12 Passos

KieferPix/Shutterstock A  história da criação dos 12 Passos do AA, como suas inspirações e insights poderosos, também pode nos ajudar em nosso processo de empoderamento

Quando falamos do processo de transcendência do ser humano, podemos dizer que ele está diretamente relacionado à compreensão de nossa luz e sombra. Também está ligado ao autoconhecimento proveniente do encontro com o que, de melhor e pior habita, em cada um de nós e com o que fazemos a partir da consciência de tudo disso.

Transcender é importante para que possamos nos libertar dos hábitos e crenças que escravizam a nossa mente e seguir em frente sem arrastar correntes que nos fazem sofrer a sombra de medos, compulsões e vícios. Pensando nisso, hoje vamos conhecer um pouco mais sobre a história dos 12 Passos dos Alcoólicos Anônimos e buscar conexões que nos ajudem a entender como, suas práticas e ideias, se conectam ao nosso próprio processo evolutivo.

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O Programa 12 Passos

Segundo os relatos históricos de Bill Wilson, um dos criadores dos 12 Passos dos Alcoólicos Anônimos, o programa foi inspirado no trabalho do médico William Silkworth, do psicólogo William James e dos Grupos Oxford, e nasceu em Ohio, nos Estados Unidos, na década de 1930.

Segundo Bill, cada um dos especialistas, a sua maneira, contribuiu diretamente para que o método fosse concebido. Mal eles poderiam imaginar que hoje, esta poderosa abordagem comportamental seria conhecida e utilizada mundialmente como arma para vencer diversos tipos de dependências.

A Influência do Grupo de Oxford

PSC

Do grupo Oxford, criado em 1916, os 12 Passos receberam a influência de seu trabalho comportamental, realizado de maneira pessoal, onde cada membro ajudava mutuamente seu colega em seu crescimento como ser humano. Liderado pelo ex- pastor luterano, Dr. Frank Buchman, o grupo tinha como preceitos para seus membros quatro pilares fundamentais – Amor, Honestidade, Pureza e Altruísmo Absolutos.

Outro fator que chamava bastante atenção é que embora fossem liderados por um ex – membro ministerial, os frequentadores do grupo Oxford respeitavam as diferentes concepções religiosas, não tentavam impor seu ponto de vista aos demais participantes e prezavam pela independência neste sentido. Ou seja, cada um tinha o direito de acreditar no que quisesse ou mesmo em nada.

Além disso, pregava o compartilhamento de experiências, para que assim, todos pudessem se apresentar diante de todos; dar seus depoimentos pessoais, falar de suas derrotas, dilemas, angústias e se autoajudar. Também defendia a reparação dos danos causados por nossos atos inconsequentes. Por seu enorme sucesso e pela devoção dos seus participantes, o grupo Oxford atraiu também muitos dependentes de álcool, que buscavam, com o auxílio de seus métodos, vencer o seu vício. Assim, com esta ajuda, muitos conseguiram ficar e permanecer sóbrios e mudar drasticamente sua história.

Um destes foi Ebbie, grande amigo de Bill Wilson, que também era alcoólatra e posteriormente ajudaria a conceber os 12 Passos. Assim que saiu do grupo, em 1934, Eb voltou para Nova York e contou a boa nova ao ex-colega de escola. Por horas falou de todos os benefícios e insights que a participação em Oxford lhe trouxe e que culminou no fim de sua obsessão pela bebida.

Segundos os relatos de Bill, Ebbie afirmava coisas do tipo – “Eu tive que ser honesto comigo mesmo e com mais uma pessoa”,eu tive que rezar, pedindo a Deus força e orientação, mesmo não tendo a certeza que existisse qualquer Deus”; Eu tive que fazer reparações por danos que eu causei”… De acordo com ele, ao tomar esta consciência de seu modo de ser, pensar e agir, ele viu-se, finalmente livre de sua compulsão pela bebida e se libertou.

Á primeira vista, Wilson pode não ter acreditado em tudo o que seu amigo compartilhava ali, em sua casa, mesmo assim sentia que havia ali uma energia diferente e que realmente algo tinha mudado.  O fato é que poucos dias depois, ele revolveu voltar a investir em seu próprio tratamento contra a dependência de álcool e mais uma vez internou-se no hospital Charles B. Towns, onde encontraria mais uma inspiração para criar os preceitos do AA.

O Encontro com o Dr. William Silkworth e com William James

Dr. William Silkworth já era conhecido de Bill Wilson, que simpatizava bastante com as ideias do médico e, que, segundo ele, foi decisivo para a criação dos 12 Passos. Diferente de muitas linhas de pensamento, Dr. Silkworth acreditava que o alcoolismo era uma grave doença – “uma obsessão da mente ligada a uma alergia do corpo” – e que, como tal, poderia fazer muitas vítimas. O viés de sua abordagem defendia que este tipo de dependência afetava tanto o aspecto físico como emocional da pessoa adoecida e poderia ser realmente fatal.

