A gravidez é um período de extrema felicidade na vida de qualquer mulher e de muitas famílias. É um período de transformação total para um casal e para todos os parentes, mas é especialmente significativo para a mulher que é responsável pela geração e gestação de uma preciosa nova vida que está se formando em seu ventre.
Sim, gerar uma vida é um processo extremamente significativo, é um milagre que se manifesta por meio daquelas que decidem ter um filho. Desperta um sentimento de alegria extrema e incomparável. Cada momento, desde da descoberta da gravidez, ouvir os primeiros batimentos cardíacos, descobrir o sexo do bebê, fazem parte da progressão da gestação, que por fim culmina no nascimento.
Àquelas que escolhem e almejam a chegada de um filho veem cada momento como estes como inestimáveis, principalmente àqueles que são pais de primeira viagem. Sim! A chegada de um filho e de um novo membro à família é muito especial.
Porém, imagine que logo após o nascimento você comece a sentir uma tristeza profunda, um desalento e desesperança, sem explicações aparentes. Muitos podem julgar: você não deveria se sentir assim. Talvez você mesma não entenda o motivo de todos esses sentimentos, e isso faz com que se sinta ainda mais culpada.
Mas saiba que isso é absolutamente comum, você não precisa se sentir culpada de maneira nenhuma. De acordo com informações de um estudo da Fiocruz 25% das mães no Brasil tem algum indício de depressão pós-parto. Tristeza, irritabilidade, melancolia, variações de humor, crises de choro são sintomas comuns de ocorrerem logo após o parto. Eles se originam, principalmente, devido as grandes alterações hormonais que se dão após o fim da gravidez.
Temos que ter clareza e discernimento para tratar de um tema tão importante quanto a depressão pós-parto, que para muitos ainda é considerada tabu. Afinal como pode alguém se sentir dessa maneira logo após dar à luz? Nesses casos o mais importante é tratar a respeito e entender esse tipo de desconforto é comum e não há motivo para julgamento.
Primeiramente é importante saber diferenciar o que é uma tristeza da depressão pós-parto, já que sentir-se triste e irritada logo após o parto ainda não é considerado depressão. Para tanto é preciso, passadas algumas semanas, os sintomas permaneçam, e atrapalharem a vida dela a tal ponto, que não consiga realizar suas atividades, principalmente aquelas que envolvem o bebê.
Durante a gravidez o corpo da gestante está repleto de hormônios que afetam seus órgãos de uma maneira única. Isso é normal e necessário para a formação e manutenção do feto e da mulher. Mas imagine que seu corpo se transforma tão radicalmente durante estes 9 meses e depois em algumas horas, depois de dar à luz tudo muda de maneira tão drástica e de forma tão repentina. Os níveis dessas substâncias que estavam tão altos até pouco tempo, de repente, despencam de maneira muito extrema.
Esse é um dos motivadores mais importantes da depressão pós-parto, mas não é o único. Ele varia de mulher para mulher e de organismo para organismo. Afinal não são todas as mulheres que tem depressão após dar à luz, mas a questão hormonal é essencial para este quadro depressivo.
Desse modo é importante entender que a culpa não é da mulher e que, ao invés de responsabilizá-la totalmente por seus sentimentos negativos, compreender que isso é uma questão biológica, que independe do desejo da pessoa de ter ou não, portanto está fora de seu controle.
Por isso quando notar estes determinados sintomas em uma mulher, e principalmente, se eles duram várias semanas, e se vão piorando com o tempo, isso pode ser diagnosticado como depressão pós-parto. Peça conselho e orientações de um médico se perceber que os sintomas descritos anteriormente fazem sentido para nova mamãe.
A vida dela já é difícil por si só. O estresse em si faz parte da vida dessa nova família. A depravação de sono, trocas de fralda, dar de mamar, as dores e cuidados do recém-nascido, a mudança na vida do casal, tudo isso é normal e faz parte desta experiência, mas é preciso sensibilidade para entender quando este estresse ultrapassa o limite comum.
Se ela está triste e desconsolada, não somente quando se trata de seu filho e dos cuidados com ele, mas com toda e qualquer outra atividade, principalmente àquelas que lhe davam prazer antes, isso é algo a se prestar atenção.
Outras características da depressão pós-parto são comuns a todo tipo de depressão como distúrbios do sono, da fome e ansiedade. Tudo isso qualifica os sintomas da mulher que sofre depressão pós o parto. Por isso é essencial ficar ciente de todas essas questões, de modo a buscar a ajuda necessária.
Os tratamentos para tal transtorno devem ser buscados individualmente, com ajuda médica especializada e podem envolver medicamentos que sejam mais adequados para mamãe que é lactante e para seu filho recém-nascido, assim como os procedimentos que precisam ser seguidos nestes casos. Além disso aconselha-se também a realização de terapia.
É importante entender que a depressão pós-parto é comum e que a mulher precisa de apoio médico e familiar para superar essa fase difícil de sua vida, mas que com os cuidados necessários podem ser ultrapassados com mais facilidade. Dessa maneira ela e sua família possam receber essa nova vida com mais alegria e ânimo e ultrapassar com sabedoria e paciência a depressão pós-parto.
