para orarmos sempre. Sim, essa oração não deveria ser rezada sem uma boa avaliação antes sobre todas as nossas ações ao longo do caminho. Ao rezá-la, procure colocar em prática o que expressou no que ela significa.

Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, como no céu, assim também na terra. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa as nossas dívidas, assim como também nós perdoamos aos que nos devem. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do Maligno (Mt 6,9-13).

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