igor kisselev/Shutterstock As metáforas ancoram novas ideias em nossa mente e são poderosos instrumentos de mudança

Metaforizar é um passo crucial na abordagem ericksoniana e que eu, particularmente, enxergo como de inestimável contribuição ao Coaching. Quando metaforizamos em uma sessão com um coachee, toda a abordagem subsequente dos problemas e questões a serem tratados se torna mais branda.

Com ela, fica possível abrir a caixa de Pandora que todos temos sem que os problemas nos assustem ou nos envolvam a ponto de termos dificuldade de agir. É possível, com isso, desarmar o coachee e fazê-lo perceber que a força que o inibe nas suas conquistas pode ser revertida, e propulsioná-lo adiante no rumo das suas metas.

Abordagem Ericksoniana –  Modelo 3Ms 2Rs

Recorrer às metáforas, contudo, é apenas um dos três Ms e dois Rs em que se resume a metodologia ericksoniana. Os outros dois Ms são motivar e mover. Por motivar deve ser entendida a tarefa de manter acesa a chama a todo o momento.

Essa atribuição pode ter seus momentos de altos e baixos quando nos deparamos com alguém um pouco desmotivado, mas ela se torna bem mais fácil quando pensamos que o paciente ou coachee só chegou até ali porque em algum momento ele teve o que no Coaching ousamos chamar de o nobre exercício do TBC: tirar a bunda da cadeira.

Motivação é um elemento constante em 100% dos casos. Sem ela, o mais simples dos casos se torna uma travessia interminável pelo deserto. Muitas vezes, para despertá-la, tudo de que precisamos é de um bom rapport, um abraço de coach ou uma mera palavra certa na hora certa – algo que nenhum bom coach deixa de fornecer.

Outra mão na roda para que consigamos motivar a contento é o fato de que quase todas às vezes o efeito da motivação é prolongado, e basta que ela apareça uma única vez para que continue sendo retroalimentada ao longo de todo o processo. Mover é o terceiro M que, junto com Motivar e Metaforizar, forma a trinca de Ms das atitudes ericksonianas.

PSC

Mover é um termo autoexplicativo, que tem um sentido terapêutico igual ao semântico. Trata-se exatamente de agir, ir em frente, arregaçar as mangas, botar a mão na massa ou qualquer outro nome que queiramos dar ao que sabemos bem o que é. O trabalho de um coach é criar as condições para que esse movimento de mudança venha de dentro.

Já os dois Rs com que Milton Erickson trabalha são os Recursos e a Responsividade. No caso daquele já está bem claro que é todo o arsenal de que podemos dispor, como tratado acima. No caso deste, significa uma proporção no agir, uma atenção ao ritmo do paciente.

Na prática, esse pressuposto significa caminhar no ritmo de quem é o alvo do atendimento, estipulando tarefas de acordo com as capacidades do paciente ou coachee. Com um coach, o princípio é o mesmo. Faz pouco ou nenhum sentido estipular tarefas que sabemos que um coachee não cumprirá.

Transformar a realidade à nossa volta, desenvolver plena­mente as nossas potencialidades e alcançar resultados extraordi­nários são, em suma, algumas das possibilidades à mão quando resolvemos fazer um uso não comedido ou acanhado do nosso inconsciente. Uma vez acessado com esmero, ele só tende a nos trazer benefícios.