Razão e coração são dois componentes devem caminhar juntos e não separados. Pensar que as decisões tomadas com o coração são passionais, reflexo de pouca inteligência emocional, e que o cérebro é o dono de toda razão, é uma ideia ultrapassada.

Neurologistas têm demonstrado em pesquisas recentes que o coração também está associado à nossa inteligência, pois é um órgão formado pelos mesmos neurônios que compõem o nosso cérebro.

Outro importante ponto descoberto é que o coração também produz sinais eletromagnéticos que são distribuídos pela corrente sanguínea por todo o nosso corpo. Por meio de um exame de eletrocardiograma, os cientistas concluíram ainda que os impulsos elétricos emitidos pelo coração chegam a ser até mais fortes do que aqueles enviados pelas ondas cerebrais, podendo ser sentidos a uma distância de até 3 metros.

Joseph Chilton Pearce, escritor americano, chegou a afirmar em uma de suas obras, que o coração era – “o maior aparato biológico e a sede da nossa maior inteligência”. Sem desmerecer o poder do nosso cérebro, podemos dizer que em vários aspectos Joseph está certo, uma vez que o coração reflete nossa existência biológica, espiritual e emocional… ele é como uma Caixa de Pandora, com muitos segredos a revelar.

Como Funciona a Inteligência do Coração?

Por meio de sua frequência eletromagnética, o coração emite os chamados “arcos” que emanam para fora do órgão, e dentro de todo o nosso corpo, grande potência, que circula e volta por meio dos anéis de energia.

Imagine sua caixa toráxica como uma poderosa central de energia, que se estende desde a pélvis até a sua cabeça, e que emite diferentes padrões e frequências, assim com os átomos. Podemos dizer então, que o coração está no centro destes anéis energizados, emanando energia, assim como sol faz com os planetas ao seu redor.

PSC

Muitos cientistas acreditam que existe apenas um anel universal, responsável pela frequência emitida pelos campos eletromagnéticos em nosso peito. Nosso coração, com seu campo energético e seu anel eletromagnético, é uma fonte de luz, harmonia, força, paz, energia, conhecimento, plenitude, e inteligência advinda do universo e por meio dele podemos experimentar o extraordinário.

Quando somos influenciados a acreditar que o coração é limitado e passional, que só a mente é que deve ser ouvida e que precisamos sempre racionalizar o que sentimos e pensamos, acabamos por negligenciar nossa essência humana e uma das maiores fontes de sabedoria – o AMOR.

Somos o todo influenciando o todo, por isso nos dividirmos é um erro. Sentir e pensar com o coração nos traz a conexão verdadeira com quem somos em nossa essência, com aquilo que acreditamos, com    o nosso “chamado”, o nosso propósito e com a nossa forma de existir no mundo.

Nosso coração nos auxilia no processo de autoconhecimento, no cultivo da empatia, fé, respeito, altruísmo, amor próprio e, especialmente, a sermos pessoas mais evoluídas, humanas e corajosas. Nossa consciência de quem somos e de todo o universo que está dentro de nós é apenas uma gota em um oceano – e precisamos conhecer esse oceano.

Entre as leis de conexão trabalhadas por Hellinger estão os cinco círculos do amor. Esses cinco círculos compõem uma jornada de autocura, são fases da nossa vida, eles formam um trajeto de conhecimento de si    e de aceitação do próprio caminho, rumo a uma conexão sistêmica extremamente profunda e poderosa.

Há muitos movimentos interrompidos em nossa vida, muitos movimentos evolutivos que por medo ou por imaturidade, não levamos até o fim. A jornada pelos cinco círculos do amor resgata esses movimentos em busca da dissolução dos traumas de nossa vida – conscientes e inconscientes.

Ao final da jornada pelos cinco círculos passamos a comungar de uma nova experiência de amor, de existência e de clareza mental. Encontramos o fortalecimento do elo com o todo a partir de uma busca por nós mesmos. Cada círculo é um despertar, e despertar é o único motivo de estarmos vivos.

Te convido a fazer a mais extraordinária viajem: aquela que fazemos dentro e nossa história e consciência. Vamos partir do primeiro círculo.

1º círculo do amor: Os pais

Uma das frases que mais uso é “sou filho, logo existo”. Compreender essa frase é o princípio do processo de imersão nesse primeiro círculo. Se a coisa mais importante é a vida, como reclamar, julgar, agredir e negligenciar quem nos proporcionou estarmos vivos?

