Shutterstock | Sergey Nivens “Os Neurônios Espelho mudaram o modo como vemos o cérebro e a nós mesmos.”

Uma das maiores descobertas científicas do século XX, acontecera por “acaso” na Universidade de Parma – Itália. Um grupo de neurocientistas liderados por Giacomo Rizzolatti (Neurofisiologista Italiano – 1937) estudava a atividade dos neurônios na região do cérebro responsável pelos movimentos (córtex pré-motor).

Toda vez que o macaco Rhesus (Objeto do estudo) cumpria uma tarefa, como apanhar frutas com os dedos, os neurônios no córtex pré-motor e nos lobos frontais disparavam. Em certo momento, um aluno adentrou no laboratório com um sorvete, levando-o à boca e neste momento o monitor apitou, causando uma surpresa nos cientistas, pois Rheus  estava imóvel. O que mais intrigou o grupo é que sempre que o macaco “assistia” uma pessoa, ou outro macaco, repetir essa cena com alimentos, os eletrodos indicavam atividade nos neurônios.

Tempos depois, com este estudo mais aprofundado, exames sofisticados de neuroimagem indicaram que temos Neurônios Espelho muito mais flexíveis e sofisticados que os dos macacos.

Nos humanos, fica evidente a atividade cerebral consistente com a presença de neurônios espelho no córtex pré-motor e também no lobo parietal inferior. Estes tipos de células são  consideradas por alguns cientistas, uma das descobertas mais importantes da neurociência mundial, adicionando a estes a importância crucial do espelhamento e aquisição de uma linguagem.

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“Nosso conhecimento do motor e a nossa capacidade de ‘espelhamento’ nos permite compartilhar uma esfera comum de ação com os outros, dentro do qual cada ato motor ou cadeia de atos motores, sejam eles nossos ou dos demais, são imediatamente detectados e intencionalmente compreendidos antes e independentemente de qualquer mentalização”, Giacomo Rizzolati, Neurofisiologista Italiano.

PSC

Em outras pesquisas posteriores, ficou evidenciado que em nós, estes neurônios são ativados quando imitamos algo ou alguém, complementamos ações ou quando apenas, e tão simplesmente, imaginamo-nos realizando estas mesmas ações (prova do poder de uma mente imaginativa – Teoria do dr. Bob Deutsch).

“Os Neurônios Espelho mudaram o modo como vemos o cérebro e a nós mesmos, e têm sido considerado um dos achados mais importantes sobre a evolução do cérebro humano. Se a tarefa exige compreensão da ação observada, então as áreas motoras que codificam a ação são ativadas. Isso indica que há uma conexão no sistema nervoso entre percepção e ação, e que a percepção seria uma simulação interna da ação”. Sérgio de Machado, neurocientista, pesquisador e pós-doutorando do Laboratório de Pânico da UFRJ.

Com esta descoberta foi possível entender a razão pela qual “sorrimos quando vemos alguém sorrir” e o porquê de “ficarmos com olhos marejados quando a protagonista do filme chora”, etc. É bem claro também que nos compadecemos quando “vemos alguém com dor” e sentimos uma vontade incontrolável de bocejar (em até 5 minutos) quando presenciamos alguém bocejar, em outro padrão de pensamento, podemos concluir também que os Neurônios Espelho leem a mente das pessoas próximas a nós e nos influenciam a agir. Por isso, essas células cerebrais são essenciais no:

– Aprendizado de atitudes e ações;

– Na Empatia/Rapport (conversar, sincronizar energia, caminhar e/ou dançar, etc.);

– Na criação do Estado de Atenção focado, Campos Energéticos, Zona de Alta Frequência, Transe Conversacional, Flow, etc.;

– Na autopermissão da execução de atividades em nível inconsciente (competente inconsciente), etc.

“Os estudos desses neurônios nos oferecem uma grande contribuição na compreensão da emoção: hoje sabemos que temos um sistema que partilha percepção e ação. O espelhamento permite o compartilhamento de emoções, presente no estado de empatia. Isso nos possibilita formular teorias mais compatíveis com os achados biológicos” Cláudia Passos, Psicóloga que se dedica ao estudo de Ética e Biotecnologias em seu pós-doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia pela UFRJ.