A verdade é que não é possível determinar com exatidão o que causa a depressão pós-parto, porque certas mulheres têm e outras não. Isso se dá porque há muitas questões que influenciam neste problema. Questões físicas, emocionais, e toda a história do indivíduo determinará se o transtorno se instalará na pessoa ou não. Mas sabemos que mesmo com tantas variáveis o que há em comum em todos os casos é a oscilação hormonal.
Essa depressão causa problemas não somente a mãe do recém-nascido mas pode prejudicar também a criança, já que a nova mamãe pode não ser capaz de dar todos os cuidados necessário ao seu bebê. Não somente o vínculo emocional é afetado, mas também questões de saúde, como deixar de dar as vacinas necessárias deste período, deixar o bebê muito tempo deitado na mesma posição, que pode causar dificuldades posteriores, entre outros.
E é claro, a falta de contato e ligação emotiva também é afetada nestes casos. O bebê e a mãe não conseguem compartilhar tempo amor e conexão de qualidade. Este tempo é imprescindível para os dois, mas a mãe, muitas vezes, simplesmente não consegue fazê-lo, se tornando uma tarefa demasiadamente cansativa, ou que ela não tenha interesse.
O bebê sente imensamente a falta de convívio. Futuramente os efeitos dessa carência, da falta de afeto e ligação emocional podem ainda influenciar a criança. Se a depressão na mãe não é tratada a criança pode desenvolver problemas comportamentais, como ser mais irritados, dificuldades de comer e dormir e até mesmo problemas relacionados a comunicação. Por isso é tão importante, não somente para a mulher, mas também para o seu filho, que a depressão pós-parto, seja identificada e tratada prontamente, para que estes efeitos não sejam tão prejudicais aos dois.
Quando não é vista com seriedade e se não tratada com os devidos cuidados aquilo que era um depressão pós-parto pode se tornar algo muito maior e mais difícil de se tratar, tornando-se algo crônico.
Se a mulher já teve depressão pós-parto uma vez, e mesmo que tratada corretamente, ainda assim, ela pode ter episódios de depressão novamente, pois tem mais propensão para que isso ocorra. Além disso, um dos fatores mais preocupantes de qualquer tipo de depressão é o suicídio, que deve ser levado em conta, principalmente nos casos mais severos da doença.
Os fatores de risco para que uma mulher tenha depressão pós-parto são variáveis, entre eles estão: caso a gestante já tenha tido depressão pós-parto anteriormente, ou até mesmo casos de depressão e outros distúrbios psicológicos que não estiveram relacionados com a gravidez. Se a chegada da criança não foi planejada anteriormente, se há falta de apoio da família e do parceiro, se ela se sente sozinha nesta jornada, problemas financeiros e até mesmo algum problema físico podem afetar imensamente o psicológico desta pessoa.
É importante que o tratamento envolva além de medicamentos e psicoterapia, um suporte para toda a família, para o parceiro e todos os envolvidos com esta mulher, pois assim todos poderão identificar com mais facilidade os sintomas, serem mais compreensivos, ajudando com o tratamento, para que futuramente a depressão possa ser evitada.
Assim como todos os outros tipos de depressão é essencial que haja compreensão daqueles que estão envolvidos com a pessoa depressiva. Ficar cobrando e julgando a mulher não trará nenhum benefício e não contribuirá com a melhora de seu quadro. Por isso é importante o empenho de todos, e que principalmente que ambos os pais da criança, tenham o comprometimento do tratamento, visando a melhora imediata.
Para prevenir este tipo de depressão é necessário que a paciente esteja atenta a sua saúde, tanto física quanto mental. E se você é parceiro ou convive com alguém grávida, e principalmente aquelas que se enquadram em fatores de risco, esteja alerto e de prontidão para auxiliá-la de todas as formas possíveis.
É importante manter uma rotina saudável e de qualidade que preparem a mente e o corpo para os desafios da chegada de um novo membro na família. A qualidade do sono, uma boa alimentação e a prática de exercícios físicos deve ser sempre priorizada. Fique longe da cafeína, álcool, drogas, remédios e cigarro. E busque sempre o aconselhamento médico para o uso de qualquer substância.
O cuidado com si mesma também é essencial. Sua autoestima, o controle do estresse e ansiedade em sua rotina devem ser priorizados. Busque o contato e interação social com amigos, família e colegas de trabalho, evitando dessa maneira a solidão.
Neste sentido, tente sempre conversar com pessoas confiáveis e com os profissionais da saúde sobre como você vem se sentindo. Manter o corpo saudável é importante, mas não conseguimos ir muito longe quando nossa mente e emocional não estão também fortalecidos.
A depressão pós-parto é comum, e por isso devemos conversar sempre sobre ela, para que não se transforme em um tabu. Evitar o julgamento e estar sempre atento aos sintomas, buscar auxílio e tratamento imediatos fazem toda a diferença na vida da nova mãe, de seu filho e de toda a família. A melhora e cura são possíveis. Acredite! Dessa maneira prontamente a mulher estará pronta para aproveitar as alegrias da chegada de um novo membro à sua família.
 
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