As ideias do Dr. William impactaram muito o paciente que, ao ouvi-las, sentia-se na eminência de uma morte prematura por conta do seu vício em álcool. Além disso, os relatos da experiência profunda de transformação do amigo Ebbie, no grupo Oxford, e que até então era um dependente como ele, ainda rondavam os pensamentos de Wilson e mexiam intensamente com suas emoções, pois era uma espécie de despertar espiritual por ele nunca visto.

Essa conjunção de fatores foi o que Bill precisava para fazer sua própria virada de chave, afinal, ele não queria morrer ou continuar a viver a sombra de sua obsessão. Três dias depois, ele acordou dizendo sentir-se completamente livre do seu vício e com a certeza de que sua vivência também poderia ajudar muitas pessoas como ele.

O terceiro ponto-chave para a criação dos 12 Passos dos Alcoólicos Anônimos, segundo Wilson, foi seu encontro com o psicólogo William James, por meio do livro – Variedades de Experiências Religiosas; a que ele teve acesso ainda durante sua passagem pelo Towns hospital. Nesta publicação, o autor defendia ideias que mexeram mais uma vez com sua mente, pois afirmava categoricamente que – “Experiências espirituais podem conduzir pessoas à sanidade, mas também podem transformar homens e mulheres, de modo que possam fazer; sentir e acreditar em coisas que antes eram impossíveis para elas.”.

Ainda segundo o especialista, esta iluminação acontece das mais diversas formas e pode ocorrer de modo rápido, aqui e agora, ou gradativo, aos poucos. Outro ponto interessante da teoria de James é que, segundo ele, geralmente esta transformação acontece na vida de pessoas desesperançadas, sem perspectivas, caminhos e que se encontram totalmente num caos existencial. Como era exatamente assim que Bill se sentia ao buscar mais uma vez tratamento contra o alcoolismo, estas palavras fizeram total sentido para ele, que pode finalmente compreender o “Poder Superior” que havia em tudo aquilo.

A Criação dos 12 Passos

Inspirado por todas estas experiências, insights e conhecimentos, Bill sentiu-se pronto para escrever alguns dos primeiros dos doze passos. O primeiro deles e que também encabeça a lista é – “Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.” Motivado por sua autotransformação, escreveu também mais um e decidiu compartilhar com o grupo de Oxford suas ideias de levar aqueles preceitos transformadores a outros dependentes, com o intuito de ajudá-los a libertar-se do vicio também.

Entre idas e vindas e muitos conflitos quanto ao método aplicado, no início suas investidas com dependentes no grupo Oxford não tiveram o sucesso que esperava. Foi ai que Bill, alertado pelo médico e amigo Dr. William Silkworth, precisou rever seu próprio comportamento, ainda muito centrado em sua própria experiência. Reconhecer que sua forma de comunicação não estava sendo efetiva também foi essencial, uma vez que em suas sensibilizações ele não mencionava o fato de o alcoolismo ser uma doença muito grave e letal. Fato este que foi decisivo em seu próprio processo de cura.

Para conseguir que sua metodologia fizesse sentido, ele também precisou mudar de perspectivas e rever a forma de atuação do grupo Oxford. Na prática, isso representou compreender que quando um não alcoólatra falava para um alcoólatra, tentando aconselhá-lo ou mesmo orientar seus próximos passos, esta ação não obtinham os efeitos desejados. Mais tarde, ele compreendeu as razões. O diferencial estava no fato de um dependente ter, naquele ambiente seguro, a chance de conversar com outros como ele, compartilhar suas experiências, dilemas, dores, fracassos e sentir-se entre iguais na conversa e não mais estar numa posição como inferior.

A primeira pessoa a ser tocada por sua mudança de conceito foi o médico Bob, que mesmo após várias tentativas, não conseguia vencer seu vício. Ambos estavam na cidade de Akron, onde sem sucesso Bill havia tentado abrir um negócio. Triste e desolado, ele temia voltar a beber, quando encontrou Dr. Bob, alcoólatra como ele, e de igual para igual, falou abertamente sobre os perigos à saúde causados pelo alcoolismo.

Aquela conversa foi importante para os dois, a partir daquele dia o doutor nunca mais bebeu novamente e Wilson pode encontrar o ponto de partida ideal para alavancar o seu método. Segundo Dr. Bob, o que fez toda diferença em seu processo de transformação foi o fato de ali, frente a frente com ele estar alguém compartilhando uma experiência pessoal.

Mais tarde em, 1939, os 12 Passos foram finalmente criados. Segundo Bill, o grande desafio ao concebê-los, foi conciliar as diferentes opiniões. Alguns queriam que tivessem apenas um viés religioso, enquanto que outros defendiam uma abordagem mais psicológica.  A opção foi o caminho do meio, onde um pouco de cada pudesse ser incluído. Sua grande preocupação estava em deixar todos os princípios bem claros, didáticos, de modo que sua interpretação não desse nenhuma margem a erros de entendimento.

Para evitar qualquer tipo de problema e respeitar do leitor religioso ao agnóstico, no que tange a presença de uma entidade espiritual, as premissas foram escritas com termos como: “Deus como o concebemos” e “Poder Superior”, o que segundo Bill permitiu que todos os tipos de pessoas se sentissem respeitados em suas convicções e mais confortáveis para entrar no programa e fazer seu tratamento.