Os neurônios Espelho também podem nos levar a acreditar que o cérebro é uma grande máquina geradora de hipóteses/possibilidades, que antecipa as consequências da possível ação que tomaremos e nos permite avaliar a tomada de decisão. Devido a isto, não seria nenhuma incongruência afirmar a capacidade de que podemos imaginar/sentir tudo aquilo que se passa na mente do outro, colocando-nos frente a frente a esta pessoa e conseguindo estabelecer a empatia/o rapport, compreendendo suas ações em níveis amplificados (Expansão da utilização das áreas cerebrais, criação da zona de alta frequência, ativação constante dos Neurônios Espelho, etc.)

Podemos, inclusive, fazer analogia com outros celebres de áreas diferentes:

“Entre no Mundo de seu Cliente/Paciente/Coachee” – Milton Erickson

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. Carl Gustav Jung

Esclarecendo outros pontos, podemos amplificar nossos entendimentos e exemplificar a atuação dos Neurônios Espelho na nossa capacidade de podermos estabelecer relações sociais com fortes vínculos, sendo assim a empatia e o rapport se tornariam cientificamente determinados pela nossa biologia desde o nascimento. Entenderíamos também as imitações faciais, e das primeiras palavras, dos adultos pelos bebês além de compreendermos a ampliação de nossas chances de sucesso em alguma tarefa, apreendendo com os “Experts”.

 

Particularidades dos Neurônios Espelho

 Tópicos relevantes dos Neurônios Espelho, por Giovanni Buccino (pesquisador do departamento de Neurociências da Universidade de Parma).

  • Só são ativados quando o experimentador interage com um objeto (ex. uma mão pegando uma fruta);
  • Os neurônios não são ativados quando a ação observada for simplesmente imitada, isto é, executada sem a presença do objeto (desde que a pessoa esteja ciente da existência do objeto);
  • Não são ativados durante mera apresentação de objetos;
  • Descoberta de outras áreas ativadas durante a ação do “espelhamento”:  sulco temporal superior, lobo parietal inferior e giro frontal inferior (todos no hemisfério esquerdo).

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2º – Parte Emocional.

Estudos sugerem que as pessoas ajudam muito mais as outras quando possuem empatia por elas, explicando assim o porquê da empatia ser geralmente associada ao senso moral, de justiça, altruísmo e cooperação. Contudo, com a descoberta destes Neurônios Espelho, novos aliados despontam no debate quanto à natureza destas decisões morais, pois reforçam a tese de que os comportamentos de ética, justiça e moral têm um traço afetivo porque envolvem a capacidade do indivíduo de sentir as emoções do outro e é deste modo que os experimentos com os neurônios do espelhamento fortalecem a ideia de que as emoções estão na base do sentimento moral. Isso significa dizer que nosso aprendizado não é apenas racional, mas também sentimental e na congruência de ambos aspectos, possuímos a Aprendizagem Acelerativa (entendo, sinto, entendo o que sinto e explico).

3º – Distúrbios.

Se levarmos em consideração alguns distúrbios, como o autismo, estes neurônios lançaram uma luz sobre esta questão de maneira precisa. Em um estudo com ressonância magnética funcional, detectou-se uma falha do mecanismo de espelho em autistas e talvez isso possa ser um dos motivos que justificam toda a capacidade motora dificultosa que as pessoas com este tipo de deficiência possuem.

“Crianças com autismo têm grande dificuldade para se expressar, compreender sentimentos como medo, alegria ou tristeza, não percebem o significado emocional das ações alheias. O autista tem dificuldade de interagir e se assusta com expressões faciais e ruídos. Tudo indica que há uma falha no sistema de neurônios-espelho.” Sérgio de Machado, neurocientista, pesquisador e pós-doutorando do Laboratório de Pânico da UFRJ.

