Juergen Faelchle/Shutterstock As metáforas são poderosas aliadas no processo de autoconhecimento e na evolução do coachee

Quando se pensa na eficácia da metáfora, é fundamental ter em mente que o que vale para ela é o mesmo que vale para a linguagem ericksoniana em geral: não há contraindicação ou efeito colateral. Seu uso, portanto, jamais deve ser encarado como algo de validade duvidosa. Trata-se de uma ferramenta promissora e que traz frutos positivos.

Na fragilidade da metáfora está também a sua força. Ela é apenas uma história, um símbolo, uma ideia sintetizada. Por não ter a pretensão de ser uma diretriz, ordem ou uma regra absoluta que não pode deixar de ser seguida, ela cumpre seu papel terapêutico sem impor nada ao coachee. Levar a metáfora em conta é um gesto voluntário, que é parte da disposição individual de buscar melhorias, sem, no entanto, representar uma obrigatoriedade.

O Uso das Metáforas no Processo de Coaching

O coachee só acolhe a metáfora por reconhecer nela uma vantagem e não uma obrigação, por isso, não encontra barreiras em sua mente. O uso de contos para influenciar no comportamento das pessoas não é algo novo. A prática de contar histórias é tão antiga quanto à própria capacidade de comunicação.

Fruto da oralidade e da necessidade de manter uma memória, os grupos humanos sempre cultivaram o hábito de transmitir os grandes feitos de sujeitos e povos. Muitas dessas histórias encerram com o que os contos infantis chamam de “moral da história”, que se caracteriza por uma espécie de conclusão da narrativa em que as peripécias do personagem suscitam uma reflexão no leitor/ouvinte. Assim, o conto não seria um mero lazer, mas influenciaria no modo como as pessoas veem o mundo e agem nele.

As imagens metafóricas são sempre transformativas e, por isso, podem gerar uma troca cognitiva e emotiva. O sucesso da metáfora está em se fazer passar, no fim do processo, por uma mensagem objetiva e direta. Após ter sido transmitida indireta­mente e assimilada dessa mesma forma pelo sujeito, ela tem a capacidade de fazer com que o coachee lhe dê um tratamento como o de uma mensagem objetiva, para a qual ele mobiliza todos seus esforços intelectuais e racionais a fim de alcançar o que o foi proposto.

O coach assume uma posição na qual acredita que as limitações do coachee são estritamente subjetivas e estão enraizadas nos domínios do inconsciente, sendo menos ineficaz, portanto, tratá-las apenas com a linguagem que fala aos ouvidos da mente inconsciente. A metáfora, nesse sentido, camufla-se de uma mensagem objetiva para que tanto a lado consciente quanto o inconsciente concorram para alcançar o objetivo sugerido e perseguido.

Processo de Ressignificação

PSC

No processo de ressignificação, muito próprio do trabalho com o Coaching, as metáforas são ferramentas básicas. Para isso, é necessário não só conhecer uma quantidade significativa de metáforas, mas compreender como os mecanismos narrativos desses contos podem atingir as emoções do coachee a ponto de surtir um efeito observável no seu escopo comportamental.

As metáforas motivam não unicamente o comportamento verbal, a fala e a escrita, mas também o comportamento não verbal: os gestos, as emoções, os pensamentos, as experiências humanas em geral.  Na Psicologia e na Sociologia, essa utilização é conhecida como “modelagem simbólica”. Sua utilização é extremamente vasta e, a exemplo das metáforas da literatura, tenta-se transferir o sentido de um fato para outro.

Assim, se os contos são utili­zados no universo infantil para mudança de comportamento, nada impede que os adultos também tenham seus contos e suas metáforas a fim de retomar o sentido de algumas práticas. Mais ainda, na área da saúde, em que muitas doenças são difíceis de compreender e seus processos podem ser complexos, as metá­foras são formas de atuar sobre o otimismo e a ressignificação da situação de enfermidade.

As metáforas, no entanto, não partem apenas do coach para o coachee. É preciso também reconhecer as metáforas que as pessoas usam para tentar expressar as sensações desencadeadas por um processo específico. Quem nunca tentou explicar algo com “É como se…”? A própria forma como falamos sobre nossa vida, nossa história, é uma forma metaforizada, pois vem de uma perspectiva própria. O coachee precisa, no processo de Coaching Ericksoniano, ter liberdade para criar suas próprias metáforas.

Há uma interessante leitura do trabalho com metáforas e sobre como consiste a organização desse trabalho, baseada em um artigo da Master Practitioner de PNL norte-americana Donna Weber, publicado na Anchor Point Magazine, a respeito do método de Robert Dilts, de 1990, de combinar estados de problemas com estados de recursos para criar um estado desejado. A fórmula desse método/teoria seria: metáfora do problema + metáfora de recurso = metáfora do resultado desejado.

O pressuposto inicial é de que as pessoas já tenham, dentro de si, todos os recursos de que necessitam, no entanto esses recursos foram, com o tempo, sendo marginalizados, esquecidos pela ação de “emoções negativas”. Portanto, é necessário, segundo a autora, um trabalho que consiga liberar essas emoções negativas do corpo do coachee. Após isso, ele será capaz de encontrar, dentro de si, possibilidades de reversão, ressignificação e empoderamento.

Todas as emoções como a angústia, a ansiedade, o remorso, a culpa, certas confusões ou crenças limitantes, como “não con­sigo” e “eu não sei”, podem ser abordadas com sucesso por meio desse processo de metáforas incorporadas. No fim das contas, as metáforas funcionam como um mapa autorreferenciado que dá ao sujeito a oportunidade de se encontrar, de se conectar com as soluções que apenas ele mesmo está apto a construir.

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