Nossos pais são a razão de nós respirarmos, é por meio deles que vivemos. Nesse caso, estou falando especificamente dos pais biológicos, nos processos de constelação os pais biológicos têm um papel que não pode ser ignorado, por mais que você não conheça esses pais, não tenha convivido com eles, nenhuma outra combinação biológica resultaria em você. Pense que você só é você por conta desse homem e dessa mulher.

Nascemos de pais e fomos criados por pais. A concepção de um ser humano é algo extraordinário, gerar a vida é algo divino. Nós nascemos de uma concepção divina que nos torna humanos, vivos nesse mundo. Os pais que você conheceu e que criaram você, foram as pessoas certas. Amar os nossos pais implica em entender que eles também foram filhos e que eles foram os melhores pais que puderam ser com os recursos que eles tinham. Nossos pais erram, são humanos. Os pais são pessoas.

Quando crianças não temos maturidade para reconhecer a humanidade dos nossos pais. Queremos que eles façam para nós o melhor, mas a nossa referência de melhor é a dos nossos sonhos e não a da realidade. Não sabemos e não reconhecemos as dificuldades de criar os filhos, lidar com as pressões, ganhar o sustento da casa, educar. Esse é o principal movimento do primeiro círculo, reconhecer a HUMANIDADE dos nossos pais.

Devemos reconhecer que nossos pais não precisam de nós. Nossos pais poderiam ter vivido sem nós. Mas eles nos nutriram, nos amaram, nos cuidaram, na medida em que foi possível. Além disso, nossos pais, como filhos que foram, carregam também a realidade de que seus pais não precisavam deles – nossos pais também têm suas questões familiares, seus problemas e suas incongruências.

O primeiro círculo do amor envolve esse amor inicial, gestado no seio dos nossos geradores e cuidadores. Vem dos círculos de amor que nossos pais construíram (ou não) com os pais deles e assim gerações e gerações atrás. Nossa condição de dar amor passa pela situação de termos sido amados, ou melhor, pela nossa possibilidade de entender e aceitar que o amor que recebemos era aquilo que nossos pais puderam nos dar.

Esse primeiro movimento de amor, dentro do círculo dos pais, nos liberta de infelicidades que criamos na nossa mente, por esperarmos pais que não tínhamos, nos levando a aceitar, entender, honrar e amar os pais que

tivemos/temos. Sem experimentar esse primeiro amor, essa primeira cura, não há possibilidade de crescermos e sermos melhores, porque sem um início de amor, o final dificilmente será amor.

Não importa se fomos gerados de forma esperada ou por um “acidente”. Não importa se fomos desejados e viemos no momento certo ou se um dos nossos pais pensou até em interromper essa gestação. Hellinger enfatiza que devemos tomar nossa história exatamente como ela é. Entende-la e aceita-la. O importante não é o que nossos pais fizeram ou não fizeram, é como nós assimilamos em nós as atitudes e ausência de nossos pais.

Ame recíproca e fundamentalmente os seus pais. Os pais que eles puderam ser. Os pais que eles conseguiram ser. Eles também foram filhos. Eles também sentiram o que você sente. Eles são humanos e erram, mas eles te deram a vida e te deram as condições para viver.

GRATIDÃO, os seus pais, aos pais de seus pais, aos pais dos pais de seus pais. Assim, completamos o primeiro círculo.

2º círculo do amor: Infância e adolescência

À medida que aceitamos e assumimos a  humanidade dos nossos pais nós nos aliviamos de pesos muitas vezes inconscientes. Temos muitas questões com nossos pais das quais fugimos, não encaramos, com medo da dor. Aceitando o amor possível de nossos pais nos libertamos dessas questões, mesmo daquelas questões que decidimos não enfrentar.

Chegamos então ao segundo círculo do amor, aquele em que nos encontramos criança e jovem, ainda profundamente ligado aos nossos pais, mas ensaiando a nossa vida, a nossa individualidade, nos encontrando e nos construindo.

3º círculo do amor: o dar e o tomar

Estamos acostumados com a expressão “dar e receber” e à primeira vista o termo “tomar” pode nos parecer estranho, pois acostumamos a ouvir a expressão tomar como sinônimo de roubo ou de pegar de uma forma abrupta. Mas aqui ele é empregado no sentido de “tomar para si”, uma vez que nem tudo que recebemos nós tomamos posse.