Os estudos sobre Neurônios Espelho também podem ajudar na solução de questões de ordem prática, como a recuperação de pacientes com perda da função motora. O neurocientista Vilayanur Ramachandran (Indiano), diretor do Centro do Cérebro e da Cognição da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, criou em 1992, uma técnica que usa um espelho para tratamento de dores fantasma (pessoas que perderam um braço e sentem dor nesse membro como se o mesmo ainda estivesse lá). A técnica permite que uma rede de neurônios responsáveis pelo controle de uma mão possa ser usada nos movimentos de outra mão numa determinada tarefa, assim há uma reeducação no cérebro com uma simples tarefa, em que a pessoa realiza movimentos com o braço saudável, vendo no espelho como se fosse o braço lesionado.

Esta técnica também tem sido empregada para recuperação do movimento em pessoas que sofreram Acidente Vascular Cerebral – AVC (derrame). Alguns pacientes são mais beneficiados que outros, dependendo do local da lesão e da duração do déficit após o AVC.

4º – Metáforas.

Já as pesquisas dos neurologistas Paul McGeoch, David Brang e Vilayanur Ramachandran, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, mostraram que é graças aos neurônios-espelho que somos capazes de interpretar METÁFORAS.

Sua hipótese associa capacidade de compreender metáforas a neurônios que representam nossas ações, logo os Neurônios Espelho. Sendo assim podemos entender os mecanismos cerebrais da interpretação destas metáforas exemplificando com os recursos empregados com maestria por poetas (Carlos Drummond de Andrade, Willian Shakespeare, etc.), em suas frases célebres:

William Shakespeare descrevendo o alumbramento de Romeu por Julieta

“Julieta é o Sol.” – (entendemos perfeitamente que o escritor inglês quis descrever a beleza luminosa e quente de Julieta, na percepção de Romeu)

Descrição que Carlos Drummond de Andrade fez do seu sentimento

“O mar batia em meu peito, já não batia no cais.” – (ênfase da emoção que lhe fazia bater forte o coração ao estar na praia)

Segundo a pesquisa dos três neurologistas da Universidade da Califórnia (divulgada por via eletrônica antes da publicação pela revista Medical Hypotheses), o sistema de Neurônios Espelhos existe em diversas regiões do cérebro, representando o mecanismo neurobiológico de associação mental, além das associações visuomotoras também. Particularmente, propõem que a região do “córtex parietal inferior” está envolvida na operação cognitiva de se interpretar as metáforas, e são essas misteriosas associações de conceitos que os escritores, mestres e anciões dominam e cuja interpretação nos causam tanto fascínio.

Esta hipótese tem várias explicações. Uma delas é que certifica sintomas de pessoas com lesões numa parte do cérebro chamada “giro supramarginal”, onde existe um sistema de Neurônios Espelho, pois elas têm considerável dificuldade para interpretar as ações dos outros e, inclusive, para compreender metáforas.

“Somos criaturas requintadamente sociais. Os Neurônios Espelho nos permitem captar a mente dos outros não por meio do raciocínio conceitual, mas pela simulação direta. Sentindo e não pensando.” Giacomo Rizzolati,  Neurofisiologista Italiano.

 

Referências

https://pt.wikipedia.org/wiki/Neur%C3%B3nio_espelho 18/05/15.

(https://cienciahoje.uol.com.br/colunas/bilhoes-de-neuronios/sobre-metaforas-e-neuronios-espelho – 28/05/15).

https://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/76/artigo256262-1.asp – 28/05/15.

RIZZOLATTI, G. (2005). The mirror neuron system and imitation. In S. Hurley & N. Chater (Eds.), Perspectives on imitation: From Neuroscience to Social Science (Vol. 1: Mechanisms of imitation and imitation in animals – Social Neuroscience). Cambridge, MA: MIT Press.

Neurônios Espelho. Disponível online em:   https://pt.wikipedia.org/wiki/Neur%C3%B3nio_espelho. Acesso em 28/05/2015.

Neurônios-espelhos podem ser a chave do aprendizado e da cultura. Disponível online em: https://www.sintoniasaintgermain.com.br/NEUROCI%C3%8ANCIA2.htm   Acesso em 28/05/2015.