Falar sobre o adoção é um desafio. Falar de adoção sob o olhar das Constelações Sistêmicas é ainda mais delicado, por conta de suas muitas possibilidades de má interpretação.

Quando falamos em adoção e na impossibilidade de pais biológicos criarem seus filhos, logo pensamos em tramites burocráticos que levam anos para se resolverem até que o bebê ou a criança possa finalmente ser acolhida por alguém que tenha condições psicológicas e financeiras de cria-la.

Entretanto, quando pais biológicos não podem criar seus filhos, a melhor alternativa para assumir a posição que lhes caberia, serão provavelmente os avós da(s) criança(s). Os avós geralmente são as pessoas que mais se aproximam e cuidam das crianças na ausência de seus pais, e caso seja possível ou necessário, que elas voltem a morar com seus pais biológicos em algum momento da vida, essa “volta ao lar original” é muito mais fácil e simples de acontecer.

Caso não seja possível que os avós cuidem dessa(s) criança(s), ou caso já não estejam mais vivos, a próxima escolha seriam os tios ou tias.

O processo de Adoção apenas deve acontecer quando nenhum outro membro da família está apto a assumir a guarda dessa(s) criança(s). Nesse processo, o principal fator observado pelo profissional do conselho tutelar é a intenção dos pais adotivos.

Quando os pais adotivos tem boas intenções e consideram o interesse da criança no processo, possivelmente essa adoção terá sucesso. Entretanto, se os pais adotivos considerarem seus interesses acima dos interesses da criança, e depositarem nela, a responsabilidade de suprir uma frustração deles por não poderem ter filhos biológicos, por exemplo, pode ser que esse processo de adoção não seja tão bem sucedido.

Quando isso acontece, o fluxo básico de dar e receber se desequilibra, assim como a ordem dos relacionamentos familiares. Dessa forma, tanto os pais quanto os filhos podem sofrer com esse desequilíbrio da ordem familiar.

PSC

Quando os casais optam pela adoção, movidos por suas próprias necessidades e não pelo bem-estar de uma criança, é como se estivessem tomando a criança para si de forma negativa, pois o fluxo de amorosidade e harmonia do dar e receber ficaria falho, e isso traz consequências extremamente negativas ao sistema familiar.

No processo de adoção, pouco importam os motivos que levaram os pais biológicos a abrirem mão de seus filhos. O que conta realmente é a intenção dos pais adotivos em inserir a criança adotada no círculo familiar e como farão essa adaptação, para que o fluxo do equilíbrio não se desestabilize.

Se no processo de adoção algum desequilíbrio acontecer e a adoção for identificada como impropria, pode ser que haja futuramente um divórcio, uma doença, um aborto natural e até mesmo o suicídio de algum membro desse sistema.

Quando algum desequilíbrio acontece em nosso sistema familiar, e esse desequilíbrio não é solucionado, é como se deixássemos um portal aberto para que novos problemas surjam e afetem as futuras gerações.

Outra possibilidade que existe em processos de adoção é a de os filhos adotivos não se adequarem à nova família e seus novos pais e desprezarem o que recebem deles. Na grande maioria desses casos, os pais adotivos se sentem superiores aos pais biológicos, ou os filhos adotivos, demonstram superproteção e muito apego ainda aos pais biológicos.

Existem casos em que os pais biológicos entregam seus filhos para a adoção, mas sem necessidade. Nesses casos os filhos sentem verdadeiramente ressentimento contra seus pais biológicos, mas seus pais adotivos, passam a ser o principal alvo desse ressentimento.

Quando os pais adotivos pensam no bem estar e interesses da criança, e têm consciência de que não substituem os pais biológicos, mas os representam e auxiliam na realização aquilo tudo que não puderam fazer por seus filhos, a adoção é um sucesso.

Quando pais aditivos compreendem que desempenham um papel importante, mas a qualidade de pais adotivos vem depois da qualidade de pais biológicos, independente do que eles tenham feito ou quem eles sejam, a ordem é respeitada e consequentemente há equilíbrio e respeito nesse novo lar.

É importante ressaltar que independente de adoções, famílias novas e oportunidades que a vida ofereça a essas crianças adotadas, a lealdade delas estará, na maioria das vezes, voltada à sua família biológica.

