comunicação não verbal

Ligthspring/Shutterstock Compreender as dimensões ocultas da comunicação é entender que ela vai além das palavras

Na obra “Dimensão Oculta” do antropólogo norte-americano Edward T. Hall (1914 – 2009), publicada em 1966, encontra-se uma profunda análise no que diz respeito à percepção do ser humano em seu espaço pela ótica da comunicação não verbal. Na relação de apropriação dele e como utiliza o espaço a sua volta como forma de comunicação. Pois, na distância que estabelecemos entre o outro há uma linguagem não verbal, primária, intuitiva que faz parte no nosso dia a dia e que não percebemos, trata-se da Dimensão Oculta.

O autor traz reflexões acerca da comunicação invisível, aquela que pode ser sentida, que ativam nosso sistema sensorial, de forma a atingir o nível de comunicação em diversos contextos. Edward fala especificamente do espaço que ocupamos e como o utilizamos para contribuir com a nossa mensagem.

Do seu estudo ele criou a palavra “proxémia” que denomina um conjunto das teorias referentes ao uso do espaço pelo ser humano, bem como a sua relação nas dimensões culturais, sociais e individuais. Ele aponta, ainda, a cultura como fator de reação entre as pessoas e os espaços, de forma inconsciente, pois através dela são ensinadas algumas posturas e formas de comunicação.

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Comunicação Não Verbal – Distâncias: Íntima, Pessoal, Social e Pública

– Distância íntima (do toque ao contato de até 45 cm), está associada à proximidade, ao toque físico, ao cheiro, calor da pele. Está na esfera do cuidado íntimo, do carinho. Permite mensagem de cunho afetivo.

– Distância pessoal (45cm a 1,20m), ativa a visão para olhar o outro em sua totalidade, rosto e corpo. Aumenta a percepção de presença e sua ocupação do espaço. Permite mensagem de cunho afetivo.

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– Distância social (1,20m a 3,60m), exige mais do olhar para manter contato, e a percepção de ocupação do espaço é bem mais ampla. Incentiva ao contato verbal. Dificulta a transmissão de mensagens de cunho afetivo.

– Distância pública (3,60m a 7,50m ou mais), permite uma visão ampla do espaço, e uma distância maior do contato. Vê-se claramente a ocupação do corpo, com o mínimo de contato. Praticamente anula a transmissão de mensagens de cunho afetivo.

Todos nós nos utilizamos essas quatro distâncias, nas mais variadas situações e realizamos a comunicação conforme elas, de forma inconsciente, praticamente instintiva. Lembrando que nosso sistema sensorial é acionado e também auxilia na comunicação e na percepção do espaço e distâncias.

Dimensão Oculta: Acionando nosso Sistema Sensorial e as Relações Humanas

Olhos, ouvidos e nariz são acionados quando há uma distância maior do outro, enquanto que tato entra em ação quando o contato é mais próximo. O antropólogo afirma, ainda, que a linguagem não verbal predomina sobre a verbal.

Quando uma pessoa é mais íntima, ou quer se tornar mais íntima, ela fica, ou tenta ficar, mais próxima da outra, o tom de voz tende a ser mais baixo e a conversa mais direcionada. Por outro lado, há aquelas que desejam uma maior distância para conseguir abranger o maior número de pessoas com seu discurso, utilizando o tom de voz em um timbre mais alto, nesse caso ele tem a possibilidade de enxergar todos aqueles a quem está falando.

E ainda há casos de pessoas que não querem se comunicar, elas mantém certa distância e evitam o olhar. Isso informa aos demais que ela não deseja aproximação, ou seja, ela de certa forma estabelece uma comunicação com os demais.

Quando o autor fala em “Dimensão Oculta”, está se referindo ao espaço que nos distancia do outro, bem como as relações que são estabelecidas nesse território, fazendo com que utilizemos esse espaço como uma forma de complementar à mensagem e, ainda, auxilia no estabelecimento das relações humanas.

Nesse sentido, devemos também levar em conta a cultura e a individualidade de cada um (país, nação, região e religião a qual pertence). A exemplo de culturas que não permitem a aproximação de homens e mulheres, crianças e adultos, bem como aquelas que definem distância e gestos para o início de uma conversa ou que não permitem contato entre classes sociais, entre outros vários exemplos.

Vale ressaltar que o estudo do norte-americano Edward Hall, em relação ao uso que nós, seres humanos, fazemos do espaço, está presente em diversos contextos além das relações humanas (nos âmbitos pessoal e profissional), encontramos ela na relação com outras culturas, além da arquitetura, planejamento e renovação urbana. Sim, os profissionais que otimizam espaços estudam a proxémia, como forma de estabelecer lugares de convivência social e íntima.

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Como a Dimensão Oculta Acontece

A dimensão oculta, não nos é ensinada. Trata-se de uma forma primitiva de manter contato com o outro. Ela nos é inserida de forma natural. Aprendemos a ocupar espaços e a estabelecer distâncias para nos comunicar da maneira mais adequada, conforme nosso desenvolvimento, conhecimento, interesse e objetivo.

Imagine uma festa com vários convidados, que não possuem muita intimidade, alguns nem se conhecem. No começo as pessoas ficam espalhadas tentando manter a distância, uma espécie de “avaliação de território”, observam todas as pessoas do ambiente, ativando a visão. É natural que se inicie uma aproximação, um processo de “degelo” de pessoas mais conhecidas, iniciando os processos de conexão.

Enquanto àqueles que não conhecem ninguém procuram aproximar-se fisicamente, para então iniciar um contato, o conhecido “puxar conversa”. Podemos dizer, nesse caso, que em todo momento, desde  a entrada no salão, é estabelecida uma forma de comunicação, mesmo no primeiro momento onde as pessoas estão mais dispersas e pouco abertas para aproximação.

As distâncias passam a ser intencionais, porém inconscientes, contribuindo para experiências multissensoriais, atendendo as necessidades de convivência do ser humano, estabelecendo espaço para a comunicação com o outro.

É importante perceber que outros canais de comunicação, além da verbal, funcionam e influenciam na transmissão da mensagem, ativando não apenas os ouvidos para absorver as palavras, mas todo nosso sistema sensorial, que nos permite uma comunicação instintiva. Não há como isolar a mensagem do contexto, bem como do espaço que emissor e receptor se encontram, há relação direta entre distância e os sentidos que são ativados no ato da comunicação.