Todos nós vivenciamos experiências de diálogos internos em nossas rotinas, mas poucos de nós conseguimos entender como isso funciona e por que acontece esta dualidade. Diversas são às vezes em que percebemos diálogos internos entre uma intuição forte e um pensamento lógico que nos ocorre.

Um exemplo disso é quando chegamos a algum lugar, vemos uma pessoa que não conhecemos e, mesmo que ela não nos atraia fisicamente em nada, nos sentimos impulsionados a falar com ela. É como se uma voz interna (ou um sentimento) nos dissesse “quero conhecer essa pessoa agora!”. Ao mesmo tempo, outra voz nos fala: “O que você está fazendo? Essa pessoa não te atrai em nada, você nem a conhece, quem te garante que ela será receptiva com você?”.

Esse tipo de conversa interna nos lembra dos desenhos animados, em que temos um anjinho e um diabinho que ficam nos dizendo o que fazer ou não fazer, murmurando conselhos em nossos ouvidos.

Acredite ou não, esse tipo de diálogo interno realmente existe. O que chamaremos aqui de “diálogo interno”, o autor estadunidense Timothy Gallwey chama de “jogo interior”. Conhecer o diálogo interno entre nossos “selfs” (nossos “eus”) nos possibilita mudar a nossa percepção de mundo, melhorar nossa performance e aprender mais a cada dia.

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Compreendendo a dualidade

A física quântica descreve a capacidade dos entes físicos subatômicos de se comportarem ou terem propriedades tanto de partículas como de ondas. É a tão conhecida dualidade onda-partícula, também denominada dualidade matéria-energia. Isso nos ensina que a própria estrutura da nossa matéria possui um comportamento dual.

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Sabendo disso, não é de se admirar que as pessoas tenham uma percepção dual do mundo, uma vez que o próprio mundo, enquanto estrutura física, é um exemplo de reflexo dessa dualidade. Por isso temos conceitos duais, como bem e mal, certo e errado, luz e sombra, entre outros.

Jiddy Krishnamurti, filósofo, escritor, e educador indiano, dizia que vivemos aprisionados no beco da dualidade, na armadilha dos opostos, e que devemos compreender a dualidade para que possamos transcendê-la. Dizia ainda que, enquanto houver pensador e pensamento, inevitavelmente haverá a dualidade.

Quando compreendermos que pensador e pensamento não existem se não estiverem conectados, o conflito que temos com nossa dualidade cessará. Um exemplo muito conhecido da manifestação da essência por meio da dualidade é o Yin-Yang, tradicional símbolo taoista.

  • O Yin (lado preto) representa o frio, a sombra, o abstrato, o subjetivo, o caos, o feminino.
  • O Yang (lado branco) representa o calor, a luz, o lógico, o objetivo, a ordem, o masculino.

O que vemos no símbolo são dois exemplos de opostos que, na verdade, não são opostos. São duas perspectivas diferentes de uma mesma realidade.   A relação que podemos fazer dessa dualidade do ser humano com o diálogo interno está relacionada ao fato de que tanto a estrutura da matéria quanto a percepção que temos do mundo são reflexos de uma dualidade.

Neurociência, selfs e hemisférios cerebrais

Sabendo que nosso cérebro reflete essa dualidade por meio do diálogo interno, podemos considerar inevitável admitir que a nossa relação com nosso “eu” interior também é dual. A neurociência comprova que o nosso cérebro é dividido em dois hemisférios: o hemisfério direito (Self 2 — Yin) e o hemisfério esquerdo (Self 1 — Yang), que trabalham de maneira complementar, processando informações de formas diferentes.

O hemisfério direito está diretamente ligado à intuição, à criatividade e às habilidades artísticas. Já o hemisfério esquerdo está relacionado à lógica, ao detalhismo e à organização. O ideal é que sejamos capazes de utilizar esses dois hemisférios de maneira equilibrada.

Aprofundando um pouco mais nas características de cada hemisfério cerebral, podemos afirmar que pessoas que utilizam mais o lado esquerdo do cérebro tendem a ser excessivamente organizadas, perfeccionistas e racionais. Já as pessoas que utilizam mais o lado direito do cérebro, tendem a ser excessivamente criativas, emotivas, intuitivas e sonhadoras.