Esse terceiro círculo do amor nos encontra na vida adulta. Nossa vida adulta, como vimos no círculo anterior, tem efeitos diretos da nossa gestação e da nossa infância. Na vida adulta as nossas trocas com as pessoas se intensificam e se alargam. Encontramos amigos e um parceiro(a) amoroso.

Adultos aprendemos porque nossos pais não esperavam nada em troca do amor que nos davam. Adultos, aprendemos que para viver uma vida de plenitude temos que aprender a oferecer sempre o melhor de nós, em todas as circunstâncias, sobe qualquer situação, diante de quem quer que seja: não podemos oferecer ao outro e ao mundo, menos que o melhor de nós.

Tudo o que ofertamos como o melhor de nós tem valor. Grande valor! Da mesma forma, só tomamos do outro aquilo que para nós tem valor. Na verdade, o receber é um movimento natural de quando aprendemos a dar, devemos então tomar posse do que nos é ofertado pelas pessoas, agregando em nós aquilo que é bom.

Acontece às vezes que uma pessoa pode ter algum interesse amoroso em nós, por exemplo, mas esse interesse não se torna recíproco. Algumas pessoas podem tomar atitudes agressivas para quem demonstra esse interesse, algumas podem agir com deboche, ironia e até orgulho. Essa imaturidade emocional impede de tomarmos para nós a beleza que é ter despertado em alguém tal interesse.

Aliás, um dos pontos importantes desse círculo é o amor entre duas pessoas. Se tivermos vivido plenamente o amor de nossos pais, nossa infância e puberdade, buscaremos alguém não porque há uma falta em nós, mas procuraremos alguém para amar por inteiro, assim como também estaremos inteiros nesse amor.

A troca amorosa entre duas pessoas é o ápice dos movimentos de dar e receber. Nos relacionamentos amorosos queremos, de início, sempre mostrar o melhor de nós, e também buscamos ver apenas o melhor do outro. É mantendo essa visão que tornamos os relacionamentos mais saudáveis, felizes e duradouros.

Por isso é tão importante trabalhar o amor dos dois primeiros círculos: todas as questões que não estiverem resolvidas em nós com relação a nosso pai e nossa mãe, voltarão como crises, disputas, insegurança e agressão nos nossos relacionamentos. Um círculo pleno de amor transborda e deixa o próximo círculo também repleto de amor. É preciso quebrar e não repetir os padrões, quando estes são de dor e angústia.

O equilíbrio entre o dar e o tomar fazem a harmonia das relações. Dar de nós em demasia nos deixa enfraquecidos e pouco motivados. Da mesma forma que tomar demais do outro sem oferecer nada, desgasta, gerando o fim da relação. Seja com os amigos, o parceiro ou a família, toda relação exige equilíbrio, exige troca.

Só mantemos as relações nas quais ganhamos alguma coisa. Plenos de nós mesmos, somos capazes de dar sempre a nossa melhor parte, entregando a parte mais bela e benéfica de nós, do nosso trabalho, da nossa inteligência, do nosso afeto. Emanando essa energia, teremos também dos outros sempre a sua melhor parte, e tomaremos para nós aquilo que agregará em nossa vida e na nossa existência. Não podemos viver nesse mundo sem nos relacionarmos, então temos que construir as melhores relações possíveis.

4º círculo do amor: Concordar com todos os seres humanos

Esse círculo exige de nós uma expansão da nossa capacidade de amar e de compreender as redes que formam a nossa vida. A palavra ‘concordar’ nas traduções de Bert Hellinger é interessante, ela vem dizer sobre uma concordância no campo da aceita. Quando que digo ‘eu concordo’, estou dizendo ‘eu aceito, eu compreendo’.

No quarto círculo do amor reconhecemos que todas as pessoas da nossa rede familiar têm o direito de pertencer a essa rede. Devemos ter aceitação absoluta de todo o nosso sistema, concordando com a sua existência exatamente do modo como ele é.

Todo sistema familiar acaba agregando pessoas e excluindo pessoas, mas a exclusão não gera o amor que buscamos.

A exclusão é o resultado de um processo de julgamento: julgamos as pessoas pelo que são, pelo que fazem, pelo que acreditam e cassamos o seu direito de pertencer a um sistema.

Quais motivos te levam a julgar as pessoas da sua família? Talvez essa pessoa tenha se casado com alguém que não obteve a simpatia da família, talvez ela se comporte de uma forma que não tem aprovação entre os demais, talvez seja um caso de homossexualidade que a família ainda não consegue lidar, enfim… há muitos motivos, mas apenas uma consequência: com a exclusão diminuímos nossa capacidade de amar.