Os 12 Passos dos Alcoólicos Anônimos

  1. 1. Admitimos que éramos impotentes perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.
  2. 2. Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.
  3. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos.
  4. Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.
  5. 5. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.
  6. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.
  7. Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.
  8. Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.
  9. Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem.
  10. Continuamos fazendo o inventário pessoal e quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.
  11. Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.
  12. Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos, procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas atividades

Reflexões sobre Os 12 Passos e o Coaching

Como podemos perceber nos 12 Passos o fato de compartilhar suas experiências, de igual para igual, foi um elemento realmente agregador ao desenvolvimento e evolução do grupo. Num processo de Coaching, quando criamos um ambiente seguro, também temos a oportunidade de mostrar verdadeiramente quem somos, sem julgamentos, e dizer realmente o que pensamos e sentimos em relação a nós, as pessoas e ao mundo.

Não podemos curar um ser que não existe. Também não podemos nos esconder para sempre atrás de máscaras ou sombras que apenas atrasam nossa vida e devastam nossas emoções e pensamentos. Do mesmo modo, precisamos estar na mesma frequência para nos comunicarmos de igual para igual com o outro e para compreender e sermos compreendidos.

Precisamos aprender a reconhecer nossas fraquezas e limitações, a reparar os danos que causamos a nós mesmos e as pessoas que amamos e até mesmo as que nem conhecemos. Tudo que fazemos ou não fazemos causa uma reação no universo, por isso é preciso ter clareza e compaixão para estabelecer e até mesmo para desfazer nossos vínculos.

A partir disso, podemos aprender a ser mais justos, menos julgadores, mais humanos e a fazer diferente em todos os sentidos de nossa vida. Isso representa nos aprimorar como pai, mãe, filho, cônjuge, irmão, amigo e buscar forças para vencer as dores e crenças limitantes que escravizam nossa mente e prejudicam a nossa felicidade e os nossos relacionamentos.

Os vícios não são apenas de natureza alcoólica ou química. Sem perceber, nos viciamos em maus hábitos, maus comportamentos, maus pensamentos e em situações e pessoas tóxicas que não trazem para nossa existência nada além de sofrimento, tristeza, angústia e atraso. O despertar espiritual começa quando entendemos que assim como um animal que troca sua pele para se renovar, também precisamos limpar a nossa mente, tirar velhas crenças, amarras, marcas do corpo e da mente, ressignificar memórias ruins, abrir espaço para o novo e para aquilo que realmente nos ajude a evoluir e conquistar paz e plenitude.

Encontrar o “Deus” que habita em você é entender que independente do nome que dão a esta face espiritual, ela também é humana e existe dentro de nós por meio da fé e da esperança em nossa própria transformação pessoal. Meditar é transitar entre planos, entre o aqui e o agora e o desconhecido, e seus aprendizados só se revelam para a alma que se abre a compreender o que está além dos olhos. Ouça além das palavras!

Se nós prejudicamos alguém e ferimos, com ou sem intenção, para o arrependimento verdadeiro sempre existe o perdão. Não hesite em pedir perdão, não tenha vergonha de dizer que errou e em reconhecer suas falhas. Concentre-se na intenção positiva. Assumir o fato pode não mudar a primeira consequência dele, mas pode sim, mudar a última. E ainda que o perdão não caiba a você, o pedido sempre vai caber. Faça sua parte e peça perdão!

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Antes de apontar os erros dos outros e julgar as pessoas à sua volta, olhe para si mesmo, se autoavalie e veja onde você pode melhorar. Toda mudança começa de nós, por nós e para nós. Você é responsável por construir sua história e definir qual o papel terá nela. Vai ser protagonista ou um mero figurante? Seja o que você quiser desde que isso seja o melhor para você. E não espere que os outros sejam diferentes enquanto você continua exatamente igual. Só quando você muda que as coisas mudam também. Lembre-se disso!

E por fim, jamais perca a fé em si mesmo ou deixe de acreditar que coisas maravilhosas, extraordinárias podem acontecer para você. Acredite que é merecedor, que é capaz e não imponha a si mesmo limitações mentais ou argumentos para lhe fazer desistir de seus sonhos em sua primeira tentativa. Evoluímos mais com os passos que damos para trás do que com aqueles que damos para frente. E sabe por quê? Porque os tropeços sempre nos trazem poderosas e inspiradoras lições de vida, aquelas que precisamos para nos fortalecer, empoderar, amadurecer e ir além. Maravilhoso!

Busque sua sanidade, sua cura interior. Descubra o poder espiritual contido nos detalhes, na luz e na sombra, viva a beleza de descobrir-se por inteiro e perceba as cores, os cheiros e sensações. Se for bom, deixe que fique. Se for ruim, deixe que vá! E lembre-se sempre de se lembrar de nunca esquecer de que toda cura, seja ela física, emocional ou espiritual começa de um desejo profundo dentro de você. Este é seu guia e o seu ponto de partida. Vamos lá, dê seus passos e ouse caminhar!

 

#Com informações site dos Alcoólicos Anônimos Bahia.