Quando os pais adotivos compreendem esse comportamento, e sistemicamente se posicionam ao lado dos pais biológicos, e não acima deles, existe grande chance dessa adoção dar certo. Esse comportamento por parte dos pais adotivos, alinha os sistemas das famílias envolvidas, fazendo com que a criança se sinta segura em seu pertencimento à família biológica e ao mesmo tempo se sinta integralizada na família de seus novos cuidadores.

“Para filhos que passaram pelo processo de adoção, receber seus pais biológicos em seus corações, abrindo mão de qualquer julgamento, pode ser a chave de muitas mudanças na vida.” – Bert Hellinger

O que de verdade faz com que uma adoção dê certo?

Segundo Hellinger, filósofo e psicoterapeuta alemão, precursor das Constelações Familiares, para que uma adoção dê certo, é necessário se respeitar as 3 Ordens do Amor.

  1. Lei da Ordem – Esta Lei fala sobre a ordem natural das coisas. Ou seja, quem vem primeiro, é o mais antigo e deve ter prioridade sobre quem vem depois.
  2. Lei do Amor – Esta Lei fala da troca entre dar e receber. Caso uma pessoa dá e a outra só recebe, automaticamente, há um desequilíbrio.
  3. Lei do Pertencimento – Esta Lei defende o fato de que todos aqueles que fazem parte de um sistema familiar jamais podem ser excluídos ou deixar de pertencer.

Com as 3 Ordens do Amor, compreendemos que os pais biológicos sempre serão os verdadeiros pais da criança adotada, e a herança familiar que ela carregará consigo pelo resto de sua vida também será sempre resultante da história de sua família biológica. Isso faz com que essa criança tenha garantido o seu direito de pertencer à família de origem.

Independentemente de quem seja a criança que estiverem adotando, os pais adotivos devem ter consciência da importância de honrar e respeitar a história da criança e de sua família de origem. É importante também que os pais adotivos sejam gratos a esses pais biológicos, pois a dificuldade deles no exercício do papel de pai e mãe, possibilitou que a vida dessa criança fosse entregue nas mãos dos pais adotivos.

Sendo assim, podemos perceber que para que um processo de adoção seja bem sucedido, é necessário que os pais adotivos tenham sempre em mente que:

  1. A criança adotada possui pais biológicos, que sempre serão seus verdadeiros pais.
  2. Deve-se manter o respeito pela família de origem da criança adotada, e respeitar a história de cada membro pertencente a ela.
  3. Pais adotivos são apenas os cuidadores da criança, diante da impossibilidade da mesma ser cuidada por seus pais de origem.
  4. Tanto quando respeitar a história da família de origem da criança, deve-se ensinar a mesma a honrar e respeitar sua história e a história de seus pais biológicos.
  5. Deve-se agradecer sempre aos pais dessa criança pela oportunidade de cuidar dessa vida pelo tempo que for necessário para ela.

Ao adotar uma criança, devemos oferecer o melhor a ela, e sem dúvidas, para que essa relação seja bem sucedida, não há nada melhor do que oferecer à criança valor, honra e respeito à sua história e à história de sua família de origem, pois confiaram a vida de seu filho, o bem mais precioso, aos cuidados de uma família adotiva.

Aos pais adotivos, cabe apenas a função de tomar a criança em seu coração, com todos os seus vínculos, traumas e carências, para cuidar, amar e acolhe-la sem a intenção de tomar o lugar do pai e mãe de origem, compreendendo que são apenas cuidadores de uma vida que carrega consigo uma história genética e psicológica que deve ser valorizada.

Lembre-se sempre de se lembrar de nunca se esquecer que quem chega primeiro, chega primeiro, uma relação para ser bem sucedida precisa ter equilíbrio entre dar e receber, e todos tem o direito de pertencer aos sistemas, sejam eles de origem ou escolhidos energeticamente pelo Universo. O maior poder do Ser Humano é o Poder de Amar Incondicionalmente e sem Julgamentos aqueles que necessitam.

Fontes:
iperoxo.com/2017/08/17/adocao-um-olhar-sobre-o-exito-ou-o-fracasso-desta-missao/

iperoxo.com/2015/05/05/como-a-adocao-pode-ser-bem-sucedida-aos-olhos-da-constelacao-familiar-sistemica-de-bert-hellinger/

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