Linguagem Ericksoniana

Andrea Danti/Shutterstock A Linguagem Ericksoniana é um dos tipos de comunicação mais poderosos e eficazes que existem

A chamada linguagem ericksoniana é antes de tudo um dos mais poderosos e eficientes instrumentos de comunicação humana de que se tem notícia. Sua utilidade extravasa as fronteiras de uma seara específica e alcança campos os quais nem mesmo seu idealizador havia concebido.

A abordagem a que ela se propõe oferece recursos primorosos para a comunicação em qualquer contexto, seja este empresarial, terapêutico ou até mesmo para as relações afetivas. Daí, para que essa linguagem chegasse ao Coaching, foi um pulo que precisou ser dado pelo pioneirismo do Instituto Brasileiro de Coaching, por meio dos meus incessantes estudos.

A abordagem ericksoniana tem atuação concentrada no de­senvolvimento de uma percepção de comunicação aguçada, que possibilita o desenvolvimento da liderança, facilita o estabelecimento do rapport, auxilia nas relações humanas em geral, abre imensos canais para sessões de Coaching, além, é claro, de oferecer um processo único de extração de aprendizados inconscientes.

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Por Dentro da Linguagem Ericksoniana

A linguagem ericksoniana possibilita a mudança de padrões de comportamento, alteração de crenças e valores. Aprendizados produzidos e adquiridos na competência da mente inconsciente, esse lado tão humano e tão incógnito que Milton Erickson se propôs a desvendar, têm muitas vezes uma força para regular nossas vontades, medos, repulsas ou instintos que dificilmente seria alcançada somente com o uso da razão.

A linguagem ericksoniana tem como objetivo maior criar formas de nos relacionarmos com a mente inconsciente, ou seja, transcender o cognitivo e nos dotar de ferramentas que nos permitam transitar pelos meandros do inconsciente. Isso gera cura, aprendizagem e transformação de comportamentos, nos livrando de padrões negativos e da autossabotagem.

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Sobre isso podemos dizer que a base da linguagem ericksoniana é a aceitação do outro para que o canal de comunicação esteja aberto. Aceitar o outro e sua forma de pensar, agir no mundo e significá-lo.

A sutileza da linguagem ericksoniana está no fato de que os conteúdos não devem ser inteiramente depositados sobre o pa­ciente/coachee, tolhendo ou determinando sua assimilação. Na linguagem ericksoniana não dizemos “não faça isso” ou “faça isso”, mas “faz sentido para você isso ou aquilo?”, ou seja, plantamos sugestões na mente das pessoas.

Aquele que estiver submetido ao processo deve ser instruído ou induzido de modo nada impositivo, a fim de que mantenha sua liberdade de escolha preservada. Um dos maiores riscos em que pode incorrer o coach é introduzir sugestões que possam atrapalhar o aprofundamento do transe, ou potencializar as resistências ao tratamento.

O Coaching Ericksoniano

Existe nesse modelo certa customização das técnicas e da linguagem usadas. Cada paciente ou coachee tem as suas particularidades e especificidades que repercutem, inclusive, na sua forma de se comunicar. Portanto, o processo de Coaching Ericksoniano é completamente individualizado e voltado para a linguagem, as crenças, os hábitos, os padrões e a energia de cada pessoa como um ser único.

O coach sempre evitará divergências entre suas estratégias de comunicação e os valores e padrões seguidos pelos coachees. Essa cautela é um contraste com os modelos mais tradicionais de hipnose que se caracterizam por sugerir ao sujeito uma grande carga de conteúdo, o que faz com que muitas vezes essas sugestões entrem em choque com suas crenças, opiniões e convicções pessoais.

A sintonia entre as partes precisa ser uma realidade para esse modelo de tratamento progredir, haja vista a terapia estratégica concebida por Erickson que tem no envolvimento e participação do paciente/coachee um pressuposto básico.

Como base nessa característica de não confrontar os valores e padrões abraçados pelo indivíduo em tratamento está mais do que uma mera vontade de Erickson em ser politicamente correto ao não impor nada aos pacientes/coachees em transe. O ideal que norteou o psiquiatra nessa concepção pode ser lido como um senso de estratégia para aumentar a eficiência do tratamento. Isso porque quando nos é sugerido, mesmo que inconscientemente, algo que confronta nossas visões, a tendência é que usemos nossas forças para rejeitar a ideia.

Todas essas sutilezas e particularidades da linguagem erick­soniana, que na prática se traduzem em cuidados na forma de se comunicar com o paciente ou coachee sob o efeito da hipnose, se mostram necessárias em razão de a comunicação estabelecida pelo modelo ericksoniano se dar de maneira fundamentalmente indireta. Desse modo, é preciso estar atento para que nenhum elemento perturbador da harmonia na relação tenha espaço para crescer.

Ao estabelecer uma comunicação clara e assertiva com o coachee, o coach elimina as possibilidades de insucesso do tra­tamento, atraindo o paciente para o processo terapêutico, sem jamais perder de vista que é justamente ele o principal agente responsável pela condução das sessões e do tratamento em si.

Seguindo adiante, podemos ver nisso traços do que anos mais tarde seria construído, ainda sob a inspiração ericksoniana, como a Programação Neurolinguística, que preza justamente uma comunicação mais efetiva e positiva.