Não sei se você já viu alguém fazendo tricô ou crochê. Se ainda não viu tenho uma imagem para você entender como funciona essa técnica extraordinária de tecer. Antes de uma blusa bonita, um chalé ou mesmo um tapete, há apenas a linha e a agulha de tricotar. Nada além disso. Quando a agulha se junta a linha e dá-se uma bela volta, têm-se o primeiro ponto. De dentro desse primeiro ponto nascerão todos os próximos pontos.

Essa imagem fica em minha memória e penso que a vida é uma toalha de tricô que nunca se acabará. No ponto em que estamos tendemos a esquecer os pontos que vieram antes, mas na verdade o ponto em que estamos só existe por conta dos anteriores a eles. Na vida, como no tricô, somos o resultado daquilo que veio antes de nós. E como a Lei do Amor, que defende que os mais velhos vêm primeiro e os mais novos depois.

A conexão com o nosso passado existe independente da nossa vontade. Nós somos o resultado de milhares de anos de acontecimentos. Somos o resultado de milhares de pessoas que estão em nossas células, incorporadas. De cada alimento que já existiu sobre a terra. Nós somos o resultado da temperatura e da umidade, dos povos que se juntaram, das pessoas que nasceram antes e que morreram. Toda a história está em nós, nossos genes e na nossa memória celular.

É necessário para nossa evolução nos reconectarmos com nossos ancestrais, com nossa história, com a linha que vem tecendo a trajetória da nossa vida e das pessoas que compõem nossa vida. Pela reconexão curarmos feridas imemoriais, transformamos em positivo as heranças negativas que carregamos mesmo sem conhecimento, liberamos nossa alma e nossa mente para seguir rumo ao horizonte, reforçamos nossas raízes na mesma medida em que ganhamos mais asas.

A Influência da Ancestralidade, dos Antepassados em Nosso Presente

Caso você conheça seus antepassados, até a segunda, terceira, quarta… quem sabe até a quinta geração passada, talvez você tenha bastante facilidade de se reconhecer nessa trajetória. Caso você não saiba, não conheça, isso não importa. Nos reconectamos com nossa memória do passado por meio de nossa alma, que jamais morre e cuja memória jamais se apaga.

Saiba que nossos antepassados, ainda hoje, Influenciam nossas escolhas, criam e apagam nossos medos, sonhos, impulsos. Também a nossa etnia, nossas crenças e inspirações. É necessário perdoar nossos antepassados e, ao mesmo tempo, honrá-los por permitirem que estejamos hoje, aqui.

PSC

Os 3 Tipos de Herança

Sabemos que recebemos de nossos antepassados pelo menos 3 tipos de herança:

Biológica –

Está em nossas células, nossos cromossomos, podemos ver pelos nossos traços físicos e pela nossa resistência a doenças, por exemplo.

Psicológica –

Nossa forma de pensar, nossas crenças, e mesmo nossa saúde mental são fatores que são fortemente influenciados por nossos pais.

Espiritual –

Embora essa herança não seja totalmente aceita, para os cristãos, por exemplo, bênçãos e maldições acompanham famílias e seus descendentes.

Para honrarmos tais heranças e também quebrarmos laços de negatividade, devemos nos reconectar com todos os que vieram antes de nós e produziram nossa história, todos aqueles que contribuíram, da forma que foi possível, para sermos o que somos hoje.

Prática Meditativa de Reconexão e Perdão dos Antepassados

A meditação é uma prática extremamente profunda, que desperta nossa consciência mais profunda, expande nossa mente rumo a dimensões mais etéreas e divinas. Não é algo tão complexo como alguns pintam, é simples e pode ser um hábito muito saudável para nosso bem-estar físico, mental e espiritual.

Na Hipnose Ericksoniana sempre trabalho práticas de linguagem subjetiva, que conduzem as pessoas a estados alterados de consciência, mais fluidos e sutis, que nos levam a uma condição ótima de aprendizagem. Tenho também alguns CD’s de Indução que podem ajudar. Mas aqui quero mostrar uma forma bastante simples de buscar a reconexão com seus antepassados.

  1. Para ouvir nossa voz interior e despertar nossa consciência profunda é preciso silêncio e calmaria.

Busque um lugar limpo, confortável, silencioso. Que tenha uma temperatura agradável, talvez com uma brisa leve, talvez um som que te agrade como uma água corrente e outros sons da natureza. Ou no mais absoluto silencio.

Coloque-se em uma posição confortável, porém ereta. Não se deite. Fique sentado em posição de lótus ou com as pernas esticadas e a coluna apoiada na parede.

  1. Feche os olhos e tente respirar conscientemente. Isso quer dizer que você deve prestar atenção à sua respiração, perceber o ar que sai e o ar que entra e seu organismo fazendo parte de tudo isso.