É um desafio. Concordar em amar o grupo ao qual pertencemos não é uma tarefa simples, porque somos egoístas e incapazes de valorizar o outro como ele é, por isso nossa sociedade enfrenta tantos problemas de base relacional e familiar. Mas assim como você, todas as pessoas excluídas têm o mesmo direito a pertencer a esse sistema familiar.

Concordar com todas as pessoas da família como são, segundo Hellinger, é algo que ultrapassa nossa consciência. Por mais que digamos “o fulano não faz falta” nossa alma está incompleta por essa ausência, que se caracteriza por uma lacuna, um não-correspondente, no nosso sistema familiar.

Para trabalharmos o quarto círculo do amor, pensemos nos excluídos, nos menos queridos e nos incompreendidos, que rejeitamos, julgamos e desprezamos.

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5º círculo do amor: Concordar com o mundo – serviço para a humanidade

Esse quinto círculo é tão importante que, se vivêssemos seus ensinamentos, não haveriam mais guerras por diferenças culturais. O último dos círculos nos convoca a amar a toda a humanidade, a todos os seres humanos, como são, acreditando exatamente nas coisas que eles acreditam.

Eu tenho certeza que você  já  criticou  alguma  cultura do mundo, ao ver uma reportagem. As mulheres que usam determinadas vestimentas, culturas que comem determinado alimento, que praticam determinados rituais. É exatamente assim, do jeito que o mundo é, do jeito que os seres humanos são, que devemos amá-los, sem julgamentos, sem ‘mas’. É o nível mais espiritual e integrativo do nosso caminho do amor.

Quero usar as próprias palavras de Hellinger para falar sobre esse círculo. Ele diz: “Para mim, todos os seres humanos são bons. Cada um é apenas da maneira como pode ser. Ninguém pode ser diferente do que é, em sua situação.” Somos pegos o tempo todo querendo que as pessoas fossem diferentes. Dizemos que “era só ter um pouco de força de vontade que ele conseguiria”. Para de dizer isso, você não viveu a vida daquela pessoa. É provável que na situação dela, você tivesse feito as mesmas coisas e estivesse exatamente no mesmo lugar. É preciso aceitação e para aceitação é preciso amor.

Vivemos um tempo de guerras, algumas delas por motivos religiosos. Grupos extremistas não aceitam que outras pessoas tenham uma fé diferente da sua, ou adorem a Deus de uma outra forma. Sob esse argumento, mata-se famílias, cidades são devastadas. Nas redes sociais, basta alguém se mostrar de uma maneira diferente dos padrões para ser vítima de toda forma de violência e ameaça.

Concordar com nosso sistema familiar (quarto círculo) é difícil e exige de nós uma entrega muito grande, mas ainda fica um resquício de obrigatoriedade, como se fossemos obrigado a amar nossa família, justamente por estarmos ligados ao mesmo sistema. Agora, quando falamos de estender esse amor para todo o Universo e todos os seres viventes, chegamos em um nível muito profundo de consciência – ele ultrapassa a obrigatoriedade, a lógica, e se aproxima da benevolência, da divindade.

A devastação da Amazônia, por exemplo, influencia as chuvas na África. Mas o que você tem a ver com a África, não é mesmo? Mas saiba que tudo no universo influencia na sua vida, pois todos os sistemas estão interligados.

Então, a plenitude do amor aos nossos pais nos leva a construir uma infância plena e uma adolescência plena. Com aceitação e amor, construímos relações boas, saudáveis, que nos conduzem ao aprendizado e à felicidade. Nos relacionamos amorosamente e construímos relações em que tomamos do outro sempre algo de valor, que contribuem com nossa vida, damos e tomamos o tempo todo, para nos construirmos quem somos e quem os outros são, num afeto mútuo.

Com essa maturidade, conseguimos reunir todo o nosso sistema familiar, aceitando e agregando as pessoas que por um motivo ou outro foi excluída, julgada, desprezada, concordando com nosso sistema exatamente como ele é, aceitando cada pessoa e cada situação. Para transbordarmos nosso amor, passamos a concordar com o mundo como ele é, com suas incongruências e disparidades, com seu caos e suas belezas infinitas e, sobretudo, passamos a amar todos os seres exatamente como eles são. Amando a todos os seres atingimos o mais espiritual e integrativos dos níveis: o amor divino.

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