“Se meu pai e minha mãe tivessem me amado mais eu seria uma pessoa melhor”. Essa é uma crença que devemos nos desvencilhar o mais rápido possível. Para essa ideia limitante só digo uma única coisa: pare de contar mentiras para você mesmo. Sempre convivi com pessoas diferentes, com muitas histórias, algumas lindas e outras bem tristes. E a sua, como é?

Geralmente, essas histórias, sendo tristes ou alegres, tinham sua origem nos pais. E, o que me levou a entender que isso é uma falácia foram observações práticas dos comportamentos emocionais destas pessoas e de como sua mentalidade se refletia diretamente em sua forma de enxergar e se posicionar no mundo e que tudo era justificado pela relação com seus genitores.

As Mentiras que Contamos sobre Nossa História

Vejam abaixo algumas coisas que costumamos ouvir:

  • Minha vida emocional é péssima porque meus pais eram superprotetores e não me deixavam crescer com as rasteiras da vida.
  • Minha vida emocional é péssima porque fui abandonada pelos meus pais e nunca soube o que era o afeto!
  • Não consigo ser otimista e vencedor porque meus pais não me davam atenção o suficiente e sempre me senti sozinho em tudo.
  • Não consigo ser protagonista da minha história porque meus pais me sufocavam tanto e faziam tudo por mim que não sei fazer nada sem eles.

Ora, como duas formas de lidar com a relação familiar podem resultar no mesmo fim? Como podemos entender que “problemas na vida emocional” podem ser criados tanto por pais ausentes como por pais superprotetores? Duas formas de relacionamento familiar diferentes deveriam resultar em duas coisas diferentes, não é?

Pare de Culpar seus Pais!

A verdade é que culpar seus pais por qualquer situação que você vive hoje é uma mentira enorme que você conta para si mesmo. É uma espécie de “muleta psíquica” que você acha que precisa para não assumir os erros que você sempre cometeu consigo mesmo e a forma sempre negligente que agiu com sua própria vida – sem contar a imaturidade emocional.

Você só está aqui porque teve um pai e uma mãe. Isso é de uma profundidade enorme. Você tem um laço genético, um laço afetivo, uma história. Mas a sua existência é de responsabilidade sua. Você é responsável pelo que fez e pelo que fará da sua vida.

PSC

É claro que há muitos conceitos para maternidade e paternidade, e nem todos nós vemos os pais e mães da mesma forma. Poderíamos tratar dessa separação falando sobre o vínculo biológico e o vínculo afetivo, sobre as pessoas que te geraram e as pessoas que te criaram.

Mas, neste momento você saberá dentro de você quais são as curas necessárias. Pais biológicos e pais afetivos, os famosos “pais de consideração”, acredito que você sabe o que é preciso compreender sobre isso. É sua alma que dirá, e sua mente conectará seu pensamento às pessoas certas.

Quando sentimos reciprocidade no amor, sentimos também que pertencemos a um local seguro, que pode ser físico ou no plano das emoções apenas, e no qual possamos ser compreendidos e aceitos como nós somos e também quanto àquilo que oferecemos aos outros. Assim, é possível construir relacionamentos em que a reciprocidade seja a chave para a parceria.

Quando sentimos que nossas necessidades de amor e pertencimento não estão sendo plenamente atendidas, tendemos a nos isolar, começamos a nos sentir solitários, depressivos e mais introvertidos, mesmo que estas sejam atitudes inerentes à nossa vontade. Um sentimento não correspondido traz frustrações e a sensação de que somos insuficientes para nós e para os outros.

Sou Filho, Logo, Existo!

Aceitar que “sou filho, logo, existo” é ter o poder de mudar este cenário e viver relações positivas, ou elevarmos o amor e a gratidão a um nível ainda maior a ponto de podermos ajudar outras pessoas a ressignificarem esse cenário, o cenário das relações familiares. É necessário tomar a iniciativa, as rédeas da própria felicidade, ter atitude e ir em busca do resgate da alma humana daqueles que convivem com você: seus familiares, pais, amigos, todos que são importantes na sua vida.

Para isso, não é preciso fazer nada descomunal, basta que você seja a sua essência, basta que você se entregue ao outro, crie um ambiente favorável à interação, para que ele lhe conheça melhor e juntos possam se dar a chance de conhecer um pouco mais sobre o outro, conversando, oferecendo apoio e respeito mútuos.

Liberte-se das Muletas Psíquicas!

Nossos sentimentos e o modo como o Self 2 (Self 1 é o centro direcionador da consciência, da cognição, enquanto o Self 2 é o centro direcionador da inconsciência, nossa luz, a transcendência das sombras) recebeu os estímulos externos são o que vão afetar diretamente o modo como enxergamos e interagimos com os outros.

Algumas experiências negativas podem ter prejudicado, em certa medida, o estabelecimento das relações de amor e confiança com os outros, isso nos isola, de certa forma, do mundo. Desconfiamos, desacreditamos e desmerecemos as pessoas muitas vezes sem saber o motivo pelo qual agimos dessa maneira.

Talvez faça sentido se pensarmos que esta rejeição é um mecanismo de defesa inconsciente para nos afastar daqueles que nos remetem de alguma forma às memórias de dor e sofrimento. Mas o mais importante é nos vermos livres da autossabotagem que acontece por meio dessas “muletas psíquicas” que buscam culpados sempre do lado de fora e fazem com que as pessoas nunca assumam suas vidas.

Sendo filho, logo, você existe! Aceite sua história e lide com ela da melhor forma que você puder. Isso vai restaurar sua vida emocional, psíquica e espiritual.

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