Sua mente tentará buscar situações do dia, pessoas, lembranças aleatórias. Sempre que isso acontecer traga à sua mente sua própria imagem. Controlar a própria mente exige muitos anos de treino, mas você precisa se esforçar.

Aos poucos, comece a trazer à sua memória sua família. Cada pessoa da sua família. Sua mãe, aquela pessoa que você reconhece como mãe, por meio do afeto. Pense em todas as situações de amor e cuidado que você vivenciou com sua mãe. Honre cada abraço, cada chazinho quente nas noites de febre. Cada telefonema de preocupação, cada almoço de domingo.

Agradeça. Ame. Sinta-se bem e feliz!

Lentamente você vai buscar a imagem de sua mãe biológica, que talvez não seja a mesma mãe afetiva. Sendo assim, veja o rosto de sua mãe biológica. Caso não a conheça, imagine um rosto para ela. Como ela é? Como são seus olhos? Como são seus cabelos? Que cor é a sua pele? Como ela sorri?

Pense nos momentos de solidão, de tristeza, nos momentos em que você sofreu por não tê-la por perto. Sinta cada frustração, cada rejeição que você suportou. Controle sua respiração e cada vez que expirar deixe que esse sentimento vá embora. Perdoe sua mãe biológica. Perdoe para que ela tenha paz e que você encontre a paz.

Diga em voz alta: Eu te perdoo pelos sentimentos que eu cultivei dentro de mim, e reconheço que você não tinha recursos internos para ser uma mãe melhor. Eu te perdoo, fique em paz”.

Agradeça. Ame. Se sinta bem e feliz!

Faça a mesma coisa com o seu pai… Busque cada pessoa da sua família que fizer sentido para você. Cada u que você precisar se reconectar. No último momento, traga à sua mente os seus ancestrais. Vá imaginando seus rostos: seus avós maternos, seus avós paternos… Seus bisavós… seus tataravós… seus ancestrais mais distantes.

Imagine a forma como eles viveram, as dificuldades que passaram. Imagine como eles se reuniam e como se amavam… imagine também como brigavam, como os homens eram severos, ou como as mulheres eram destemidas. Mas, sobretudo, imagine as cosias que eles sabiam fazer, seus conhecimentos, suas habilidades, seus ofícios… conecte-se com a sabedoria de cada um e de cada uma.

Você pode dizer em voz alta: Eu me liberto de cada laço negativo, cada sentimento de raiva, rejeição, culpa, negação, tristeza, fracasso, pessimismo que herdei de meus antepassados, desde os que eu conheci até os mais remotos, aqueles que viveram há muitos anos e que influenciaram minha família. Eu me liberto porque esses sentimentos não são meus. Deixo que eles sejam diluídos no esquecimento e no Universo.

Eu perdoo a todos os meus entes, desde minha mãe (dizer o nome) e meu pai (dizer o nome), minha avó, meu avô, e todos os que vieram antes deles, até os tempos imemoriais. Eu perdoo e deixo que meu coração esteja livre de toda a negatividade, tristeza, rejeição, raiva e negação.

Eu me reconecto com toda a minha história, com todos os meus ancestrais. Aqueles que vi e conheci e aqueles que viveram muitos séculos antes de mim. Eu me reconecto com toda a sabedoria, força e determinação dos meus ancestrais. Eu aceito e honro a história de cada um deles, eu respeito o legado de todos os que vieram antes de mim.

Eu decreto: Não sou mais vítima da vida. Aceito a responsabilidade por mim mesmo. Sempre posso fazer escolhas em minha vida, mesmo não sendo capaz de escolher as circunstâncias da minha vida, sempre posso escolher a maneira como responder aos eventos de minha vida. E declaro isso agora e para sempre.

  1. Imagine-se então sentado no topo de uma montanha. Sentado no topo da montanha você apenas sente uma brisa leve no seu rosto e alguns raios de sol. É muito agradável e silencioso.

Você está em paz… Você está absolutamente em paz.  Não há nada que te pese. Você está leve, e continua sentindo a brisa leve no seu rosto. Você olha então à sua esquerda, lá embaixo, toda a sua família e seus antepassados. Todos estão felizes e olham com ternura para você.

Você olha para sua direita, lá embaixo estão pessoas que você não conhece. Só um ou dois rostos lhe são familiares. Essas pessoas são seus filhos, netos, bisnetos, tataranetos… são pessoas que você talvez nem chegará a conhecer, mas que serão o resultado de tudo o que você fizer nessa vida.

Do lado direito da montanha estão seus descendentes. As gerações futuras. Como essas gerações futuras falarão de você? o que você quer que essas pessoas guardem de você?

Agradeça. Ame. Você está e paz, você está feliz!

Desça então da montanha onde você se encontra e à medida que você desce você também abre seus olhos.

Como você se sente? Deixe seu comentário e compartilhe o que sentiu durante e como se sente agora após ler esta reflexão sobre ancestralidade, perdão, amor e união.