Crescer sem a presença paterna pode gerar diversos traumas em um indivíduo, que se estendem por toda a vida, principalmente se a razão for o abandono e não a morte. No Brasil, mais de cinco milhões de crianças em idade escolar são criadas apenas pelas mães e muitas nem chegam a, sequer, conhecer os pais. Se você passou por uma situação de abandono paterno ou convive com alguém que passa por isso, saiba que é possível superar e transformar a dor da rejeição em aprendizado e crescimento.

A Dor da Rejeição Causada Pelo Abandono Paterno

Um dos fatores que mais causa sofrimentos aos seres humanos é o sentimento de desacolhimento. Ninguém gosta de se sentir rejeitado, principalmente na infância, que é quando o caráter é formado. Durante a fase escolar este problema costuma chamar mais a atenção, principalmente em eventos que contam com a participação das famílias e exigem a presença dos pais. Por mais que as escolas e as mães tentem suprir esta falta, estudos apontam que aquelas crianças que não têm pai se sentem inferiores àquelas que têm e, com isso, podem apresentar diversos tipos de problemas comportamentais e emocionais.

Neste sentido, os indivíduos que foram abandonados pelos pais, podem apresentar os seguintes problemas:

  • Ter dificuldade de se relacionar com outras pessoas;
  • Apresentar comportamentos negativos na escola e em casa;
  • Tornar-se extremamente carente emocionalmente;
  • Adquirir problemas psicológicos, tais como ansiedade e depressão;
  • Sofrer de baixa autoestima e falta de confiança;
  • Ter problemas para confiar em si e, também, em outras pessoas.

Dicas Para Superar a Ausência Paterna

Mesmo que possa ser bastante delicado sofrer com a dor da rejeição, saiba que é possível evitar que isso aconteça ainda na infância ou resolver essas questões mesmo depois da vida adulta. Até mesmo de um acontecimento traumático como este pode ser por ressignificado e transformado em algo de positivo na vida da pessoa. Continue lendo e saiba como!

Veja Seu Pai Como um Ser Humano

Na sociedade em que vivemos, é comum vermos pais e mães sendo retratados e considerados como seres perfeitos. A verdade é que são realmente importantes, afinal nos deram a vida e devemos sempre valorizar isso. Contudo, vale lembrar que eles são, antes de tudo, seres humanos como nós, que estão sujeitos a cometer erros, assim como qualquer outro indivíduo.

Uma pessoa que abandonou seu filho pode ter tido inúmeras razões para agir de tal forma, inclusive não ter crescido com um exemplo paterno ou tido condições de assumir tamanha responsabilidade. A minha intenção aqui não é justificar o erro, mas sim a de mostrar que qualquer um pode cometê-lo. Na grande maioria dos casos abandona-se uma situação, e não uma pessoa especificamente. Então, procure considerar isso antes de se permitir sofrer por achar que é inferior; indigno de amor ou ainda de abrir espaço para a criação de crenças limitantes, que te impedem de se valorizar e ser feliz.

É Você Quem Decide o Que Irá Te Afetar

PSC

Por mais que as experiências de vida tenham grande influência nos sentimentos e comportamento de cada indivíduo, é você quem tem o poder de decidir o que irá te afetar. Tudo aquilo que fazem contigo tem sim o poder de te transformar de alguma maneira, e quem decide se será de forma positiva ou negativa é você. Então, minha dica é que escolha ressignificar o que sente em relação ao abandono paterno, busque perdoar seu pai a fim de evoluir como pessoa e de eliminar os sentimentos ruins que te associam a este fato.

Ao ser desassistido, um indivíduo tem duas opções, se deixar levar pelo sentimento de vítima ou culpa em relação à situação ou fazer daquilo uma razão para se tornar mais forte, evoluído e para fazer diferente diante da mesma situação familiar. Acredite – você tem esse poder de escolher o que fazer com os seus sentimentos e acontecimentos. Ao buscar se conhecer, conseguirá descobrir todo o potencial que tem para decidir se quer ser uma pessoa triste e frágil ou alguém que soube se reerguer após um sofrimento.

Evite Generalizar as Pessoas

Grande parte dos indivíduos que passa por uma situação de rejeição familiar costuma criar uma barreira de insegurança que a impede de se relacionar com outras pessoas também. O medo de ser rejeitado novamente faz com que eles deixem de criar laços de confiança e se mantenham sempre desconfiados das intenções daqueles que se aproximam. Mais uma vez, entra em cena o poder que você tem de decidir o que fazer com o que fizeram contigo.

Procure pensar de forma racional e perceba se acredita que um novo amigo ou alguém que se aproximou com intenções românticas irá te abandonar apenas porque seu pai agiu dessa forma. As pessoas entram e saem de nossas vidas por razões diversas, inclusive existem aquelas que permanecem ao longo dos anos. Não há como prever, então, o que nos resta é desfrutar enquanto elas estão ao nosso lado, viver o aqui e agora, sem medos desnecessários.

Não Repasse os Traumas

Em algum momento da vida, pode ser que você se torne pai ou mãe de uma criança e o meu conselho principal é que desfrute dessa experiência tão transformadora e não repasse os traumas que viveu. Os ciclos que devem ser mantidos são os positivos, aqueles que são negativos e trouxeram dor devem ser quebrados, lembre-se sempre disso.  Você é a história que conta da sua história!

Se a ausência do seu pai foi tão difícil para você e trouxe tanto sofrimento, siga o exemplo contrário e faça diferente, seja o melhor pai ou mãe que seus filhos puderem ter. Viver esse relacionamento, mesmo que em outra posição, irá te ajudar a adquirir uma nova visão, a fim de curar, de uma vez por todas, as feridas que ficaram.

Como Criar o Filho Sem a Presença do Pai

Se os filhos sofrem com o abandono dos pais, as mães sofrem duplamente, porque precisam lidar com o fim de um relacionamento e, ao mesmo tempo, com a dificuldade de criar uma criança sozinha. Como uma forma de preencher o vazio causado pela ausência do pai, muitas mulheres acabam assumindo o papel de pães. Essa é uma atitude natural de alguém que deseja minimizar o sofrimento daquele ser que tanto se ama e, por isso, se esforça duplamente para estar presente nos vários momentos onde a presença de um pai de faz necessária.

Isso é um ato de amor muito bonito. Contudo, é importante salientar que uma criança que foi abandonada pelo pai precisa de um suporte emocional diferente, a fim de superar essa ausência. Entretanto, os limites devem ser os mesmos dados a outras que são criadas com a presença paterna. Saber dizer “não” quando necessário é um ato de amor, assim como impor regras e orientá-la sobre a vida. Procure ensinar ao seu filho como ser forte, respeitoso, autoconfiante e sempre repassar-lhe valores positivos. Assim, ele conseguirá superar qualquer acontecimento e seguir em frente mais preparados para seus desafios.

Ser abandonado é realmente algo bastante delicado, mas meu principal conselho é que recuse o papel de vítima da situação, assuma o protagonismo em sua história e jamais permita que crenças limitantes ocupem sua mente e direcionam suas ações. Você merece ser feliz, acredite e lute por isso!

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