Podemos contar nos dedos quantas vezes colocamos a culpa no outro ou precisaremos de muitos dedos e muitas mãos se formos realmente verdadeiros? Parando para pensar nesse momento: será que não estamos colocando a culpa demais naqueles que estão ao nosso redor? Será que não estamos o tempo inteiro apontando o dedo para quem mais amamos e quem mais nos ama?
Quando um relacionamento não dá certo, temos a tendência de culpar o(a) outro(a), dizendo que ele (a) é bagunceiro (a), não te amava o suficiente, que não te dava carinho, que queria tudo do seu jeito, que te explorava e não te ajudava.
Isso acontece no emprego, quando deixamos de ganhar uma promoção porque o chefe não vai com a nossa cara, porque ninguém vê o quanto trabalhamos e somos prestativos, ninguém se importa com a quantidade de horas extras que fazemos. E também pode acontecer em qualquer outro tipo de relacionamento, dentro da família, entre amigos, conhecidos.
Sempre apontamos o dedo para culpar o outro, mas esquecemos de olhar para dentro de nós mesmos.
Propomos agora um exercício. Fique um momento em silêncio e observe a si mesmo. Lembre-se novamente de situações recentes nas quais você culpou alguém ou se sentiu desconfortável. Procure se lembrar do que sentiu no momento, como foi o sentimento de culpa que cresceu dentro de você. Se puder, liste esses momentos em uma folha de papel para que possa, assim que olhá-los, lembrar imediatamente deles.
Queremos que reflita: porque estou culpando o outro nesse momento?
O objetivo desse pequeno exercício é entender que o mundo externo reflete nosso mundo interno. O mundo é a areia, tudo aquilo que nos forma é a peneira e o que resta é nossa visão de mundo. Não vemos o mundo do jeito que ele é, peneiramos tudo, deixando ele mais liso e uniforme. Essa pode ser a visão correta para nós, mas não necessariamente é a mesma visão do outro que está ao nosso lado.
Se a peneira, por exemplo, já tiver muitas pedras que obstrua seus furos, nada vai passar, seremos apenas desconforto e conflito.
Precisamos entender que tudo o que acontece conosco, todos os conflitos, dúvidas, pensamentos negativos, tudo tem origem dentro de nós mesmos. Se nosso relacionamento não deu certo, não precisamos culpar nem encontrar no outro os motivos para o término, precisamos olhar para dentro de nós mesmos e entender o que realmente saiu dos eixos.
Ao encontrarmos nossa verdade, ao nos depararmos com a nossa essência, ao nos conectarmos com o que verdadeiramente somos, a partir desse momento poderemos estabelecer laços mais fortes, pois teremos consciência do que está dentro de nós.
Somos feitos de carências, angústias, medos, falhas, desejos de ser alguém importante ou que torne o mundo um lugar melhor, raiva, rancores… tudo isso é parte de nós, nossa Sombra, mas, principalmente, nossa Luz.
A atitude do outro nada mais será do que o reflexo daquilo que habita nosso peito, nosso coração e que irradia por todo o nosso corpo. Se a Sombra se fizer mais presente, o outro será visto como o motivo da tristeza, como o agente desencadeador da raiva e do medo. Mas se o outro for visto com Luz, poderemos entender suas atitudes, perdoar suas falhas (pois perdoamos as nossas) e acolhe-lo.
O conflito interno é o começo para conflitos externos, para fins de relações, para uma vida infeliz e sem brilho. O que se debate dentro de nós precisa ser apaziguado, amansado, domado e, antes de tudo, entendido. Só conseguiremos entende-lo quando olhá-lo verdadeiramente, enxergá-lo, buscar sua origem e tirar, de todo esse amontoado que está por cima, a nossa essência.
Lembre-se de se lembrar de nunca esquecer: o mundo em guerra só está em guerra quando a guerra começa dentro de nós. O mundo em paz só é pacífico quando a paz iniciar dentro da gente.
Por isso, precisamos resolver nossos próprios conflitos para o mundo ser um lugar onde as relações sejam harmoniosas, para as conexões sejam muito mais fortes e as coisas da vida cada vez mais superáveis e toleráveis.
Após o exercício e explicações feitos, será que você entende a importância de resolver os conflitos internos antes que eles causem conflitos externos irremediáveis? Será que você está pronto para deixar de terceirizar a culpa das coisas negativas que acontecem em sua vida?
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