Segundo um estudo conduzido pela Great Places to Work Brazil, em 2018, menos de 3% dos colaboradores das 150 melhores empresas para trabalhar tinham 50 anos ou mais. Será que alguém com mais de 50 anos ficou pelo caminho e realmente não tem mais nada para oferecer ao mercado de trabalho? Ou será que as empresas não estão prontas ou dispostas a receber essas pessoas em seus quadros de funcionários?

A questão é bastante delicada, e de fato envolve algumas dificuldades na adaptação dos mais velhos às novas tecnologias e às novas práticas adotadas pelas empresas. Mas será que o difícil é mesmo impossível? Não haveria um meio para que a baixíssima porcentagem levantada pelo estudo fosse um pouco mais alta? Acompanhe a reflexão a seguir. Boa leitura!

Idosos que não querem parar de trabalhar

Atualmente, é cada vez mais comum vermos idosos no mercado de trabalho e atuando em diversas áreas dentro das empresas. Isso acontece, em parte, por sua vontade de continuar profissionalmente ativos, entretanto, ocorre também pela necessidade de sobrevivência que lhes obriga, mesmo depois de aposentados, a buscar um emprego que complemente a sua renda.

Os profissionais mais velhos se destacam não apenas por suas amplas experiências profissionais e pessoais, mas também pela proatividade, resiliência, determinação, atenção aos detalhes e às pessoas, simpatia, empatia e cordialidade; qualidades de quem já viveu boa parte de sua vida e já aprendeu muito com ela.

Essas também são competências muito buscadas pelas empresas, afinal, as experiências não são acumuladas de um dia para outro. Ainda que os jovens tenham muita energia, nem sempre sabem o que fazer com ela. Já os idosos já tiveram bastante tempo para aprender!

Preconceito contra idosos no mercado de trabalho

O preconceito é, com certeza, uma das maiores barreiras que os profissionais da terceira idade precisam enfrentar ao voltar ou permanecer no mercado de trabalho. Entretanto, mesmo com o seu jogo de cintura, esse problema é uma realidade e gera bastantes conflitos com os colegas mais jovens, pois muitos acham que lugar de idoso é em casa jogando damas ou fazendo tricô.

PSC

A discriminação não para por ai. Muitas empresas também não contratam profissionais considerados idosos, pois, de acordo com a sua mentalidade, são “velhos demais” para o trabalho. Mal sabem elas que estão perdendo grandes oportunidades de unir a experiência e os conhecimentos dos idosos com o espírito criativo e inovador dos seus colaboradores mais jovens.

Na contramão desse raciocínio preconceituoso, empresas como Pão de Açúcar, Extra, Assaí e Ponto Frio já se destacam há alguns anos por defenderem e aplicarem políticas organizacionais de valorização da mão de obra da terceira idade. Que essas organizações possam servir de exemplo para as demais!

Como vencer esse obstáculo?

A melhor forma de vencer o preconceito é por meio de uma cultura organizacional que valorize o ser humano, independentemente da idade dos colaboradores. Quando a empresa defende essa ideia e dissemina essas premissas dentro e fora das suas paredes, a presença de profissionais mais velhos passa a ser tratada de forma natural por todos, pois foi feito um trabalho de conscientização e combate ao preconceito.

Como resultado disso, a organização passa a ter uma integração muito maior entre os seus colaboradores que, ao respeitarem-se mutuamente, podem juntos unir as suas expertises e competências para conquistar grandes resultados. Experimente fazer o mesmo na sua empresa: inclua profissionais da terceira idade no seu quadro de funcionários e dê uma oportunidade para quem ainda tem muita força de vontade para manter-se ativo no mercado de trabalho.

Algumas das empresas já citadas neste artigo inclusive promovem programas para a admissão de profissionais da terceira idade. Esses programas procuram oferecer uma parcela das vagas da empresa exclusivamente aos indivíduos dessa faixa etária, fazendo uma integração desses colaboradores com os mais jovens, de modo que a relação entre eles seja tão tranquila quanto for possível.

O processo de onboarding, ou seja, de admissão e integração do novo funcionário, precisa ser especialmente bem-conduzido com esse grupo. É preciso apresentar a esses profissionais a empresa, os seus objetivos, os departamentos em que está dividida, as tarefas que serão de responsabilidade de cada profissional e as tecnologias com as quais ele deverá se familiarizar. Nesse sentido, vale a pena promover alguns cursos e treinamentos até que o colaborador se sinta seguro para trabalhar.

Além disso, também é fundamental conscientizar os demais colaboradores da empresa sobre a importância da troca de conhecimentos, da paciência e da colaboração. O departamento de recursos humanos é essencial nesse aspecto de conscientização, reforçando que as diferenças entre os indivíduos podem ser extremamente enriquecedoras e benéficas a todos os envolvidos, desde que os preconceitos sejam deixados de lado.

Conclusão

A conclusão a que podemos chegar é de que realmente as novas tecnologias são mais facilmente utilizadas pelos mais jovens do que pelos mais velhos, que provavelmente aprenderam a realizar as atividades de maneiras diferentes no passado. No entanto, isso não invalida o idoso no mercado de trabalho.

Nunca é demais lembrar que absolutamente ninguém nasce sabendo, e não é porque alguém tem idade mais avançada que a pessoa perdeu as suas capacidades cognitivas. O que as empresas precisam desenvolver é a paciência de treinar e integrar esse colaborador mais velho às rotinas e práticas da organização, assim como é feito com qualquer estagiário adolescente.

A verdade é que a idade só será um problema se as pessoas permitirem que isso aconteça. Ou você acha que pessoas jovens não erram e não têm dificuldades com determinadas ferramentas? Julgar uma pessoa exclusivamente pela sua data de nascimento é uma atitude preconceituosa. Para conhecê-la de verdade, inclua os idosos nos processos seletivos e dê a eles uma oportunidade para que mostrem o que sabem, antes de chegar a qualquer conclusão a respeito deles.

E você, querida pessoa, já teve a oportunidade de trabalhar com uma pessoa com idade avançada? Como foi a experiência? Deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!