Estudos comprovam que a maioria das pessoas faz mais uso do lado esquerdo do cérebro, e isso acaba causando um desequilíbrio em diversas áreas de suas vidas. Tudo na natureza está ligado ao equilíbrio, à busca pela harmonia e, por essa razão, utilizar os dois hemisférios do cérebro nos permite encontrar o ponto de equilíbrio entre o que é lógico e o que é intuitivo.

No que se refere aos selfs, podemos afirmar ainda que no Self 1 (hemisfério esquerdo) estão contidas ainda as manifestações do ego, como por exemplo: o “eu” julgador, o “eu” crítico”, o “eu” racional, o “eu” cognitivo e o “eu” diretivo/ no comando.  Por outro lado, o Self 2 (hemisfério direito) está mais ligado à mente inconsciente, pois transcende a cognição, é mais emocional e funciona sempre no tempo presente.

Cabe a cada ser humano desenvolver a sua capacidade de manter os dois hemisférios em equilíbrio.

“The Inner Game — O Jogo Interior do Tênis”, de Timothy Gallwey

No livro “The Inner Game – Jogo interior do Tênis”, Timothy Gallwey relata que, ao ensinar um grupo de alunos a jogar tênis, percebeu que quanto mais tentava controlar a técnica utilizada pelo aluno para bater a raquete na bolinha e acertar a jogada, mais o aluno focava o aprendizado no Self 1, no controle e na lógica. Isso quer dizer que o Self 2, a maneira mais natural de o aluno bater na bolinha, acabava sendo sufocado, reprimido.

O Self 1 é muito crítico e pode gerar um estado emocional de frustração. Já o Self 2 tem como foco o potencial natural de cada pessoa e, portanto, não compromete as habilidades naturais de cada um.

Timothy Gallwey afirma que, quando confiamos no Self 2, a primeira sensação que temos é a de que perdemos o controle. Entretanto, o que acontece é que, quando deixamos de lado o Self 1, estamos aumentando a nossa capacidade de controle. Um excelente exemplo disso foram os alunos em suas aulas, que, ao deixarem o Self 2 assumir o controle, tiveram muito mais facilidade em aprender a jogar tênis.

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A busca pelo equilíbrio de nossas dualidades internas

Podemos dizer, então, que o melhor caminho para a mudança recai sobre a aceitação das coisas como elas são, suspendendo julgamentos. E como fazemos isso? Como podemos escutar nosso Self 2 e liberar nosso potencial?

Na experiência do jogo de tênis, Timothy percebeu que, enquanto o aluno deixava seu Self 1 observando a trajetória da bolinha, o Self 2 assumia o papel de consciência não julgadora e, consequentemente, o aluno melhorava seu desempenho.

Todos nós temos diálogos internos diários em nossas vidas e, na maioria das vezes, acabamos deixando o nosso Self 1 reprimir e sufocar o nosso Self 2. Devemos sempre nos lembrar de que o Self 1 é o nosso lado critico, e muitas vezes está direcionado para os problemas. Já o Self 2 é mais direcionado para a solução natural de problemas e para o potencial criativo de cada indivíduo.

Quando algo der errado em nossas vidas, o melhor a fazer é não dar atenção ao erro, mas sim permitir ao nosso Self 2 encontrar e nos mostrar qual é a melhor solução natural para aquela situação. Com foco, dedicação e prática, podemos transformar essa conversa dual dos selfs em uma só voz, capaz de manter nossos hemisférios cerebrais e suas frequências equilibradas. Assim, unificaremos a nossa capacidade de percepção, explorando o que há de melhor na dualidade que todo ser humano possui dentro de si.

E você, é mais Yin ou Yang? Usa mais o seu hemisfério direito ou esquerdo do cérebro? Ouve mais o seu Self 1 ou o Self 2? Deixe as suas respostas no espaço abaixo. Além disso, não se esqueça de compartilhar este artigo com todos os seus amigos e familiares, por meio das redes sociais.